Montenegro – Prédio da Antiga Viação Férrea


Imagem: Iphae

O Prédio da Antiga Viação Férrea, em Montenegro – RS, foi inaugurado em 1909 e, com ele, toda a primeira parte do ramal até Carlos Barbosa.

IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
Nome Atribuído: Prédio da Antiga Viação Férrea
Localização: R. Osvaldo Aranha, nº 2158/2170 – Montenegro-RS
Número do Processo: 00.197-25.00/83
Portaria de Tombamento: 01/83
Livro Tombo Histórico: Inscr. Nº 19, de 25/04/1983
Publicação no Diário Oficial: 13/06/1983

Descrição: Sítio ferroviário de Montenegro: Área de terras de 45.765 m², no lado ímpar da R. Osvaldo Aranha, entre os imóveis nº 2067 e 2449, e dois imóveis no lado par da rua. Propriedades da RFFSA, localizadas no lado ímpar da Rua Osvaldo Aranha; prédio principal da antiga estação, em alvenaria (592 m²); prédio do antigo restaurante, em madeira (207 m²); escritório (telegrafia e controle de trens), com estrutura em trilhos (330 m²); armazém (depósito de mercadorias), em alvenaria e cobertura de telhas planas (676 m²); duas residências de ferroviários, em alvenaria (147 m² e 154 m ²).
Os prédios localizados à Rua Osvaldo Aranha, nº 2158 e 2170, que eram a antiga Farmácia e Cooperativa, ambos em alvenaria, foram adquiridos da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea, em 1989, pela Prefeitura Municipal.
Em 1898, o governo do Estado mandou abrir concorrência para o prolongamento da estrada de ferro Porto Alegre – Novo Hamburgo, com os objetivos de aumentar o tráfego e a renda daquela linha e dotar a região colonial de Caxias do Sul com uma via de transporte mais adequada ao seu crescente desenvolvimento. No ano seguinte, pelo Decreto Estadual nº 230, de 09 de março foi concedido a Marcínio José de Matos, vencedor da concorrência, o privilégio para a construção do ramal de Novo Hamburgo a Caxias do Sul. Paralelamente a isto autorizava-se, no final do mesmo ano (1899), o prolongamento de Novo Hamburgo até Taquara, o que atenderia ao primeiro objetivo acima mencionado, ou seja, o de aumentar o tráfego da Linha Porto Alegre – Novo Hamburgo. Em 1904 o traçado do ramal para Caxias do Sul foi alterado, transferindo o ponto de partida de Novo Hamburgo para Montenegro, o que permitiria a abrangência de um maior número de localidades.
Com a ampliação dos contratos de arrendamento entre o governo federal e a Auxiliaire, em 1905, estabeleceu-se a incorporação dos ramais de concessão estadual, entre os quais o de Caxias do Sul. O governo estadual seria indenizado pelos gastos já efetuados com a construção até o momento da incorporação e a Cia. Auxiliare ficaria responsável pela continuidade das obras. Em 1909 foi inaugurada a primeira parte composta pelos trechos Rio dos Sinos – Montenegro – Maratá; Maratá – Barão e Barão – Carlos Barbosa; a segunda parte, de Carlos Barbosa a Caxias do Sul, em 1910. Nessa mesma fase concluía-se a ligação da margem do Taquari à capital, através do trecho Barreto- Montenegro – Rio dos Sinos, finalizando assim a Linha Porto Alegre – Uruguaiana. O trecho Barreto – Montenegro, que era conhecido como “Ligação”, fazia a conexão com a Linha Porto Alegre- Novo Hamburgo na estação de Neustadt (Rio dos Sinos), em São Leopoldo.
A Estação Montenegro foi inaugurada em 1909 e com ela toda a primeira parte do ramal até Carlos Barbosa, com as seguintes estações: (Portão, Azevedo, Pareci – trecho entre a estação Rio dos Sinos e Montenegro) Montenegro, Santos Reis, Vitória, Maratá, Esperança, Linha Bonita, São Salvador ( Salvador do Sul ), Barão e Carlos Barbosa. Esta estação teve importância destacada por ser entroncamento do ramal Montenegro – Caxias do Sul com a Linha Porto Alegre – Uruguaiana. A partir de 1937, com a construção da variante Barreto – Diretor Pestana , a linha Porto Alegre – Uruguaiana foi encurtada, não passando mais por Montenegro.
A estação de passageiros foi inaugurada em 02 de julho de 1909. No mesmo ano foram construídos os prédios do armazém e das oficinas, formando o conjunto original de três edificações. O prédio da estação conservou suas características até a década de 1930, havendo porém o acréscimo de uma cobertura no acesso, com acabamento de lambrequins, e pequenas modificações internas. Na década de 1940 houve uma grande “”modernização”” arquitetônica, com o acréscimo de um pavimento e mudanças nas fachadas e cobertura.
O armazém servia de depósito para as mercadorias transportadas, sendo o elemento característico de uma das principais funções da ferrovia: o comércio. Sua estrutura permitia a passagem de vagões por seu interior, através de dois portões, o que facilitava a carga e descarga.
Alguns anos depois, em data não identificada mas antes da década de 1930, foi construído, em madeira, o prédio do “” Buffet “” ou restaurante. Por volta de 1928 foi construído outro edifício para escritório e telegrafia, cuja estrutura aparente em trilhos de ferro, é bastante curiosa e excepcional . Em 1929, houve modificações na Estação e a construção de privadas.
As casas destinadas aos ferroviários residentes (mestre de linha e agente) foram construídas ao fundo do terreno, em data ainda não identificada.
Desativado na década de 1960, com a decadência do sistema ferroviário, o sítio foi sendo invadido, ocupado e depredado, e as edificações deterioraram-se. Desde 1981 havia um forte movimento da comunidade local para a sua preservação. O arquiteto local Pedro Ernesto Bühler elaborou naquele ano o “” Projeto de Reaproveitamento da Antiga Estação Ferroviária””. A partir daí, o movimento foi se intensificando, culminando com o tombamento e com o contrato de comodato com a RFFSA, em 13/02/1986. Em 1989, através de um termo aditivo, a Prefeitura assumiu também como comodatária. Passaram-se alguns anos sem novas iniciativas e com a contínua degradação do patrimônio. Em 1998 o assunto foi retomado com a elaboração do projeto já citado via LIC.
Do grande armazém ou depósito só restam as paredes. A cobertura ruiu e o prédio foi depredado e saqueado.Em 2003 o prédio do antigo telégrafo foi desocupado pelos moradores, e logo após um incêndio destruiu grande parte do imóvel. O prédio principal da estação de Montenegro foi reinaugurado no dia 1º de dezembro de 2006, após concluídas as obras de restauração; o segundo prédio a ser recuperado foi o antigo telégrafo, em 2008.
Fonte: IPHAE.

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Estações ferroviárias
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