Santa Bárbara – Igreja de Santo Amaro


Imagem: Iphan

A Igreja de Santo Amaro, de Santa Bárbara-MG, foi erigida em 1727. Construção característica da primeira metade do século XVIII.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja de Santo Amaro
Localização: Distrito de Brumal – Santa Bárbara – MG
Número do Processo: 242-T-1941
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 248-A, de 30/08/1941
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.

Descrição: O atual distrito de Brumal, pertencente ao município de Santa Bárbara, surgiu nos primeiros anos do século XVIII, quando o sertanista Antônio Bueno descobriu as minas de Brumado. Como o ouro era escasso, Bueno e seus companheiros abandonaram o local e fundaram a duas léguas adiante, às margens do Ribeirão de Santa Bárbara, o arraial de Santo Antônio de Santa Bárbara. Apesar da exiguidade do ouro, o antigo arraial de Brumado, como era denominado, se consolidou em torno da Capela de Santo Amaro, construída por iniciativa de Amaro da Silveira Borges, morador do arraial.
Em petição datada de 14 de fevereiro de 1727 que encaminhou a D. Frei Antônio de Guadalupe, Bispo da Diocese do Rio de Janeiro, Amaro da Silveira Borges solicitou licença para erigir uma capela, alegando estarem os moradores muito distantes da matriz. A 5 de março do mesmo ano, Amaro da Silveira Borges e seus descendentes receberam do Bispo do Rio de Janeiro o direito de jazigo perpétuo, verificando-se que, naquela época, já havia edificado no referido lugar, uma capela coberta de telha com seu coro, púlpito e paramentada dos ornamentos necessários, conforme consta no Livro de Documentos e Inventários da Capela de Santo Amaro – 1738-1807. Constata-se ainda pelo mesmo documento que, em 2 de fevereiro de 1738, a capela possuía o altar-mor e os colaterais.
Reformas e complementações acompanharam a Igreja de Santo Amaro de meados do século XVIII a meados do século XIX, começando em 1759 pela substituição de uma das paredes, possivelmente de adobe, por outra de pedra, além da colocação de esteios, recolocação de telhas e pequenos consertos generalizados. Em 1764 encontrava-se em obras gerais de reparação, mas devidamente paramentada para a celebração do culto. Em 1770, a igreja recebeu acréscimo de seis janelas dos corredores, duas portas grandes e dois esteios na torre, contratados com Estevão Toscano Barreto. Ocorreu no mesmo ano a execução dos sinos, bem como a arrematação do frontispício. Em 1775, foram empreendidas obras para reconstrução da calçada. A partir deste ano, até inícios do século XIX, tornaram-se frequentes as despesas relativas a consertos nos telhados e pequenos serviços gerais.
A inexistência de elementos documentais impossibilita o devido esclarecimento sobre a autoria das obras de ornamentação. Existem apenas algumas referências a prováveis obras de reparo nos retábulos entre 1782 e 1788 e nos painéis do forro, em 1792, os quais não se encontram mais no lugar de origem. No século XX, a igreja não sofreu reformas substanciais, mantendo suas características originais, embora sua conservação tenha sido comprometida pelo tempo. O primeiro registro de obras localizado no século XX refere-se ao ano de 1950, quando o IPHAN iniciou trabalhos de recuperação da igreja. Tais trabalhos consistiram basicamente no término de uma das torres, serviços na capela-mor, consertos no telhado, substituição de uma parede da fachada e pintura a óleo. Em 1792, novas intervenções foram executadas devido ao péssimo estado de conservação em que se encontrava o monumento, tendo uma de suas torres sido atingida por uma raio. Ao que tudo indica, a intervenção se limitou a reformas parciais na parte externa da igreja.
Em 1982, vistoria realizada pelo IPHAN identificou graves problemas estruturais de desalinhamento dos pés de esteio e dos pisos de campas,deslocamentos das molduras e forrações em madeira. Desta forma, em 1988, foram realizadas obras gerais de recuperação da igreja, incluindo a restauração de elementos artísticos.
Internamente, a Matriz de Brumal conserva um dos melhores exemplares de conjunto ornamental da primeira fase do barroco mineiro, tanto pela homogeneidade do conjunto quanto pela qualidade das peças. Os três retábulos, juntamente com a decoração do arco-cruzeiro, compõem a parte escultórica. As pinturas em cores sóbrias e representações pictóricas estáticas, caracterizam os primeiros trabalhos do gênero. À esta decoração, somam-se os ricos emolduramentos dos painéis e frisos ornamentais, com volutas e arabescos em fundos floridos. Destacam-se ainda, o púlpito único em painéis de madeira com pintura decorativa, o cancelo de jacarandá torneado, a balaustrada do coro, algumas peças do mobiliário e a imaginária antiga em madeira policromada.
Fonte: Iphan.

IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
Nome atribuído: Núcleo Histórico do Distrito de Brumal
Localização: Distrito de Brumal – Santa Bárbara-MG
Resolução de Tombamento: Decreto Nº 29.399, de 21 de abril de 1989
Livro do Tombo de Belas Artes
Livro do Tombo Histórico, das Obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos

Descrição: Surgido no contexto da mineração do século XVIII, o arraial originou-se a partir da construção da Igreja de Santo Amaro, erigida em 1727. A igreja possui o tipo de construção característico das igrejas mineiras da primeira metade do século XVIII. Como parte integrante do núcleo, temos a Capela de Nosso Senhor dos Passos construída em 1865. O núcleo urbano surgiu ao redor da Matriz de Santo Amaro, e tem suas edificações – em sua maioria de um pavimento – construídas no mesmo nível e alinhamento das ruas.
Fonte: Iepha.

Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural – Prefeitura Municipal de Santa Bárbara (CPC – PMSB)
Resolução de Tombamento: 20 de janeiro de 2009
Processo de Tombamento
Descrição: O Núcleo Histórico Urbano de Brumal constitui um bem de relevante interesse histórico e cultural do município de Santa Bárbara, sendo constituído pela Igreja de Santo Amaro, a praça homônima e edificações de pequeno porte distribuídas em seu entorno. A origem histórica do distrito de Brumal insere-se nos processos de exploração aurífera que deram início à ocupação do território que atualmente conforma o Estado de Minas Gerais em princípios do século XVIII. Isso atesta a importância do distrito também para a história regional de Minas Gerais, e não somente para a história local de Santa Bárbara. Esta, por sua vez, tem suas raízes diretamente relacionadas à chegada dos bandeirantes paulistas em Brumal nos primeiros anos do século XVIII. De acordo com relatos históricos, o bandeirante Antônio da Silva Bueno, considerado o “descobridor” das minas auríferas de Santa Bárbara e o fundador do primitivo arraial que deu origem à cidade, teria aportado primeiro no lugar onde atualmente encontra-se o distrito de Brumal. Descontente, contudo, com os achados auríferos de Brumal, que a princípio teriam se mostrado pobres, teria prosseguido viagem, deparando-se, em seguida, com as riquezas do ribeirão de Santa Bárbara, ali se estabelecendo.
O referido evento teria dado origem ao nome primitivo do distrito – Brumado –, proveniente da palavra “broma”, empregada outrora para designar perda ou engano, mistificação ou desaparecimento de ouro na lavra que se supunha rica. Entretanto, apesar desse episódio inicial da história de Brumal, teria sido tão constante a riqueza mediana das minas do Brumado, que um populoso arraial teria se estabelecido no local já na primeira metade da década de 1700. A riqueza ornamental da Igreja de Santo Amaro, que obteve licença para sua edificação em 1727, testemunha a profusão aurífera da localidade, sendo um indício da prosperidade experimentada pelos moradores na época da ocupação daquele território.
Ressalte-se ainda, a relevância do Núcleo Histórico Urbano de Brumal como patrimônio histórico-cultural mineiro, não somente em seus valores tangíveis, mas também intangíveis. Neste sentido, ele apresenta-se como um marco fundamental no estabelecimento e preservação de relações e tradições locais, consistindo significativo espaço de convivência da comunidade, onde são realizadas as principais celebrações do distrito, como a tradicional Cavalhada de Brumal, realizada há mais de setenta anos na Praça de Santo Amaro, as diversas procissões de celebrações religiosas e outros festejos populares. Ademais, a presença do conjunto urbano na constituição da identidade e da memória da população também é marcada por antigas lendas e costumes do distrito muito presentes no imaginário local.
A importância histórica, cultural e artística do Núcleo Histórico Urbano de Brumal foi parcialmente reconhecida pelo governo federal em 1941, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), apenas quatro anos após a criação da instituição, institui a Igreja de Santo Amaro como patrimônio nacional, tombando-a e registrando-a no Livro de Belas Artes. Em 1989, o conjunto arquitetônico de Brumal foi reconhecido em toda sua amplitude, tendo sido tombado e integrado ao Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Minas Gerais pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG). Diante do exposto, conclui-se que o tombamento municipal do Núcleo Histórico Urbano de Brumal constitui mais uma importante ação afirmativa em defesa da preservação desse bem de importância definitiva na formação histórica e cultural de Santa Bárbara e Minas Gerais.
Fonte: Processo de Tombamento.

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MAIS INFORMAÇÕES:
Patrimônio de Influência Portuguesa


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