Barbacena – Palácio da Revolução Liberal


Imagem: Google Street View

O Palácio da Revolução Liberal, antiga Casa de Câmara e Cadeia, construção típica da época colonial é anterior ao de 1789 quando foi adquirida pelo Senado da Câmara.

Prefeitura Municipal de Barbacena-MG
Nome atribuído: Imovél situado à Praça dos Andradas denominado Palácio da Revolução Liberal onde funciona a Câmara Municipal
Outros Nomes: Palácio da Revolução Liberal ,Câmara Municipal
Localização: Praça dos Andradas – Barbacena-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 2269/1987
Uso Atual: Câmara Municipal

Descrição: O Palácio da Revolução Liberal de Barbacena, antiga Casa de Câmara e Cadeia, construção típica da época colonial é anterior ao de 1789 quando foi adquirida pelo Senado da Câmara de seu antigo proprietário, Sr. João Afonso Rodrigues, quando passou a ser usado para fins públicos. O projeto arquitetônico, embora não documentado, é atribuído aoconhecido construtor português José Fernandes Pinto de Alpoim, que fez fama como construtor dos grandes prédios públicos das Minas Gerais do séc. XVIII. Teve seu tombamento realizado através do Decreto n. 2269, de 12 de novembro de 1987, do Prefeito Municipal de Barbacena. Em 1796 a edificação foi comprada pelo Senado da Câmara daVila de Barbacena. Em 1883, o Padre José Joaquim Corrêa de Almeida escreveu em “Notícias da Cidade de Barbacena” e seu município, impressa na Tipografia Universal de H.Laemmert e Cia, no Rio de Janeiro. “O Paço da municipalidade, sobrado todo de pedra, está bem pintado empapelado e mobiliado, faltando apenas o normal retrado do Chefe do Estado”. O pavimento superior serve para as sessões da Câmara Municipal, júri, eleições e audiências, no interior, está o fórum, bem decente, com compartimentos para os diversos cartórios e para a biblioteca, que vai agora ser inaugurada, existindo já alguns livros doados.
Em 1979 , numa iniciativa do vereador Amarílio Andrade que presidia a Casa, foi promovida a Independência Econômica e Administrativa da Câmara, e a edificação teve a sua denominação mudada para Palácio da Revolução Liberal em memória a este levante de 1842, que marcou a história do município. Atualmente é sede da Câmara Municipal, já tendo sido ocupada pela Prefeitura. para a comunidade deste município, a edificação é de grande importância histórica, por ter sido palco de várias decisões políticas a nível municipal e nacional na época do Império e por onde passaram grandes personagens da história política brasileira. No início deste século, a fachada do prédio sofreu uma modificação na sua arquitetura, onde foi acrescida uma platibanda em estilo neoclássico e alguns desenhos em cima das portas das sacadas. Nos anos 70, o prédio foi restaurado, tendo estes elementos decorativos sido retirados, voltando assim ao seu aspecto original.

Arquitetura: O Palácio da Revolução Liberal, sobrado típico da época colonial é datado anterior a 1796, sendo projetado para ser a Casa de Câmara e Cadeia de Barbacena. Construção de linhas nobres e elegantes, define seus espaços em dois pavimentos construídos sobre o alinhamento da via pública e sobre os limites laterais do terreno. O casarão se destaca por suas belas proporções e domina o jardim da Praça dos Andradas, à sua frente.

“Muito Nobre e Leal Vila” Barbacena, por meio de sua câmara, foi a primeira vila de Minas Gerais a enviar representação a D. Pedro I , então regente, em favor do “Fico ” (9 de janeiro de 1822), em 11 de fevereiro de 1822, dirigiu-se a Câmara de Barbacena ao príncipe regente numa representação em que se propunha para ser a sede da Monarquia portuguesa e se ofereciam os barbacenenses para descer “em massa” ao Rio de Janeiro para tomar armas em defesa do Príncipe. Estes atos lhe valeram o título de “muito nobre e leal vila”, conferido por decreto, de 24 de fevereiro de 1823 e Alvará de 17 de março do mesmo ano.

Revolta dos liberais de 1842: Barbacena foi elevada a cidade pela Lei Provincial nº. 163, de 9 de Marçode 1840. Em 10 de junho de 1842, a cidade aderiu a Revolução Liberal. Instada pela Guarda Nacional e o povo, a Câmara Municipal declarou a cidade sede do governo da província e deu posse a José Feliciano Pinto Coelho da Cunha, depois Barão de Cocais, como “presidente interino da Província”. Depois deste episódio, ficaram presos vários dos revolucionários na “Cadeia Velha”, dentre eles o Conde de Prados, político do Império.
Dentre os barbacenenses que atuaram no movimento, além do Conde de Prados, Camilo Ferreira Armond , participaram o Cel. Marcelino Ferreira Armond , 1º Barão de Pitangui, os irmãos João Gualberto, Pedro Teixeira e Antônio Teixeira de Carvalho e o vigário Joaquim Camilo de Brito.
Fonte: Câmara Municipal.

Histórico do município: Antes da dominação europeia do atual território que delimita o município de Barbacena, a região era ocupada por grupos indígenas das etnias Puri, Coropó e Coroados. Os últimos remanescentes dos primeiros habitantes do que viria a ser a Comarca do Rio das Mortes foram percebidos por viajantes estrangeiros até a primeira metade do Século XIX. Mortos, expulsos de suas terras ou miscigenados e induzidos ao alcoolismo, pouco deixaram de seu mundo. Artefatos arqueológicos ainda hoje são encontrados na região. Nada mais restou deles.

