Cajazeiras – Colégio Diocesano


Imagem: Site da instituição

O Colégio Diocesano, em Cajazeiras-PB, foi tombado por sua importância cultural para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Colégio Diocesano
Outros Nomes: Colégio Diocesano Padro Rolim
Localização: R. Padre Ibiapina, s/n – Centro – Cajazeiras-PB
Decreto de Tombamento: Decreto n° 25.140, de 28/06/2004

Descrição: A história do Colégio Diocesano Padre Rolim confunde-se com a própria história da cidade de Cajazeiras. Tudo começou no final do século XVIII, em 10 de fevereiro de 1795, quando Vital de Souza Rolim e Ana Francisca de Albuquerque casaram-se e fixaram-se no Sítio Serrote, fazenda localizada no extremo oeste da Província da Paraíba, limite com o Ceará. Dessa união, nasceu, em 22 de agosto de 1800, Inácio de Souza Rolim que, desde de pequeno, demonstrava vivo interesse pelos estudos, sendo encaminhado ao Seminário de Olinda/PE, onde se ordenou Padre, em 1825.

Apesar de convidado a permanecer em Pernambuco, Padre Inácio de Souza Rolim retorna a Cajazeiras com o ideal de educar sua gente, instruir crianças e adolescentes (AMARO, 2003). Em 1829, o Sacerdote dava início às atividades da Escolinha da Serraria, uma pequena casa de madeira que abrigava meia dúzia de estudantes e que foi o embrião do Colégio Padre Rolim. Dado o alto nível do ensino que habilitava seus alunos a ingressarem no Curso Superior, a Escolinha da Serraria teve um aumento significativo de matrículas. Ao perceber a repercussão da escola na região, o Padre Rolim, em 1836, resolveu transferi-la para um prédio de alvenaria que, embora de pequenas proporções, melhor se adaptava às atividades a que se destinava.

O prédio ia aumentando com a matrícula de novos alunos, como relata o historiador Celso Mariz: ” A sua casa de ensino se fazia à proporção que chegavam os novos discípulos. Cada aluno esperava por seu teto, embora já encontrasse o seu livro.” (Através do Sertão – 1910).

Em 1843, com a autorização do Presidente da Província da Paraíba, o estabelecimento de ensino foi transformado em Colégio de Instrução Secundária, recebendo a denominação de Colégio do Padre Rolim. Surgia, então, o primeiro Colégio do interior da Paraíba, fato que levou o tribuno Alcides Carneiro a cognominar Cajazeiras de “a cidade que ensinou a Paraíba a ler”.

Tal como ocorreu com a Escolinha da Serraria, a procura pelas aulas do Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras, excedia as condições físicas de suas instalações. Além de alunos do interior da Paraíba, a escola recebia estudantes oriundos de vários municípios das Províncias do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Pernambuco.

Em torno do Colégio, desenvolveu-se a povoação fundada por Vital de Souza Rolim e Ana Francisca de Albuquerque, o que ajudou a projetar ainda mais esse estabelecimento de ensino no Alto Sertão, tendo como alunos figuras importantes, a exemplo do Cardeal Joaquim Arcoverde, o Padre Cícero Romão Batista, o Padre José Tomas de Albuquerque, o historiador Irineu Jofilly, o Desembargador José Peregrino, o jurista Aprígio de Sá, o Padre Manoel Mariano de Albuquerque, os médicos Luiz Correia de Sá e Higino Rolim, dentre outros.

Impulsionado pela fama dos ensinamentos do Padre Rolim, o lugarejo foi crescendo, com tamanho progresso que, em menos de cinquenta anos, passou de simples Povoado à condição de Vila, Sede de Comarca, e Cidade. Por essa razão, Padre Rolim passou a ser considerado o fundador de Cajazeiras, pois foi sua obra que alavancou o surgimento da cidade. Assim, afirma Souza (1981, p.15):

Como núcleo social, político, econômico e religioso, Cajazeiras tem sua originalidade singular, dentre todas as cidades do Brasil, excetuando-se São Paulo, pois teve, como a metrópole paulista, seus alicerces firmados em um estabelecimento de ensino. “Nasceu ao beiral de um Colégio”.

