Varginha – Antigo Banco do Comércio e Indústria de MG


Imagem: Prefeitura Municipal

O Antigo Banco do Comércio e Indústria de MG foi tombado pela Prefeitura Municipal de Varginha-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Varginha-MG
Nome atribuído: Imóvel à praça Matheus Tavares nº 156 – atual Jornal Sul de Minas / antigo Banco do Comércio e Indústria de MG
Localização: Praça Matheus Tavares, nº 156 – Varginha-MG
Homologação do Tombamento: 03 de março de 2000

Descrição: O Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais – o maior banco privado nacional de 1940 a 1946 – já nasceu grande. No início de 1923, um grupo de comerciantes e industriais de Belo Horizonte decidiu criar um banco para atender seus interesses.
É interessante investigar como se deu a acumulação prévia do capital empregado no empreendimento. Em geral, o capital em Minas era originário do capital comercial, de capital rural (fazendas) ou então dos benefícios derivados de paternalismo político, quer dizer, através do Estado. Pela limitação das oportunidades econômicas no restante do Estado, a capital construída a partir de 1897 constituiu um “novo horizonte” para a acumulação de capital e, portanto, um polo atrativo para os empresários mineiros originários do interior. O grande industrial mineiro, em geral, iniciou suas atividades no setor têxtil, mantendo ao lado da fábrica uma casa de comércio. Possuía um caráter comercial o empreendimento industrial. Posteriormente, diversificou suas atividades, ou adquirindo terras, ou voltando-se para metalúrgicas. Esse era o traço comum. O empreendimento econômico possuía feições tradicionalistas, os participantes eram ligados através de laços de parentescos. Inclusive, a ascensão social via casamento com jovens de tradicionais famílias mineiras era característica. O papel da especulação imobiliária na formação das grandes fortunas em Minas era também marcante.
Os principais fundadores do Banco Comércio e Indústria não fogem a essa regra biográfica. A família Guimarães tinha sua fortuna originária de fazenda. Em 1886, fundou a Cia. Cachoeira dos Macacos, uma das mais antigas fábricas de fiação e tecelagem de Minas Gerais, com 80 teares, à base de “poupanças pessoais” de “lavradores amigos”. Outra fábrica têxtil da família – a Cia. Industrial de Belo Horizonte – foi fundada em 1906. Em 1917, fundou, juntamente com 20 acionistas, a Cia Siderúrgica Mineira com fábrica em Sabará. Em 1921, associou-se com um grupo belga do setor de aciaria, transformando-a na Cia. Belgo-Mineira, a primeira unidade integrada de alto forno e laminação do Brasil. Finalmente, em 1923, Cristiano Guimarães fundou o Banco, ao lado de Sebastião Augusto de Lima, cuja ascensão seria enquadrada no caso de paternalismo político.
Fonte: Fernando Nogueira Costa.

Descrição: Em função da efervescente vida comercial de Varginha, nas décadas de 1920 e 1930 novas edificações foram erguidas junto à área da Estação Ferroviária. O imóvel construído na década de 1930 em estilo eclético, possui predominância de elementos neoclássicos: janelas em arco pleno, platibanda e cimalhas escondendo o telhado, detalhes decorativos em massa, capitéis coríntios, tudo representando o progresso e a pujança da cidade. O andar térreo abrigou, a partir de 1934 e até o final dos anos 50, o Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais que, juntamente com o Banco do Brasil, instalado no prédio ao lado, muito contribuiu para o desenvolvimento da cidade. Até hoje é conservado o que resta de seu esmerado piso de ladrilho hidráulico, numa bela composição com o restante do piso em peroba. De propriedade particular, continua servindo como residência no andar superior.
Fonte: Fundação Cultural de Varginha.

Histórico do município: Portugal somava 3 milhões de habitantes. A economia girava em torno da agricultura e extração mineral, movidas à base de escravos. Dentro desse contexto surge Espírito Santo das Catanduvas, um arraial no Sul de Minas com cerca de mil pessoas. A criação do povoado é toda influenciada pela religiosidade e pelos costumes portugueses. O trânsito de tropeiros no Sul de Minas era permanente. Entretanto, o desenvolvimento do núcleo ainda era lento.
Em 1832, a população de Varginha era de exatos 1.855 habitantes, um crescimento de 85%, tímido para duas décadas e meia. A Igreja adquiriu as áreas no centro da futura cidade, que pertenciam ao casal DonaThereza Clara Rosa da Silva e capitão Francisco Alves da Silva.

