Alagoa Grande – Estação Ferroviária


A Estação Ferroviária, em Alagoa Grande-PB, foi tombada por sua importância cultural para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Estação Ferroviária de Alagoa Grande
Localização: Alagoa Grande-PB
Decreto de Tombamento: Decreto n° 22.082, de 03/08/2001

Descrição: E na vila paraibana de Alagoa Nova, em 1922, tudo parecia mudado com a preparação, a partir da vizinha cidade de Alagoa Grande, do terreno onde seriam instalados os trilhos que rumavam em sua direção. Se a vila se manteve por muito tempo esquecida, como se não passasse de um verdadeiro “calcanhar de Judas”, finalmente foi lembrada e, “em boa hora, veio a estrada de penetração. * E eis que tudo (…) cheira a progresso: faltavam só escoadouro seguro para os productos locaes, fácil acesso aos estranhos que julgam talvez Alagoa Nova uma meia dúzia de casas velhas, arruinadas e imprestáveis”. Com o advento da estrada de ferro, “o comércio se
reanima” e “novas construções se esboçam”.

* Referência à Estrada de Ferro que, partindo da cidade de Alagoa Grande, no brejo paraibano, deveria atravessar Alagoa Nova, Esperança, Pocinhos, seguindo em direção ao sertão paraibano, devendo encontrar os trilhos que, vindos na direção contrária, interligariam Ceará e Paraíba. (Cf. ALMEIDA, José Américo de. A Paraíba e seus problemas. 3ª ed. – João Pessoa: Secretaria de Educação e Cultura, 1987, pp. 354-355).

E, no entanto, esse trecho ferroviário tornou-se um dos inúmeros ramais fantasmas de que se tem notícia na região. Sim, pois nenhum trem de ferro jamais chegou à cidade, embora se tenha criado toda uma expectativa a esse respeito. Se o ramal Alagoa Grande–Alagoa Nova é do tipo “que não leva a lugar nenhum”, a exemplo de certo ramal perdido na vastidão do Pantanal Matogrossense, “registro patético dessas ferrovias fantasmas que palmilham a história econômica do país (…)”, não há que negar a perspectiva aludida, embora frustrada quando se descobriu que não havia qualquer rastro do trem de ferro. O fato é que o ramal ferroviário Alagoa Grande-Alagoa Nova jamais foi concluído.

Entretanto, a simples abertura dos trabalhos, com a construção de “de túneis, cortes, aterros e pontes exigiam a presença de engenheiros, técnicos especializados e médico para a prestação de assistência a numerosos operários de mão-de-obra não especializada, conhecidos por cassacos”. Com isto, o comércio local se beneficiou indiretamente com a construção da estrada: “a circulação monetária injetada na economia da vila determinava grande afluência às feiras dos domingos, havendo abundância de mercadoria exposta”.
Fonte: Gervácio Batista Aranha.

A primeira concessão: A princesa Isabel, em 15 de dezembro de 1871, assinou o Decreto nº 4.838, concedendo aos conselheiros Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, deputado geral Anísio Salatiel Carneiro da Cunha e André Rebouças, o privilégio de construir e explorar a estrada de ferro Conde D’Eu, ligando a sede da Província à vila de Alagoa Grande, com ramais para as de Ingá e Independência (antigo nome da cidade de Guarabira). Essa concessão não vingou. Em 1880, foi iniciada a construção da estrada de ferro. O historiador Horácio Almeida registra que “o progresso entrou na Paraíba pela linha de ferro. Por onde apitava o trem uma emoção nova nascia: a do progresso econômico, mas foi coisa de pouca monta, porque a área beneficiada era demasiado exígua”. Em 1881, foi inaugurado um trecho de 30 km ligando João Pessoa à localidade Entroncamento, em Sapé. Era a Companhia Estrada de Ferro Conde D’Eu, do Brasil Imperial, detentora da concessão.
Fonte: CBTU.

A república e a Great Western: Onde o trem chegava, a vida mudava. De Entroncamento, a estrada se bifurcava para o norte, chegando até Mulungu, em 1882, e em 1884, à Guarabira, de onde prosseguiu para Nova Cruz, no Rio Grande do Norte e daí, até Natal. Ao sul, parou em Pilar, em 1883. “Houve maior demora em fazer a ligação da capital ao porto do Cabedelo, numa extensão de apenas 18 km, realizada em 1889. Proclamada a República, os trabalhos pararam. O único trecho construído em onze anos do regime republicano foi o de Mulungu a Alagoa Grande, inaugurado em 1901, numa extensão aproximada de 25 km”. Em julho de 1901, o Governo Federal arrendou a ferrovia à empresa inglesa Great Western Railway, que construiu um ramal de Pilar a Timbaúba, em Pernambuco e completou o trecho de Guarabira a Nova Cruz, no Rio Grande do Norte. Em 1907, o trem chegou a Campina Grande. “A estrada de ferro onde fazia ponta dava vida ao lugar. Se passava adiante, levava consigo o progresso. Itabaiana cresceu quando o trem ali chegou. Estacionou, senão decresceu, quando os trilhos se prolongaram até Campina Grande. Os lugares que ficavam marginalizados, ao longo da estrada, sem vias de acesso, como Mamanguape e Areia, caíram estagnados”.
Fonte: CBTU.

Histórico do município: O município de Alagoa Grande é uma cidade da Região do Brejo da Paraíba que antes era parte integrante do município de Areia até meados do século XIX, quando se tornou independente como cidade. O ano de 1864 é considerado como o ano de sua fundação, mas em 1847 já havia passado de povoado a distrito. Foi emancipada politicamente em 21 de outubro de 1864, sendo instalada, como vila, em 26 de julho de 1865. Em 27 de março de 1908, Alagoa Grande foi elevada à categoria de cidade. Por conta desta última data muitos acreditam que o município completou 1 século de emancipação no ano de 2008, quando na verdade já decorreram 147 anos deste fato histórico.
Esta era uma região que cresceu muito no século XIX, através da agricultura baseada na cana-de- açúcar (que destruiu a Mata Atlântica do lugar, desfigurando a cobertura vegetal) que utilizava intensivamente a mão-de- obra escrava. Em seu centro ainda existem casarões que ainda hoje testemunham esse momento de grandeza econômica do município, que foram construídos por escravos. Embora a cidade tenha se estagnado economicamente ao longo da segunda metade do século XX (com a população ao invés de aumentar, diminui, principalmente por causa do êxodo para as grandes cidades). Alagoa Grande tem um grande potencial turístico que pode ser economicamente explorado, trazendo divisas para o município (tanto o turismo histórico, quanto o turismo rural e ecológico). Neste município se localiza a comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, herança dos negros que ajudaram no crescimento econômico e cultural da cidade.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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