Cachoeiro de Itapemirim – Mercado Quincas Leão


O Mercado Quincas Leão foi tombado pela Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim-ES por sua importância cultural para a cidade.

SEMCULT – Secretaria Municipal de Cultura de Cachoeiro do Itapemirim-ES
Nome Atribuído: Prédio do Mercado Quincas Leão
Outros Nomes: Mercado da Pedra
Localização: R. Bernardo Horta, nº 312 – Bairro Guandu – Cachoeiro de Itapemirim-ES
Resolução de Tombamento: Resolução n° 001/2013

A Pedra: Felipe Mello narra que, quando era criança, vinha a Cachoeiro de Itapemirim fazer compras com o pai:
“[…] ali tinha um viaduto […], ali tinha um pontilhão onde passava o trem para Castelo. Ali era um ponto de negócio, troca de animais; vendia-se animais […]. Então, juntava uma porção de cavalos e burros para negociar. […] O pontilhão onde passa água. Depois foi crescendo, se desenvolvendo, o pessoal começou trazer as mercadorias mais do interior; traziam frutas para colocar na pedra; tinha uma pedra, um tipo de laje. […] Papai vinha fazer compras […]. Botava no trem até Vargem Alta – Jacígua. Lá, ele colocava nos animais para levar para casa. Ele vendia os produtos lá”.

Através da memória de Mello, é possível constatar que apesar das distâncias e dos impedimentos apresentados pelos caminhos, as pessoas das zonas rurais não estavam completamente isoladas. Por meio dos tropeiros e dos trens, o excedente de uma produção de subsistência desenvolvida por pequenos proprietários e sitiantes ligados ao Alto Itapemirim 262, chegava até à pedra, onde eram comercializados.

Existia também uma outra forma: os homens viam do interior até o Guandu, com seus animais, nos quais penduravam os picuás (balaios) abarrotados de produtos. Quando chegavam ao Guandu, pagavam para amarrar os animais em um dos dois pés de coco que havia perto da pedra; ali vendiam e compravam, e depois, geralmente passavam pelos armazéns da rua Bernardo Horta e seguiam até a rua Capitão Deslandes com intento de adquirir alguma outra mercadoria.

O comércio da pedra se organizava de forma muito peculiar: as mercadorias eram expostas em cestos ou em bancas, sem nenhuma proteção contra o sol ou a chuva. Motivada pela inexistência do preço fixo, a compra e venda era um jogo em que cada pessoa, uma vez dentro de um mercado, participava: de um lado, o vendedor deveria fazer uso de uma boa dose de dramaticidade – voz alta, invenções de histórias, expressão corporal – para comunicar as qualidades de seus produtos; e de outro, o comprador em potencial, que poderia duvidar das artimanhas do vendedor e reclamar do valor das mercadorias, ou não.

[…]
Dos anos 1940 até 1960, o ir à pedra foi substituído gradativamente pelo Mercado da Pedra. Ele somente ampliou, mas o formato era o mesmo. […]
Fonte: Silvana Maria Gomes da Rocha.

O Mercado da Pedra: Durante a segunda gestão do prefeito Nelo Vola Borelli (1966 e 1970) ocorreu a construção do Mercado da Pedra, inaugurado em 1967. De acordo com Felipe Mello, Borelli ordenou a explosão da laje sobre a qual e ao redor, os comerciantes dispunham os produtos para venda, desde pelo menos o início do século XX.

Não muito longe da Pedra, a Municipalidade construiu um mercado com boxes e munido de infraestrutura com intuito de se retirar o comércio da rua. O mercado foi construído a partir de 1967, e a partir de 1970 passou ser oficialmente denominado por Quincas Leão, o que não surtiu efeito algum porque as pessoas continuaram denominando o referido mercado como da Pedra – Mercado da Pedra.
Fonte: Silvana Maria Gomes da Rocha.

Histórico do município: A história de Cachoeiro de Itapemirim tem início no ano de 1812, quando o donatário da capitania do Estado, Francisco Alberto Rubim, teve a tarefa de desenvolver o povoamento em nosso Estado.

A região era dominada pelos índios Puris que, porém, não chegaram a ser obstáculo aos primeiros desbravadores, atraídos pelo ouro nas minas descobertas nas regiões compreendidas por Castelo.

A primeira incursão exploradora organizada ocorreu entre 1820 e 1825, época em que foi concedida ao Tenente Luiz José Moreira meia légua de terras. Na mesma época foram constituídos postos de policiamento, denominados quartéis de pedestres, para proporcionar garantia aos habitantes que haviam se instalado no lugar, próximo do obstáculo rural do encachoeiramento do rio, ponto de parada dos raros tropeiros que desciam do sertão e iam se acomodando nessas paragens e plantando suas lavouras.

O Governador Rubim fez construir à margem sul do rio o Quartel da Barca, que foi uma homenagem a Luiz Araújo – Conde da Barca, Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra de Dom João VI. Com essa iniciativa os povoadores tiveram proteção contra as incursões dos índios Puris e Botocudos, que hostilizavam aqueles que percorriam a região à procura do ouro que os rios prometiam, ou até mesmo os lavradores que desejavam trabalhar a terra com plantação de cana-de-açúcar.

Por determinação do Governador Rubim havia um patrulhamento realizado por pedestres, que descia do Cachoeiro até a Vila de Itapemirim, prosseguindo até o Quartel de Boa Vista, situado na barreira do Siri, em frente a Ilha das Andorinhas, regressando ao ponto de partida, alternando em sentido contrário com a patrulha do Quartel de Boa Vista. A patrulha de pedestre era construída por negros livres, comandada por um Alferes (nome dado a antigo militar, hoje equiparado a um 2º Tenente).

Os quartéis tiveram seus efetivos aumentados, e foi nos seus arredores que começou a formação dos primeiros núcleos populacionais com pequenas plantações de mandioca, bananeiras e cana-de-açúcar. A pesca e a caça davam condições fartas aos habitantes.

Começava a lenta penetração no território dos silvícolas para o domínio dos desbravadores. Os fazendeiros de Itapemirim começavam a estender suas propriedades pelas margens do rio, sendo que, onde hoje está plantada nossa cidade foram fazendas pertencentes, outrora, a alguns deles, entre os quais citamos Joaquim Marcelino da Silva Lima (Barão de Itapemirim), figura principal do sul do Estado naquela época, Manoel José Esteves de Lima, um português que criou cidades e povoações no sul do Estado.
Fonte: IBGE.

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Prefeitura Municipal
Silvana Maria Gomes da Rocha


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