Tiradentes – Capela de São João Evangelista


Imagem: Iphan

A Capela de São João Evangelista, em Tiradentes – MG, teve sua construção iniciada por volta de 1750/60, pela Irmandade de São João Evangelista dos Homens Pardos.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Capela de São João Evangelista
Localização: R. Padre Toledo – Tiradentes – MG
Número do Processo: 66-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 478, de 27/01/1964
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.

Descrição: Face à inexistência de documentação, quase nada há sobre a construção da capela, sabendo-se apenas que a Irmandade de São João Evangelista dos Homens Pardos foi fundada por volta de 1740, na igreja matriz e funcionava no altar do Descendimento onde existe uma imagem de São João ao pé da cruz. Desta Irmandade só restaram os livros de termos de entrada de Irmãos. Parece que a Irmandade funcionou na matriz até o final do século XVIII, tendo a construção da capela própria se iniciado por volta de 1750/60, com recursos provenientes dos Irmãos. Na capela de São João Evangelista foi criada, em 1812, a Irmandade de São Francisco de Assis dos Pardos, que segundo parece, teve breve duração, e a confraria de Nossa Senhora das Dores, fundada por volta de 1816 ou 1817, que teria construído o altar colateral de Nossa Senhora das Dores e o oratório da sacristia, onde se guarda a imagem processional sob sua invocação. D. Frei José da SSm.ª Trindade, em seu relatório de visita pastoral de 1824, faz uma pequena descrição da capela, inferindo-se deste documento que o retábulo de Nossa Senhora das Dores foi refeito no primeiro quartel do século XIX e, que o de Nossa Senhora dos Remédios é posterior a 1824, uma vez que a descrição do referido retábulo por ele feita naquela ocasião, não corresponde ao atual que é semelhante ao de Nossa Senhora das Dores. Não há mais registros documentais sobre a igreja, a não ser referências de pequenas compras de objetos no início do século XX e pedidos de esmolas para reformas na igreja, em 1923. Parece que nesta época a Irmandade promoveu reformas no telhado, paredes e pintura. O assoalho da capela-mor deve ter sido reformado no mesmo período, com o desmonte das campas e colocação de tábuas estreitas formando losango em duas cores. Em 1961/62, a igreja passou por ampla restauração efetuada pelo IPHAN, para a instalação da capela do Seminário Diocesano São Tiago que funcionou na casa Padre Toledo, ao lado. Nesta época, as laterais foram transformadas em salas de aula, com substituição dos forros e assoalhos e a adaptação do antigo depósito de materiais de construção, ao fundo, para auditório, ocupado pelo Instituto Histórico e Geográfico desde 1979. Data deste período a dispersão do acervo da igreja. As velhas palmas e ornamentos tradicionais foram substituídos por objetos decorativos modernos, assim como móveis, alfaias e paramentos. Seguida da Matriz, a igreja de São João Evangelista é a maior igreja da cidade de Tiradentes. É toda construída em taipa de pilão, com grossas paredes, embasadas em socos de cantaria, com todos os vãos de verga curva, a exceção das quatro janelas abertas nos fundos da igreja, em 1962. Os beirais superiores da nave e capela-mor são de cachorros em grande balanço e os inferiores (laterais) e da frontaria são em beira-seveira. A planta obedece ao esquema comum em Minas, com nave retangular e capela-mor mais estreita, ladeadas por cômodos laterais e um grande salão por trás da capela-mor. A fachada principal é bastante simples, marcada por quatro cunhais largos, porta de verga curva encimada por duas janelas à altura do coro e óculo na empena, que é triangular, sem decoração, com arremates em beira-seveira. Dois corpos laterais completam a fachada, sendo que à esquerda se instalou o sino. Duas seteiras iluminam o acesso ao coro e sineira. A decoração interior conta com o retábulo do altar-mor, bastante alto, pintado de branco, com talha característica de pelo menos três épocas distintas, parecendo ter sido montado com talha de um retábulo mais antigo. Atrás tem inscrita a data de 1864. Os dois altares colaterais apresentam talha rococó, sendo o de Nossa Senhora das Dores dourado e branco, datável do primeiro quartel do século XIX, podendo-se atribuir sua autoria ao entalhador Salvador de Oliveira. O retábulo fronteiro, de época posterior, assemelha-se ao de Nossa Senhora das Dores, embora de talha inferior. O arco-cruzeiro, de grandes proporções, é decorado com talha rococó de boa qualidade e é coberto por ampla sanefa policromada. O coro possui balaustrada torneada de gosto setecentista, assim como a mesa de comunhão em balaústres recortados típicos do século XIX. Na sacristia há um oratório de Nossa Senhora das Dores, cujo retábulo parece ter sido aproveitado de um Passo da Paixão, visto que é igual aos retábulos dos três Passos mais antigos. As duas portas transversais da nave são entalhadas ao gosto rococó. A pintura da igreja, provavelmente do mesmo autor, é de gosto popular em cores fortes. É constituída por medalhão. no forro da capela-mor, duas telas nas ilhargas, quatro painéis na nave, além das cimalhas marmorizadas. O conjunto de imaginária é certamente de um mesmo santeiro, devendo datar de fins do século XVIII ou início do XIX. É constituído por excelente escultura, com policromia ao gosto rococó. Cabe registrar o desaparecimento das imagens de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora dos Remédios, três castiçais e uma cruz, ocorrido em dezembro de 1994, ainda não recuperados.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

PANORAMA 360 GRAUS

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