Serro – Igreja do Bom Jesus de Matozinhos


Imagem: Iphan

A Igreja do Bom Jesus de Matozinhos, em Serro-MG, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja do Bom Jesus de Matozinhos
Localização: Largo de Matozinhos – Serro – MG
Número do Processo: 319-T-1942
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 229, de 14/01/1944
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 296-A, de 14/01/1944

Descrição: Situada numa encosta na confluência das ruas General Pedra e Matozinhos, esta igreja foi construída no final do século XVIII, embora a escassez de fontes documentais não nos permita historiar as diversas etapas de sua edificação. Ignora-se, assim, a data precisa do início de sua construção, bem como a autoria do projeto arquitetônico e dos trabalhos de ornamentação. A primeira notícia que se tem acerca desta igreja é fornecida pelo historiador Cônego Raimundo Trindade, que informa ser o seu fundador o tenente José Ferreira de Vila Nova Ivo que, em 1781, justificou judicialmente a respectiva instituição. Aires da Mata Machado em seu relatório de pesquisa realizado em 1941, para o IPHAN, afirma ter encontrado uma alusão à existência desta igreja num livro de assentamento datado de 1785. Entretanto, julgam os historiadores que a data mais concreta sobre a história deste templo, no século XVIII, é a de 1797, inscrita em medalhão da pintura do forro da capela-mor, que atesta o estágio adiantado da construção – pelo menos desta parte do edifício -, pois refere-se ao término dos trabalhos de decoração interna.
De acordo com informações fornecidas por Dario A. F. da Silva nas suas “Memórias Sobre o Serro Antigo”, os devotos de São Benedito chegaram a requerer, em 1784, provisão para erguer sua capela própria destinada a abrigar a imagem de Nossa Senhora das Mercês, mas não se sabe os motivos tal iniciativa não se concretizou. Parece que os confrades das Mercês, agrupados na sua associação desde 1735 e que se reuniam comumente na capela do Rosário, desistiram do projeto de uma igreja particular para a Irmandade, passando a colaborar na construção da igreja do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, sob a condição de ali se instalarem definitivamente. É o que, aliás, realmente se verifica, de acordo com as anotações dos livros da Irmandade, atualmente em depósito no arquivo do Palácio Arquiepiscopal de Diamantina, bem como se depreende dos registros das principais despesas relativas à igreja, no século XIX, quando já se acha sob a tutela dos Irmãos de São Benedito e de Nossa Senhora das Mercês. Durante todo o século XIX, os Irmãos se viram às voltas com constantes trabalhos de reforma e reedificação. Em 1830, por exemplo, a igreja estava ameaçada de ruína.
Deste ano até 1845, vários registros informam sobre obras executadas: pintura, assoalhamento, assentamento dos altares da nave (1835), construção da sacristia do lado do Evangelho (1843) e reconstrução da do lado da Epístola (1845), sendo que estas últimas foram ajustados com o pedreiro Manuel Borges de Souza obedecendo ao seu próprio projeto. Em 1874 e 1877, a igreja voltava a necessitar de reparos gerais, tendo sido solicitado auxílio financeiro ao Governo da Província, com o intuito de realizar, com urgência o trabalho de conserto da torre. Uma notícia de jornal datada de 1886, informa sobre a “reconstrução” do templo às expensas do doutor Jaoquim Vieira de Andrade.
Posteriormente, em 1907, a sempre e imprescindível necessidade de obras de conservação levou os Irmãos de São Benedito a venderem os ornamentos e imagens do acervo, fato este que está registrado no Livro de Inventário da confraria. Entre 1918 e 1924 foram feitas sucessivas reformas nas torres e telhados e, nos anos de 1962/63 e 1971/72, outras intervenções internas e externas tiveram lugar, sob a orientação e responsabilidade do IPHAN.
A igreja possui adro protegido por arrimo e seu acesso é feito através de escadaria de pedra. Sua planta, muito simples, apresenta nave, capela-mor e anexos laterais correspondentes às sacristias em corredor. O conjunto forma um retângulo irregular, apresentando ligeiro arqueamento das paredes externas das sacristias entre as torres e o arco-cruzeiro. Na construção ou reconstrução dessas sacristias não se obedeceu a ordenação geral do edifício, podendo-se notar, além da estruturação diferente dos vãos, o avanço dos respectivos telhados contra as janelas da nave e os óculos da capela-mor. Construída em taipa e madeira, apresenta cobertura em duas águas, beiradas laterais em cachorros e cunhais e guarnições dos vãos em madeira. Possui torres quadradas com telhados arqueados por galho de contrafeito, frontão de linhas retas com óculo redondo e quatro janelas rasgadas por inteiro, sendo duas localizadas nas torres.
Internamente, apresenta pisos em campa e tabuado largo, forros abobadados em tabuado liso, cimalhas de madeira e coro simples com balaustrada em madeira torneada. As sacristias-corredores se ligam à nave e à capela-mor por arcadas abertas, ao que tudo indica, por ocasião de alguma reforma, pois suas voltas interferem nas bases de painéis e figuras, ali existentes, secionando-os parcialmente. Possui três altares, todos de autoria não identificada, executados ao gosto rococó. Na capela-mor pode-se apreciar um conjunto de pinturas de excepcional qualidade, cuja autoria é atribuída por Rodrigo Melo Franco de Andrade a Silvestre de Almeida Lopes. nas pinturas murais, pelo menos uma das cenas – a Adoração dos Pastores – foi identificada por Luís Jardim, como baseada em gravura de um missal editado em Antuérpia, em 1744. O conjunto de talha e pintura conferem ao interior da igreja um aspecto de grande harmonia e unidade.
Texto extraído de: Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados. VITAE/IPHAN.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Iphan
Patrimônio de Influência Portuguesa
Wikipedia


Comentários

  1. Bom dia, estive ontem na cidade de Serro. Não conhecia, fiquei encantado com a hospitalidade. Visitei durante o dia essa igreja. Muito bela porém há necessidade urgente de ser restaurada o mais breve possível.

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