Alagoa Grande – Teatro Santa Inês


Imagem Governo do Estado

O Teatro Santa Inês, em Alagoa Grande-PB, foi tombado por sua importância cultural para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Teatro Santa Inês
Localização: R. Dom Pedro II, n° 330 – Alagoa Grande-PB
Decreto de Tombamento: Decreto n° 7.922, de 29/01/79

Descrição: A irrupção do golpe militar de 1964 impingiu uma severa perseguição ao teatro, ao cinema, à música e à imprensa. Instalou-se um clima de terror com atores, autores teatrais, cantores, jornalistas e compositores sendo perseguidos, presos, torturados e, em alguns casos, mortos. Na Paraíba, não foi diferente. O saudoso cineasta paraibano Linduarte Noronha chegou a ser preso por adquirir uma câmera cinematográfica de procedência russa.

Considerado uma atividade subversiva, uma espécie de “escola para formar comunistas”, o teatro sofreu todo tipo de violência. Montar peças teatrais e realizar festivais tornou-se perigoso. Com isso veio o consequente desestímulo, aliado ao medo, e o movimento teatral chegou quase a se extinguir em João Pessoa. Poucos se arriscavam.

Em Alagoa Grande, a 111 quilômetros de João Pessoa, um grupo de jovens, capitaneados pelo saudoso Agnaldo Marques, em 1966, resolve reativar o vetusto Teatro Santa Ignez, inaugurado em 1905, o terceiro mais antigo do Estado, mas que se encontrava desativado e, praticamente, destruído. Quase três toneladas de lixo e entulhos foram retirados.

Foi montado “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna e, em seguida, o Santo e a Porca, também de Suassuna. Funcionário do Banco do Nordeste do Brasil – BNB, Agnaldo Marques foi transferido. Coincidentemente chega à Comarca de Alagoa Grande, o jovem juiz Amaury Ribeiro de Barros, com sua mulher Cryselide Barros, um dos maiores talentos do teatro brasileiro contemporâneo.

Cryselide se entrosa com o grupo e passa a integrar o elenco que, com sua presença, passa a ter projeção nacional. De início a mencionada atriz arrebata o “Prêmio de Melhor Atriz”, em festival de teatro estadual, realizado em João Pessoa, como protagonista de “A Derradeira Ceia”, de Luiz Marinho.

A crônica especializada, sobretudo com os saudosos jornalistas Jurandy Moura, Virgínus da Gama e Melo e Antônio Barreto Neto, tecem generosos comentários e reconhecem os talentos de Cryselide Barros e do ator alagoagrandense Javancy Celso.

Natural de João Pessoa, não foi difícil para Criselyde arregimentar para Alagoa Grande os melhores atores, atrizes, autores e diretores teatrais paraibanos da época, a exemplo das saudosas atrizes Nautília Mendonça e Lucy Camelo, do saudoso ator, comediante, diretor e autor, Ednaldo do Egypto e do também saudoso teatrólogo Altimar de Alencar Pimentel. O professor universitário José Flávio, aposentando da UFPB, dirigiu uma das últimas montagens de Cryselide, no referido município, denominada “Isabel do Sertão”, de Luis Jardim. A peça foi bastante premiada.

Sintonizada com o cotidiano de Alagoa Grande, onde ministrava aulas, se articulou com os adolescentes e chegou a criar dois grupos teatrais: Teatro de Estudantes de Alagoa Grande – TEAG (composto pelos atores veteranos) e a Juventude Teatral de Alagoa Grande – JUTAG (integrando adolescentes).

O público de Alagoa Grande passou a ser assíduo ao Teatro Santa Ignez que, praticamente todo mês, estreava uma peça. Isso porque, quando os veteranos apresentavam um espetáculo, os jovens ensaiavam uma montagem. Importante salientar que ninguém recebia nada. Também não havia patrocínio. “Tudo era feito no peito e na raça, mas com idealismo”, conforme diz o hoje desembargador aposentado Amaury Ribeiro.

Com a transferência de Amaury para a Comarca de Campina Grande, o movimento teatral de Alagoa Grande entrou em declínio. O velho teatro foi novamente fechado em 1972. Em 1979 foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP. O telhado chegou a ruir posteriormente. No dia 27 de março de 1999 o Teatro Santa Ignez foi reaberto, completamente restaurado.

Construído num estilo italiano, o Teatro Santa Ignez reflete um período de aquecimento econômico decorrente da produção de açúcar, aguardente de cana, rapadura, algodão e agave. Sob o impacto das crises que assolaram o mundo com eventos como a Primeira Guerra Mundial, a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, e a Segunda Guerra Mundial o cenário foi reconfigurado.

A crise econômica inviabilizou a contratação de companhias de teatro que se apresentavam em Alagoa Grande. Um dos prefeitos da cidade propôs a derrubada do teatro para a construção de uma cocheira para os cavalos que se deslocavam para a feira livre, aos sábados.

Tal intento não foi realizado em decorrência de uma campanha realizada pelo saudoso teatrólogo alagoagrandense Waldemar Nazeazeno que denunciou o fato à imprensa, o qual teve grande repercussão. Atualmente o Teatro Santa Ignez é o maior símbolo cultural de Alagoa Grande.
Texto: Josinaldo Malaquias.
Fonte: Governo do Estado.

Histórico do município: O município de Alagoa Grande é uma cidade da Região do Brejo da Paraíba que antes era parte integrante do município de Areia até meados do século XIX, quando se tornou independente como cidade. O ano de 1864 é considerado como o ano de sua fundação, mas em 1847 já havia passado de povoado a distrito. Foi emancipada politicamente em 21 de outubro de 1864, sendo instalada, como vila, em 26 de julho de 1865. Em 27 de março de 1908, Alagoa Grande foi elevada à categoria de cidade. Por conta desta última data muitos acreditam que o município completou 1 século de emancipação no ano de 2008, quando na verdade já decorreram 147 anos deste fato histórico.
Esta era uma região que cresceu muito no século XIX, através da agricultura baseada na cana-de- açúcar (que destruiu a Mata Atlântica do lugar, desfigurando a cobertura vegetal) que utilizava intensivamente a mão-de- obra escrava. Em seu centro ainda existem casarões que ainda hoje testemunham esse momento de grandeza econômica do município, que foram construídos por escravos. Embora a cidade tenha se estagnado economicamente ao longo da segunda metade do século XX (com a população ao invés de aumentar, diminui, principalmente por causa do êxodo para as grandes cidades). Alagoa Grande tem um grande potencial turístico que pode ser economicamente explorado, trazendo divisas para o município (tanto o turismo histórico, quanto o turismo rural e ecológico). Neste município se localiza a comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos, herança dos negros que ajudaram no crescimento econômico e cultural da cidade.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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