Betim – Capela de Nossa Senhora do Rosário


Imagem: Dossiê de Tombamento

A Capela de Nossa Senhora do Rosário foi tombada pela Prefeitura Municipal de Betim-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Betim-MG
Nome atribuído: Capela de Nossa Senhora do Rosário
Localização: Praça do Rosário, s/n – Centro Antigo de Capela Nova – Betim-MG
Decreto de Tombamento:Deliberação: 3/02/1998. Inscrição no Livro do Tombo nº III. Publicado no “Minas Gerais – Diário do Executivo, Legislativo e publicações de terceiros”: 16/04/1998
Dossiê de Tombamento

Descrição: A Capela de Nossa Senhora do Rosário é um dos únicos exemplares da arquitetura do século XIX em Betim. Embora haja registros de pedidos de sua ereção por parte da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário desde o início daquele século, vai ser apenas em 1894 que suas obras são iniciadas. Segundo relatório do IEPHA, essa demora provavelmente se deveria à pobreza da Irmandade responsável pela construção. As obras terminam em 1897, tornandose a Capela de Nossa Senhora do Rosário desde então o centro de devoção dos negros em Betim, que ali se reuniam não apenas para missas, mas para festas como a de Nossa Senhora do Rosário (agosto) e do congado (setembro).
A edificação caracteriza-se em termos construtivos, por uma estrutura autônoma de madeira e vedação de adobe, com a cobertura em telhas do tipo “calha e bica”, com beirais em cachorrada. O frontispício apresenta três portas (Foto 22), sendo que o portal central é encimado por duas janelas de verga alteada e com balaustrada interna. E, entre elas, destaca-se um óculo em madeira (Foto 28). Sobre a cumeeira, vê-se um cruzeiro, também em madeira. Os vãos apresentam enquadramento e folhas em madeira, com vergas alteadas; as aberturas superiores são resolvidas através da caixilharia em madeira e vidro. A estrutura sineira lateral apresenta-se recoberta em telhas tipo“calha e bica”.
A nave principal apresenta forro em tabuado liso. As naves laterais têm o piso em tabuado corrido, janelas com verga alteada. Para acesso ao altar, nota-se a existência de um supedâneo em madeira, limitado por cancelas laterais e balaustradas em madeira torneada.
A capela é construída sobre porão alteado, cuja ventilação se faz através de rasgos horizontais na faixa do baldrame. Ligeiramente elevada em relação ao plano do adro, o acesso à capela faz-se por escadas com degraus em laje de pedra. A empena cega dos fundos corresponde à sacristia interiormente, acréscimo recente em alvenaria de tijolos. O altar e os nichos do retábulo são enquadrados e emoldurados através de perfis salientes em madeira.
A nave principal apresenta forro alteado em tabuado liso. Para acesso ao altar existe supedâneo em madeira limitado por cancelos laterais em balaustrada de madeira torneada. As naves laterais possuem piso em tabuado corrido, não são forradas e apresentam janelas com verga alteada. A recente sacristia mostra piso em cimento natado com corante verde, dois basculantes e não recebe forro. Seu estado de conservação é regular.

O entorno: Situada em ponto elevado de uma colina, a Capela de Nossa Senhora do Rosário encontra-se em posição de grande visibilidade e destaque no centro de Betim. Assim, por exemplo, é visível a partir do trecho final da Alameda Maria Turíbia de Jesus. A sua implantação se faz de forma dominante num amplo platô, configurando um adro retangular de generosas proporções, tendo à frente a declividade natural, em espaço ajardinado, a Praça Nossa Senhora do Rosário, onde se encontra o “Marco Comemorativo do Cinquentenário” da emancipação do município.
O acesso se faz através de escada que liga a praça ao adro e através das ruas Gomes e Boaventura A. Gomes, cujas rampas em aclive se encontram no mesmo plano que recebe o adro da igreja. Em posição proeminente no adro situa-se o cruzeiro em madeira. O mastro da Festa do congado é erguido em épocas de comemoração.
O entorno imediato da Praça Nossa Senhora do Rosário é ocupada por edificações de um pavimento em sua maioria, e de uso predominantemente residencial. Nas imediações da Igreja de São Francisco concentram-se edificações de 2 ou 3 pavimentos de uso misto (residencial e comercial) e comercial. Ali, na Praça fronteira à Igreja de São Francisco encotra-se a única área sombreada da região, apresentando árvores de grande e médio porte.
A pavimentação das vias e passeios apresenta-se em estado de conservação regular, necessitando reparos em alguns trechos e obras de complementação e melhorias físicas como se pode depreender da Foto 20 (passeio não pavimentado no trecho da Rua Gomes) e foto 9 (Avenida Bias Fortes, paralela ao rio Betim, cujas margens apresentam-se sem tratamento paisagístico.)
Devido à sua situação em plano elevado e à volumetria bastante horizontalizada do entorno, o adro da Igreja Nossa Senhora do Rosário apresentase como excelente ponto de observação, de onde se pode perceber o movimento descendente-ascendente das colinas urbanizadas desse trecho de Betim.

Histórico: Em relação à religiosidade negra, a primeira referência da existência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Arraial de Betim data de 1814, em documento encontrado no Arquivo Nacional, onde solicita-se à sua Alteza Real provisão para ereção de uma Capela para Nossa Senhora do Rosário, dizendo ainda o documento que se desejava prosseguir na arrecadação de fundos e donativos para a sua construção.
[…]
Em 1861, devido a dificuldades para a continuidade das obras de construção da Matriz, o Padre Casimiro Moreira Barbosa recomenda ao Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, em visita pastoral à paróquia, utilizar o dinheiro da Irmandade Nossa Senhora do Rosário, sob a alegação de que a mesma estava em decadência por falta dos devotos pretinhos e, também, dadas às dificuldades de se levar adiante a construção da Capela do Rosário, que, neste momento, já teria perdido grande madeiramento, carretos e despesas, sendo atendido em despacho favorável.
A esta época, havia uma imagem de Nossa Senhora do Rosário que era venerada pelos pretos, mas que se achava entronizada na matriz de Nossa Senhora do Carmo, Igreja dos brancos, dos senhores, constituindo empecilho às suas preces e oferendas, segundo Geraldo Fonseca (Fonseca, 1975, p. 162). Em 1894, inicia-se a construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário, através de despesa realizada pelo Vigário Domingos Cândido da Silveira, na qualidade de Presidente da Mesa de Nossa Senhora do Rosário (Fonseca, 1975, p. 164).
Fonte: Dossiê de Tombamento.

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