Fortaleza – Santa Casa de Misericórdia


Imagem: SeCult

A Santa Casa de Misericórdia foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Santa Casa de Misericórdia
Localização: R. Barão do Rio Branco, nº 20 – Centro – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.041/2012

Descrição: A Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza foi idealizada ainda no início do século XIX pelo Bispo de Recife e Olinda, Dom João da Purificação Marques Perdigão. Contudo, a construção do referido Hospital no Largo do Paiol, em terreno doado por Dona Maria Guilhermina Gouveia – espaço denominado, em 1824, de Largo da Misericórdia e Praça dos Mártires, devido a Confederação do Equador, reconhecido atualmente por Passeio Público (1880) – só ocorreu a partir de 1847, com recursos oriundos de doações da corte imperial (Rio de Janeiro) para ajudar a sanar os problemas sociais e políticos causados pela seca de 1845, e por ordem do Presidente da Província, Ignacio Correia de Vasconcellos. As obras foram administradas por Juvêncio Manuel Cabral de Menezes, Antônio Teles de Menezes, João Batista de Castro e Silva, Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, comendadores; e Antônio Ferreira (Boticário Ferreira), intendente municipal.

A edificação, a princípio, denominada de Hospital da Caridade, foi concluída em 1857, vislumbrando-se estrutura composta por um andar térreo. Após essa data, passa cerca de quatro anos fechada por motivos financeiros, dispondo-se para o funcionamento do Liceu do Ceará.

Com a instalação da associação religiosa Irmandade da Misericórdia entre 1860 e 1861 na capital da província cearense, o Hospital da Caridade passa a se chamar Santa Casa de Misericórdia e é oficialmente inaugurado em 19 de Setembro de 1861, tendo como provedor o Presidente da Província, no caso, Antonio Marcelino Nunes Gonçalves, o Pe. Luiz Vieira Delgado, na capelania e, no final da década de 1860, as Irmãs de Caridade, que atuaram na promoção dos serviços de cozinha, enfermagem, limpeza e de orientação religiosa para população mais desvalida e marginalizada.

A Santa Casa de Fortaleza, ainda nos primeiros anos de existência, ofereceu amparo religioso aos doentes; administrou o Cemitério São Casemiro, em 1860; o Cemitério São João Batista, a partir de 1866; proporcionou serviço funerário a partir de 1875, aplicando os rendimentos na construção do Asilo de Alienados; e, em 1872, instalou uma farmácia, por recomendação da Assembleia Legislativa local.

Ao longo do século XX essa casa de saúde tornou-se cada vez mais presente na cidade de Fortaleza, pois, implementou e abrigou uma maternidade (1928), um serviço de pronto-socorro (1932-1936), o hospital escola da Faculdade de Medicina/UFC (1957), e um ambulatório de prevenção do câncer ginecológico (1992), dentre outros serviços sociais associados aos processos de cura de caráter missionário, religioso e medicinal, intercedidos pelas pequenas verbas dos órgãos públicos estaduais, municipais e por arrecadações e patrocínios de entidades particulares, como o Rotary Clube de Fortaleza.

Desse modo, a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, mesmo em constante crise financeira, continua cumprindo o papel de zelar pela saúde do corpo e da alma da população pobre, apelando para o bem-estar divino e solidário de categorias sociais mais afortunadas, reforçando a tradição das associações religiosas, como foi o caso da Irmandade da Misericórdia, na conquista e ocupação do território católico desde a colonização do Brasil. Assim, fez-se pertinente o tombamento municipal da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, por ser considerada lugar ímpar da sociabilidade histórico arquitetônica fortalezense e cearense.
Fonte: SeCult.

Descrição: Fica tombamento, em caráter definitivo, o imóvel localizado na Rua Barão do Rio Branco, nº 20, no Bairro Centro, nesta capital, denominado SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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