Tiradentes – Casa do Inconfidente Padre Toledo


Imagem: Iphan

A Casa do Inconfidente Padre Toledo, em Tiradentes-MG, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Casa à R. Padre Toledo, do Inconfidente Padre Toledo, atual Museu da Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade
Localização: R. Padre Toledo, nº 1 – Tiradentes – MG
Número do Processo: 431-T
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 295, de 04/08/1952
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 405, de 04/08/1952
Uso Atual: Museu de Tiradentes

Descrição: Não há documentação sobre a construção desta casa, residência do padre Carlos Correia de Toledo e Melo, presumindo-se que sua construção tenha se iniciado em 1777, imediatamente à sua chegada à paróquia. A primeira e única referência à casa, no século XVIII, encontra-se no “traslado” do sequestro dos bens do referido vigário, em 25 de maio de 1789, por ocasião da Inconfidência Mineira. As informações contidas neste documento esclarecem que o imóvel era propriedade particular do Padre Toledo, tinha cavalariças, oficinas, e que a casa vizinha do lado direito pertencia ao Pe. Bento, irmão de Carlos Toledo. Do mesmo documento infere-se ainda que naquela época já existia o sobradinho ou torreão da casa, que supunha-se ser de época posterior.
Padre Carlos de Toledo, vigário da Freguesia de Santo Antônio de São José del Rei, teve ação destacada na Conjuração Mineira. Segundo tradição oral, os conjurados se reuniam nesta casa, havendo mesmo um túnel secreto (cuja saída estaria marcada por retângulo de tijolos no assoalho de madeira de um dos corredores), por onde passariam os conspiradores, burlando a fiscalização dos Dragões do Rei. Segundo consta, havia no salão um altar diante do qual os revoltosos juravam fidelidade à causa. Com o fracasso da revolta o Padre Toledo escondeu-se na serra de São José, sendo posteriormente capturado e exilado para Lisboa, onde ficou preso na Fortaleza de São Julião e depois num convento, onde veio a falecer. em 1804.
Sua casa em Tiradentes era considerada uma das melhores da época, tendo contratado pintores para decorar os tetos em estilo rococó, com temas mitológicos ao gosto dos poetas árcades mineiros. O mobiliário era igualmente de qualidade, assim como a prataria, quadros, louças de Lisboa e da Ïndia e uma valiosa e extensa coleção de livros de vários autores. Todos os seus pertences ficaram depositados em mãos do capitão Antônio Vidal Riforte, e devem ter sido leiloados, ignorando-se o destino dos mesmos. Em 1892, o imóvel passou a servir de residência ao Juiz de Direito de Tiradentes, Dr. Edmundo Pereira Lins, que ali residiu até 1897. Em 1880, um grupo de republicanos visitou a casa do Pe. Toledo que, à época, acreditava-se ser a casa de Tiradentes, realizando-se ali uma sessão cívica e de propaganda da república e, de acordo com o jornal “A Pátria Mineira”, órgão republicano de São João del Rei, estas “romarias” cívicas se intensificaram no final do Império.
Em 1907 a casa foi comprada pelo capitão Policarpo Rocha, que a doou, em 1917, à municipalidade, através de escritura pública passada em cartório. Após ampla reforma, passou a abrigar o Fórum que ali permaneceu até 1959. Criada a Prefeitura, em 1930, esta passou a funcionar no mesmo prédio. O imóvel passou por restaurações empreendidas pelo IPHAN em 1942/43 e em 1962, esta com vistas à instalação do Seminário Diocesano de São Tiago que ali permaneceu por pouco tempo. Nesta reforma, foram construídos os anexos para cozinha, banheiro, lavanderia e garagens. Posteriormente o imóvel serviu de sede à Congregação Sacre Coeur de Marie. e, finalmente foi entregue em 1971 pela Câmara Municipal de Tiradentes à Fundação Rodrigo Melo Franco de Andrade, que nele fez instalar o “Museu Padre Toledo”, com acervo composto de mobiliário, escultura e pintura, recolhido no Museu da Inconfidência, Museu Regional de São João del Rei, Casa da Baronesa (Ouro Preto), além de peças doadas por particulares. A instalação do Museu só se tornou possível após a completa restauração promovida por convênio firmado entre a Fundação Rodrigo Melo Franco, FIAT Automóveis e IEPHA/MG em 1981/82.
O grande solar é um casarão de um só pavimento, apresentando na fachada janelas de guilhotina com ombreiras e vergas curvas em pedra-sabão, molduradas com filete. A cornija e os cunhais de pedra limitam bem o corpo principal, coroado por telhado em quatro águas. O corpo elevado, agregado à parede do lado direito é acréscimo posterior, mas que não compromete nem desfigura o solar. Verifica-se aí, entretanto, diferença no modelo das janelas, de ombreiras e vergas de madeira e execução menos apurada que as de pedra-sabão. Nesse corpo da casa o beiral no telhado alto é em cachorros.
Internamente a casa possui 18 salas, incluindo os corredores e o salão superior. Os forros são quase todos em gamela, com aba, moldurados e decorados com pinturas diversas e originais, destacando-se a sala dos “Cinco Sentidos” representando olfato, o paladar, o tato, a audição e a visão. Na antiga sala de jantar, a pintura do teto se manifesta com decoração em frutas. Após análises comparativas, elaboradas por técnicos do IEPHA/MG, foi levantada a hipótese da participação de três artistas na decoração da casa, em épocas distintas da segunda metade do século XVIII e de princípios do XIX, pois todos os forros da parte inferior, a exceção de um, apresentam as mesmas características na resolução das rocailles, flores e ramos. Já os forros do andar superior, apesar de estilisticamente se aproximar dos demais do andar inferior, as rocailles, flores e ramos apresentam uma decoração com tratamentos dos ornatos diferenciados. No torreão, na sala inferior, a pintura se apresenta nitidamente diferente das demais, seja em traços ou em tons, já apresentando sinais de decoração neoclássica.
Fonte: Iphan.

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