Entre 1855 e 1857, Padre Rolim ausentou-se para ministrar a cadeira de grego em Pernambuco, ocasião em que o Colégio esteve sob os cuidados de seus sobrinhos: José Tomaz de Albuquerque e Vital de Souza Rolim. Nesse mesmo período, devido a um surto de cólera –morbus, o Colégio foi transferido para uma fazenda na região dos Inhamuns, no interior do Ceará.

Padre Rolim também fundou uma escola particular para a educação feminina, que funcionava como anexo do seu Colégio. Em 16 de agosto de 1858, com a anuência do Presidente da Província da Paraíba, Beaurepaire Rohan, a Professora Vitória dos Santos Rolim de Albuquerque pode ensinar as primeiras letras do Ensino Primário para as meninas. Deve-se ressaltar que, nesse mesmo ano, foi fundado, na sede da Província, o Colégio Nossa Senhora das Neves, pioneiro em educação feminina na região.

No ano de 1860, o Colégio, que contava com 85 alunos, atingiu a sua fase culminante, incluindo aulas de Latim, Francês e Geografia em seu currículo. Em 1877, devido à grande seca que assolou a região, as atividades educacionais desse estabelecimento de ensino foram encerradas. Em 1882, findo o período da estiagem, Padre Rolim, já em idade avançada, tentou reabrir o Colégio, conseguindo apenas cerca de 12 alunos. Esse número reduzido de matrículas, aliado ao peso dos seus 82 anos, contribuiu para o fechamento do referido educandário.

Em 1903, Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Diocese da Paraíba, determinou a reabertura do Colégio, agora sob a denominação de Colégio Diocesano Padre Rolim, cuja direção foi entregue ao Cônego Sabino de Sousa Coelho, sobrinho do Padre fundador. Um ano depois, o Colégio passou a ser dirigido pelo Vigário Marcelino Vieira da Silva Sobrinho; no entanto, mais uma vez, suas atividades foram interrompidas por falta de alunos.

Em 1914, o Papa Pio X criou a Diocese de Cajazeiras, que teve como primeiro Bispo Dom Moisés Coelho, sobrinho neto de Padre Rolim. Em 1915, o Colégio Diocesano Padre Rolim foi restaurado e entregue à recém fundada Diocese de Cajazeiras, sendo reaberto em 29 de junho do mesmo ano, sob a direção do Padre José Viana.

No ano de 1916, começou a tramitar, na Assembleia Legislativa, o projeto de lei para equiparação do Colégio Diocesano Padre Rolim à Escola Normal do Estado da Paraíba. A equiparação foi concedida por meio da Lei nº 434, de 13 de novembro de 1916 e, mais tarde, em 1918, com a implantação do Curso Normal, esse estabelecimento de ensino passou a ser denominado Escola Normal Padre Rolim, sob a direção do Monsenhor Constantino Vieira da Costa, tendo como professores figuras expressivas, a exemplo do poeta Cristiano Cartaxo e do mestre Hildebrando Leal. Afirma Souza (1981, p.66) que:

A instalação da Diocese e posse do seu primeiro Bispo, um sobrinho do Padre Rolim e bisneto de Mãe Aninha […] criaram condições de um novo surto de desenvolvimento […] abriram-se colégios […] o Comercial e o Estadual […] numerosas escolas primárias nos subúrbios.

Nesse período, o Colégio Diocesano Padre Rolim passou por sérias dificuldades e, novamente, em razão do reduzido número de alunos, teve que encerrar suas atividades, voltando a funcionar no ano de 1931, sob a direção do Padre Gervásio Coelho, quando foi equiparado ao Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, ocasião em que passou a funcionar como Ginásio.

