Baía da Traição – Igreja de São Miguel


Imagem: Governo do Estado

A Igreja de São Miguel, em Baía da Traição-PB, foi tombada por sua importância cultural para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Igreja de São Miguel
Localização: Vila de São Miguel – Baía da Traição-PB
Decreto de Tombamento: Decreto n° 8.658, de 26/08/1980

Descrição: A igreja de São Miguel Arcanjo, edificada entre os séculos XVII e XVIII, é símbolo da presença católica dos colonizadores portugueses, significando o relevante marco da ocupação territorial do Brasil.
Tombada em 1980, pelo IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba), constitui um espaço privilegiado, na memória da população local. Seu valor simbólico está associado à religiosidade, aos mitos que fundamentam a construção de aspectos importantes da identidade cultural Potiguara, ligada ao processo de colonização naquela região. A própria localização da edificação é indício das estratégias utilizadas pelas lideranças religiosas estrangeiras, provavelmente, para estabelecer relações de poder e de sociabilidade, quando adentraram o território indígena, em seus esforços de dominá-los e de “civilizá-los”.
Fonte: Governo do Estado.

Histórico do município: Durante as primeiras décadas do século XVI, o litoral paraibano era muito frequentado pelos franceses, na sua maioria a serviço do grande armador Jean Ango, visando ao tráfico do pau-brasil. A Baía da Traição é um dos núcleos de povoamento europeu mais antigos da Paraíba. Começou a ser ocupada pelos normandos, que ali fundaram uma feitoria visando ao comércio do pau-brasil, abundante na região, além de um fortim, sendo combatidos pela expedição guarda-costas portuguesa liderada pelo navegador Cristóvão Jaques. Os franceses conseguiram a amizade e a confiança dos potiguares, incentivando-os na luta contra os portugueses, vistos pelos silvícolas como um inimigo e invasor de suas terras. Essa aliança franco-indígena dificultou a ação colonizadora dos portugueses, causando grandes conflitos e motivando a ida àquela praia de figuras das mais expressivas na história da Paraíba, entre as quais Martim Leitão, João Tavares e Duarte da Silveira. Estes queimaram várias aldeias, destruíram navios franceses e fortificações existentes nesta cidade, que até hoje abriga uma aldeia indígena em suas terras.
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Após a pacificação dos potiguares, em 1599, depois de 25 anos de luta, durante os quais milhares de índios perderam a vida, a Capitania Real da Paraíba entrou em pleno desenvolvimento, efetuando-se a consolidação da conquista. Na Baía da Traição, deu-se início ao seu povoamento, formado de colonos portugueses e de nativos que se dedicaram às atividades agrícolas e pesqueiras. Em junho de 1625, uma esquadra holandesa composta de 34 navios e cerca de 600 soldados e tripulantes sob o comando do almirante Edam Boudeyng Hendrikson desembarcou na Baía da Traição. Os silvícolas que habitavam a região receberam os holandeses amigavelmente, oferecendo-lhes os seus serviços. Os portugueses que residiam na localidade fugiram para as matas, de onde seguiram para a sede da capitania. Durante a sua permanência naquela praia, os holandeses fizeram várias incursões pelo interior, chegando até Mataraca e Mamanguape. Cientes do ocorrido, tropas de Pernambuco e da Paraíba, comandadas pelo capitão Francisco Coelho de Carvalho, após sucessivos ataques, forçaram a retirada dos holandeses. Os potiguares pagaram caro pela sua hospitalidade, sendo terrivelmente massacrados, inclusive velhos e crianças. Os que sobreviveram fugiram para a Serra da Copaoba e para o Rio Grande do Norte. Alguns conseguiram embarcar na esquadra rumo à Holanda, entre os quais o Pedro Poti, que lá permaneceu cinco anos. Após a expulsão dos holandeses do Brasil, a povoação entrou em desenvolvimento, tornando-se um dos maiores produtores da Paraíba. Ficaram famosas as redes tapuaramas, tecidos pelas mulheres da localidade, conhecidas no Brasil pela sua beleza e durabilidade.
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Os franceses, visando à exploração do pau-brasil, fundaram uma feitoria na baía da Traição, que funcionou como ponto de convergência de todo o madeiramento abatido naquela região. Para a sua defesa, ergueram um fortim. Estas edificações foram destruídas por Martim Leitão, na época da conquista portuguesa da capitania da Paraíba. Posteriormente, por determinação real, foi instalado um forte no local ainda denominado Forte, sobre o histórico Alto do Tambá, de onde se podia descortinar e defender a barra e a enseada da baía da Traição. O referido forte foi guarnecido por soldados vindos do Forte de Santa Catarina do Cabedelo e artilhado com peças de ferro, vindas de Portugal, acredita-se que após a sua ocupação pelos neerlandeses, em 1625. Nenhum vestígio dessa fortificação chegou até nós, a não ser alguns dos antigos canhões, dos quais dois exemplares se encontram na sede municipal.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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