Caratinga – Igrejinha de São João


Imagem: Prefeitura Municipal

A Igrejinha de São João foi tombada pela Prefeitura Municipal de Caratinga-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Caratinga-MG
Nome atribuído: Igrejinha de São João
Outros Nomes: Igreja de São João Batista
Localização: R. Major Carlos Teixeira, s/n – Caratinga-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 011/1998

Descrição: Primeira igreja do município, erguida no ano de 1870 em terras doadas pelos irmãos Joões, fundadores da cidade. A obra é atribuída ao padre Maximiniano João da Cruz, 1º pároco de Caratinga. Hoje é um dos raros exemplares da arquitetura do século XIX. Sua simplicidade nos remete a um passado de dificuldades dos primeiros anos de colonização de Caratinga. Possui apenas uma nave, as paredes são desprovidas de qualquer ornamento e no fundo, o altar-mor em madeira, abriga a imagem primitiva de São João Batista, padroeiro da cidade. Os traços mineiros podem ser observados na singeleza do imóvel com seus balaústres rendilhados do coro. pode ser considerado o bem tombado mais importante do município.
Fonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais.

Pontos de referência: Saindo do Ponto Zero (Praça Cesário Alvim), contornar a Praça e virar na Av. Benedito Valadares. Depois, virar no primeiro semáforo à esquerda (Rua Raul Soares) e após isso, virar no primeiro trevo à esquerda, chegando na rua João Pinheiro. Antes de Chegar na FIC, virar à esquerda.
Fonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais.

Projeto de restauração: A Igrejinha de São João é um dos principais remanescentes do século XIX em Caratinga, retoma o início da nossa história. Pode ser considerada o bem tombado mais importante do município. Foi feito um mapeamento, de forma digitalizada, um projeto de meses de elaboração, de acordo com as normas para patrimônios, e agora será restaurada para atender a comunidade por muitos anos”, comenta o secretário de Cultura, Esportes, Lazer e Políticas para a Juventude, Nelson Sena.
De acordo com o arquiteto, o bem, tombado como Patrimônio Cultural material do município no final da década de 90, foi reconstruído e inaugurado em 1978 e passou por uma restauração no ano de 2002, porém a construção já se encontra em estado crítico novamente. “Fizemos o levantamento métrico-arquitetônico, a planta, que não existia, o diagnóstico do estado de conservação e o mapeamento de danos encontrados no edifício até o momento. Identificamos fissuras, lodo, madeiras e paredes trincadas, pilares começando a ceder e cupim em algumas vigas de madeira”, diz Leonardo.
A proposta de intervenção inclui desmontagem do telhado e do forro, remoção e substituição das paredes que estão condenadas, tratamento contra insetos em todo sistema de madeira, remoção e substituição de todo o reboco que esteja desprendendo ou apodrecido, reconstrução das paredes, telhado e forro, além da pintura nas cores originais. “O projeto prevê a manutenção da maior quantidade possível de material original e o uso de materiais similares ou de natureza renovável, para preservação da autenticidade”, explica o arquiteto.
Para a turismóloga e conselheira Rogéria Lima a restauração da Igrejinha de São João é uma questão urgente. “É um Patrimônio Histórico e Cultural de Caratinga, representa a história do município e não podemos deixar que esta tradição acabe. O projeto ficou bem detalhado e vai atender as necessidades do imóvel. O próximo passo para o Conselho é definir o que será feito no local após a restauração”.
Fonte: Prefeitura Municipal.