Caminho Novo: A história da Vila de Barbacena tem início em 1698, quando o Capitão Garcia Rodrigues Paes, filho do bandeirante Fernão Dias Paes, abre um caminho mais curto para a ligação entre o Rio de Janeiro e o interior das Minas Gerais. Assim surgiu o primeiro núcleo colonial desta imensa região, no entroncamento dos Caminhos Velho e Novo, posteriormente, Estrada Real. Por este Caminho Novo não só passaram todas as riquezas do Ciclo do Ouro, como também vários episódios históricos, entre eles, a reação armada à invasão do Rio de Janeiro, pelo corsário francês Duguay-Trouin, em 1711, a Guerra dos Emboabas e a Inconfidência Mineira. Os locais referenciais dessa época são as Fazendas do Registro (hoje Sá Fortes) e Borda do Campo (hoje Antônio Carlos).

O Arraial da Igreja Nova: O nascimento do arraial começou pela construção capela consagrada a Nossa Sra. da Piedade que tornou-se matriz em 1726. A capela ainda permanece na Fazenda da Borda. Com a distribuição de muitas sesmarias na região, esta ficou pequena para o grande número de moradores da Borda do Campo, por isso decidiu-se pela construção de uma igreja maior, em terras da Fazenda da Caveira de Cima. A decisão se deu em 1725. Em torno desse templo, em 1753, foi autorizada a construção de casas. O arraial se expandiu à medida que pequenas casas comerciais se estabeleciam para atender os tropeiros que circulavam na Comarca do Rio das Mortes. Em 1791, com a exploração do ouro já em decadência, o então Arraial da Igreja Nova de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campolide, foi elevado à categoria de vila, recebendo o nome de Barbacena. Uma homenagem oportunista ao Visconde de Barbacena, nobre português que governava Minas Gerais. Esse acontecimento se deu simultaneamente aos desdobramentos da Inconfidência Mineira, denunciada em 1789. Cinco dos principais envolvidos no movimento, incluindo Joaquim da Silva Xavier e Joaquim Silvério dos Reis, tinham ligações com Barbacena. O dono da Fazenda da Borda do Campo, José Ayres Gomes foi expulso do Brasil, teve suas terras confiscadas e morreu esquecido em Moçambique, na África. O irmão de Tiradentes, Padre Antônio da Silva Santos e o delator Silvério dos Reis moravam na vila de Barbacena. O padre, na Rua Tiradentes, o traidor, na região do Pontilhão.

O nome: Barbacena é a denominação dada ao Arraial da Igreja Nova, quando de sua emancipação em 14 de agosto de 1791. Era o governador de Minas, Luiz Antônio Furtado do Rio de Mendonça, o Visconde de Barbacena que, em meio ao processo de repressão à Inconfidência Mineira, estava sendo pressionado pela população do Arraial a separá-lo do termo de São João Del-Rei. O nome de Barbacena significa, ‘Cabana de Bárbaros’ e é originário de uma aldeia de bárbaros localizada na atual região de Elvas, cidade portuguesa do Alentejo, que até hoje mantém um pequeno distrito com o mesmo nome. A família nobre que ostentava o titulo de senhores de Barbacena marcou a história brasileira com um Vice-rei, um governador da capitania do Rio de Janeiro, de Minas Gerais – o sexto visconde de Barbacena que deu o seu nome à cidade. O Visconde de Barbacena, apesar de ser visto historicamente no Brasil como o algoz dos Inconfidentes, era um nobre culto, especializado em mineralogia e ciências. De volta a Portugal, fez parte do grupo de nobres que não acompanhou a fuga da Corte Portuguesa, em 1808, quando Napoleão Bonaparte, dominou Portugal. Foi um dos interlocutores para garantir que não haveria ataques à população civil. Foi preso por Napoleão.

Independência e República: No século XIX, Barbacena continua como uma passagem estratégica para todos que se dirigem ao interior de Minas. Torna-se rota comercial importante e entreposto de víveres e escravos africanos. Com sua influência política consolidada, a Câmara Municipal de Barbacena tem participação ativa na movimentação pela independência do Brasil e mesmo chega a remeter carta a D. Pedro I, ofertando a cidade como capital do Brasil, em caso de ataques da metrópole ao Rio de Janeiro. Personagem de destaque deste período é o Padre Manoel Rodrigues da Costa, dono da Fazenda do Registro Velho, que viveu 92 anos. O suficiente para participar da Inconfidência Mineira, receber anistia da Coroa Portuguesa, participar da Independência, representar o Brasil nas Cortes Portuguesas, apoiar a maioridade de D. PedoII e apoiar a Revolução Liberal de 1842. Na maior parte do Século XIX, os grandes fazendeiros comandam a cidade econômica e politicamente. Os imperadores do Brasil, pai e filho visitaram Barbacena em várias épocas. D. Pedro I, concedeu à Vila, o título de “muito nobre e leal”. Mas a lealdade à monarquia brasileira não impediu que o Movimento Republicano ganhasse força entre a elite política local, mesmo com vários barbacenenses de famílias importantes como os Magalhães, os Lima Duarte, os Armond e outras, ocupando cargos importantes nos ministérios e na diplomacia brasileira. Ainda assim, o último monarca brasileiro visitou a cidade três meses antes da Proclamação da República. Aqui se formou um grupo paramilitar de jovens que se propunha a enfrentar Antônio Conselheiro, visto na época como antirrepublicano. Foi a “Centúria Republicana”.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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