Em 1934, Dom João da Mata, segundo Bispo de Cajazeiras, deu início à construção do Colégio Diocesano Padre Rolim no local onde permanece erguido e onde havia funcionado uma das casas de caridade do Padre Ibiapina. Deixando-o com dois pavimentos, Dom João da Mata, no dia 06 de janeiro de 1939, o entregou à direção dos Padres Salesianos que, em 1940, construíram a Capela Nossa Senhora Auxiliadora ao lado do então Ginásio Salesiano Padre Rolim. Os Padres Salesianos permaneceram na administração até o ano de 1959, ocasião em que o Colégio voltou a ser administrado pela Diocese.

Sucederam os Padres Salesianos: o Padre Vicente de Sousa Freitas, Padre Luiz Antônio, Padre Raimundo Honório Rolim, Padre Gervásio Fernandes de Queiroga e Padre Dagmar Nobre de Almeida.

Em 1972, o Colégio foi entregue à direção do Cônego Luiz Gualberto de Andrade, que permaneceu no cargo até o ano de 1991. Durante a sua gestão, em 1975, o Cônego Gualberto fundou o Curso Técnico de Enfermagem que funcionava nas dependências do Colégio.

Após o mandato do Cônego Gualberto, o Colégio passou a ser dirigido pelo leigo Professor Francisco de Assis Damasceno, que foi sucedido pelo Padre Antônio Luiz do Nascimento. Sob a administração deste último, o Colégio Diocesano Padre Rolim, que já vinha com um número reduzido de alunos, teve que encerrar, mais uma vez, as suas atividades.

Atualmente, a estrutura do Colégio Diocesano Padre Rolim é considerada de grande valor para a história e memória da cidade de Cajazeiras, pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba – IPHAEP e pelo Decreto nº 25.140, de 28 de junho de 2004 (ROLIM, 2010). A partir de meados da década de 70, no prédio do histórico Colégio, funciona a Faculdade de Filosofia, Ciências, Letras de Cajazeiras – FAFIC, que é mantida pela Fundação de Ensino Superior de Cajazeiras – FESC, administrada pela Diocese.
Fonte: Site da instituição.

Histórico do município: Desmembrado do município de Sousa em 1863, o nome _x0093_Cajazeiras_x0094_ faz referência a uma fazenda fundada no século XVIII por Luiz Gomes de Albuquerque, onde existiam várias cajazeiras, árvores que produzem o cajá, plantadas. Nos dias atuais, Cajazeiras é a principal cidade da região do Alto Piranhas e polariza quinze municípios do extremo oeste da Paraíba.7 Possui uma cultura diversificada, realizando diversos eventos anualmente, como o Carnaval e o Festival Estadual de Teatro, e possuindo várias atrações, como o teatro Íracles Pires.

Segundo relatos de documentos antigos, datados do século XVIII, as terras localizadas à margem da Lagoa de São Francisco foram, por meio de uma sesmaria, cedidas aos proprietários Francisco Gomes Brito e José Rodrigues da Fonseca pelo governador da capitania da Paraíba, Luiz Antônio Lemos Brito. Treze anos mais tarde, em 7 de fevereiro de 1767, José Jerônimo de Melo, outro governador da capitania, doou parte dessas terras para o pernambucano Luiz Gomes de Albuquerque, que mais tarde fundou a Fazenda Cajazeiras (também por vezes denominada Sítio Cajazeiras). Essa fazenda foi doada pelo seu fundador a uma de suas filhas, Ana Francisca de Albuquerque, após o seu casamento com Vital de Souza Rolim, membro de uma família tradicional cearense vinda de Jaguaribe. Com a doação, o local tornou-se uma grande fazenda de gado. Em 1804, próximo ao sítio, foi construída A Casa Grande da Fazenda (uma residência) e o Açude Grande (que servia para abastecer a população local, bem como para a criação de animais).