História do município: Caratinga possui uma geografia típica dos Mares de Morros mineiros, isto é, uma área acidentada dos planaltos dissecados e cobertas por florestas estacionais semi-deciduais. Este ambiente geográfico é cortado pelo Rio Caratinga, que foi, como afirma Lázaro Denizart do Val, por onde, em 1841, chegou aqui Domingos Fernandes Lana, a procura de Poaia, um planta de grande valor medicinal:
Com a influencia resultante do bom preço da poaia e em procura da mesma, partindo das proximidades da atual cidade de Abre Campo, com alguns índios, deliberou penetrar os serões nas regiões dos rios Matipó e Sacramento Grande, alcançou as nascentes do rio Caratinga, prosseguiu por onde é hoje a atual cidade desse nome, dobrou pelas aguadas do rio Manuassu , chegando até o local denominado Cuieté.
Esta citação é uma das mais antigas sobre o início de nossa história. Foi feita por Antônio Caetano do Nascimento, filho daquele que é considerado o fundador de Caratinga. Teria sido Domingos Fernandes Lana que, impressionado com a enorme quantidade de “um tubérculo alimentício chamado caratinga (cará branco), deram aos montes que a esta dominam o nome de serra da Caratinga”. Surgia, assim, o nome de nossa cidade, provavelmente já chamada dessa forma pelos nativos que aqui residiam.
De fato, antes da chegada destes desbravadores, aqui residiam dois grandes grupos de nativos. Um nômade, que seguia as águas do rio Caratinga até o rio Doce, e voltavam sempre que os alimentos ou o tempo os obrigasse – eram os bravos Botocudos, que foram aquartelados e praticamente dizimados. O outro grupo era de nativos, os chamados Purís, ou Bugres, que habitavam esta região, se alimentado do próprio cará branco, da caça e da pesca. Foram de grande importância na localização de nossa cidade.
A data de 24 de junho de 1848, a que a tradição se refere Dia da Cidade, tem como base o mesmo relato de Antônio Caetano do Nascimento:
Em 1848, entrou João Caetano do Nascimento, em Caratinga, com seus filhos maiores, muito patriota e de relação com Domingos Fernandes de Lana… (de quem requereu) Bugres, e com seus companheiros, João da Cunha, João José e João Antonio de Oliveira, fez picada até Sapucaia… chegando à localidade que é a atual cidade deste nome em 23 de junho de 1848. Festejaram o dia de São João com uma grande fogueira e, nesse mesmo dia ofereceram uma posse para patrimônio desse santo, que é a atual cidade.
Como se vê, na verdade, quem primeiro desbravou nossa terra foi Domingos Fernandes Lana, e não João Caetano do Nascimento, como geralmente se afirma.
Nossa cidade, desde os anos de sua fundação até quando foi elevada a cidade, teve um crescimento incipiente e irregular. A construção da Capela de São Batista e a vinda do primeiro religioso, o Padre Maximiano João da Cruz, forma destaques neste período. Lazadro do Val, afirma que “era a pequena capela, inacabada e tosca, o único sinal de civilização da terra, que permanecia segregada e inóspita”.
Esta situação somente viria a mudar após a nossa emancipação política de Manhuaçu, a quem pertencíamos, em 1890. Com a Proclamação da República, sobressaiam em nossa cidade o trabalho de vários “republicanos históricos”, dentre os quais é preciso destacar José Cristino da Silveira, Tobias Manassés Viana e Symphrônio Fernandes. Segundo Lázaro do Val, esta tríade e mais alguns outros republicanos organizaram um comício no alto do Itaúna e, no dia 30 de setembro de 1889, “saudaram com enorme foguetório” a futura República do Brasil. Quando ele esteve em nossa cidade, em campanha pelo regime republicano, João Pinheiro havia prometido que se a mesma fosse implantada conseguiríamos nossa emancipação. E de fato, três meses após a implantação da República, isto ocorreu.
Aliás, este foi um dos primeiros atos de Cesário Alvim, a saber, a criação do município de Caratinga em 06 de fevereiro de 1890. Esta é a data que nossa cidade deveria comemorar seu aniversário. Este novo município já nascia com números estatísticos consideráveis, pois, segundo dados da época, Caratinga possuía 10.572 Km e uma população de cerca de 25.000 habitantes.
Nosso primeiro poder constituído, a Câmara Municipal, pois na época não havia ainda a figura do prefeito, foi empossada em 7 de março de 1892, permanecendo até 1894, e tendo como presidente Symphrônio Fernandes.
Até 1930, nossa história foi marcada pelo domínio do que se convencionou chamar, na história do Brasil, de coronelismo. De fato, aglutinados em duas denominações partidárias chamadas de “caranguejo” e “bacurau”, eles se alternaram no poder até o fim da República Velha na década de 1930. Alguns grandes nomes e grandes acontecimentos marcaram este período, tais como os “Silva Araujo”, notadamente Antônio e Raphael, líderes dos caranguejos, e Joaquim Monteiro de Abreu (nosso primeiro deputado) e José Antônio Ferreira Santos (Santos Mestre).
A principal realização foi, sem dúvida, a restauração da Comarca, em dois de dezembro de 1917, com a maior festa popular desde a fundação de nosso município. A comarca havia sido suprimida em 1912, voltando a pertencer a Manhuaçu.
Texto: Nelson Sena Filho.
Fonte: PrefeituraMunicipal.

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