Durante 43 anos Varginha foi um curato (aldeias com condições necessárias para se tornar o distrito de um município). As principais obras que marcam esse período são as construções de igrejas (Matriz do Divino Espírito Santo e Rosário).
Em 1º de junho de 1850, o curato foi elevado à paróquia (ou freguesia, onde estão os fregueses da paróquia).
Varginha experimentaria, então, o primeiro surto desenvolvimentista. Foram construídos os primeiros prédios públicos, como as duas primeiras escolas públicas e a cadeia.

O segundo boom desenvolvimentista da cidade advém do fim da escravatura. Para substituir a mão-de-obra escrava, é firmado um acordo com a Itália, onde vários imigrantes deslocam-se de sua terra natal para o Brasil. A passagem era paga pelo governo brasileiro, em troca de cinco anos de trabalho na lavoura.
Em 1888 a recém-criada cidade de Varginha recebeu a maior leva de imigrantes, 1.020 no total. Eram 806 italianos (toscanos, lombardos e venetos procedentes, em sua maioria, de campos e aldeias), mais portugueses, espanhóis, turcos e alemães. Radicaram-se em Varginha, escrevendo uma das mais importantes páginas da história da cidade.
O principal impulso dos imigrantes ocorreu inicialmente na agricultura. As duas culturas significativas eram a cana-de-açúcar e o café. A pequena vila contava com 113 estabelecimentos de beneficiamento de café no começo do século XX. Em 1933, a cidade contava com seis engenhos e uma produção de 2 mil toneladas de cana-de-açúcar.

O terceiro momento relevante do desenvolvimento de Varginha acontece com o início do funcionamento da linha férrea em Varginha, em 1892 (no mesmo local onde está o prédio atual da estação ferroviária). A cidade recebia suas primeiras empresas e o movimento era intenso. São dessa época duas obras básicas de infraestrutura: as primeiras obras de calçamento e a iluminação pública, de gás acetileno e postes de metal.

Com o aumento da população, surgem opções de lazer, na rua da Chapada (onde hoje fica o calçadão da Wenceslau Braz). O Theatro Municipal é inaugurado em 1904; seis anos depois, no mesmo local, é aberto o Cinema Brasil, talvez o primeiro do sul de Minas Gerais. Foi instalado pelo empreendedor capitão Pedro da Rocha Braga. A máquina era gerada por motor a querosene e desligada durante algumas sessões pela quantidade de fumaça. O cinema era itinerante, e o motor era levado em carro de boi a algumas cidades próximas.
Em 1913 a Empresa Telefônica Varginhense interligava 150 aparelhos na cidade.

Aos poucos o perfil da economia agrícola vai cedendo espaço, ainda de forma tímida, para a indústria.
Segundo os documentos que registram a história do município, o progresso de Varginha foi intensamente impulsionado após 1925, com a visita do presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. Na ocasião, o presidente assumiu um empréstimo no valor de 2.500 contos de réis, o equivalente a cem fazendas. O empréstimo possibilitou a terraplenagem e reestruturação completa da cidade, com o asfaltamento das principais ruas, iniciando em definitivo o processo de urbanização.

Nesse período surgiram importantes instituições para Varginha: os colégios Marista e Santos Anjos; Banco do Brasil; Hospital Regional do Sul de Minas; e a Associação Comercial de Varginha.
Em 1929, a quebra da Bolsa de Nova Iorque acentua a crise do café no Brasil. Nosso país fica atolado com uma produção de 21 milhões de sacas, bem maior do que a demanda. O governo dos Estados Unidos desiste do empréstimo de 50 milhões de dólares para os cafeicultores brasileiros. Apesar das dificuldades que sempre marcaram a cafeicultura, e mesmo neste momento particular, o café sempre foi considerado importante propulsor da economia local. Com o tempo, a indústria cafeeira (beneficiamento e exportação) ultrapassou a produção (lavoura) na cidade.

Varginha começa a se expandir. Novos bairros surgem. O primeiro deles, a Vila Barcelona, formado em sua maioria por operários.
A cidade ainda se restringia ao “miolo” do centro. As casas terminavam na avenida Major Venâncio, no “Areião” (Fátima), na Vila Barcelona e nas Três Bicas. Bairros como Catanduvas, Jardim Andere, Bom Pastor ainda não existiam e eram considerados zona rural.
Começam a ser criadas regionais dos governos estadual e federal. A era do ensino superior tem início em 1965, com a primeira escola de ensino superior – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Nos anos seguintes são criadas a Faculdade de Direito de Varginha, Faculdade de Ciências Contábeis e de Administração, a Faculdade de Engenharia Mecânica e a Fepesmig, que se tornou, depois, Centro Universitário do Sul de Minas. Mais recentemente, Unifenas e Unifal.
Fonte: IBGE.

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