Da união matrimonial entre Ana e Vital, nasceram alguns filhos, entre os quais destaca-se Inácio de Souza Rolim, nascido no Sítio Serrote em 22 de agosto de 1800 e ordenado como sacerdote no Palácio Episcopal de Olinda, em Pernambuco, em setembro de 1825. Quase quatro anos depois, em 1829, o padre Rolim funda a _x0093_Escolinha de Serraria_x0094_, que tem ligação direta com a fundação de Cajazeiras. Essa pequena escola começou a crescer a partir de 1833, atraindo estudantes do local e de outras regiões. Em 1834, Ana de Albuquerque funda uma capela, dedicada à sua devota Nossa Senhora da Piedade, que hoje corresponde à Catedral de Nossa da Piedade. Dois anos depois, a Escolinha de Serraria, que havia sido construída em uma casa feita de madeira, mudou-se para uma nova casal, agora feita de alvenaria. Sete anos depois (1843), o padre Rolim muda-se para seu sítio de origem, onde ainda residiam seus pais, e funda um colégio de salesianos (hoje Colégio Nossa Senhora de Lourdes), que também atraiu vários estudantes e até mesmo personalidades, entre elas o Padre Cícero (vindo de Juazeiro do Norte, Ceará). Além dele, outras personalidades também estudaram lá e passam a residir nas imediações do colégio, sendo, por isso, o motivo pelo qual Cajazeiras é referida como _x0093_A terra que ensinou a Paraíba a ler_x0094_. Essas residências deram origem a uma cidade, com o nome de _x0093_Cajazeiras_x0094_ (em referência à antiga fazenda fundada por Luiz Gomes de Albuquerque e onde estavam plantadas vários pés de cajá), que foi fundada em 22 de agosto de 1863 pelo padre Rolim, no dia do seu aniversário.

Quatro anos antes, em 29 de agosto de 1859, Cajazeiras já era um distrito (criado pela lei provincial nº 5), pertencente ao município de Sousa. Em 23 de novembro de 1863, três meses após a fundação de Cajazeiras, a lei provincial nº 92 eleva o distrito à categoria de vila e o desmembra de Sousa, tornando-se município. No mesmo dia foi instalada a Câmara Municipal.9 Em 20 de junho de 1864, ocorreu a instalação do governo municipal, que foi assumido pelo vereador e presidente da Câmara, o sacerdote e vigário paroquial José Tomaz de Albuquerque. Como vila, o município passou um dos momentos mais agitados de toda a sua história, de forma política com o desentedimento entre políticos conservadores e liberais, e com a ocorrência de alguns episódios, como o assassinato do tabelião Leandro Soares. Finalmente, em 10 de julho de 1876, através da lei provincial nº 616, a vila é elevada à condição de cidade.

Segundo o historiador cajazeirense Deusdedit Leitão, nos anos de 1844 e 1845, antes mesmo de se tornar distrito, Cajazeiras já vinha ganhando espaço no jogo político da Paraíba, com a eleição do bacharel Manoel de Sousa Rolim como deputado.8 No ano de 1914, Cajazeiras ganhou uma diocese, no mesmo local onde Ana de Albuquerque construiu uma capela, que foi escolhida para ser a catedral.10 No ano seguinte, o município foi atingido por uma das mais graves secas ocorridas no país.

Da fundação até primeira metade do século XX, a divisão administrativa do município permaneceu inalterado. Pela lei estadual nº 424 e pelo ato municipal anterior a 2 de março de 1938, foram criados os distritos e anexados a Cajazeiras os distritos de Cachoeiras dos Índios e Engenheiro Ávidos. Em 6 de setembro de 1957 (lei estadual nº 185), Cajazeiras ganhou mais um distrito, com o nome de Bom Jesus. Em 1961, foi desmembrado e elevado à categoria de município o distrito de Cachoeira dos Índios e, em 1963, o mesmo aconteceu com o distrito de Bom Jesus. Em 1978, foi criado o distrito de Catolé dos Gonçalves, apesar de não ter sido oficialmente instalado. Até os dias atuais, o município de Cajazeiras é formado por dois distritos: Cajazeiras (onde está localizada a sede municipal) e Engenheiro Ávidos.
Fonte: Prefeitura Municipal.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.