Campinas – Palácio da Mogiana


Imagem: Prefeitura Municipal

O Palácio da Mogiana pertenceu à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF), inaugurada em 1875, em Campinas-SP.

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
Nome Atribuído: Palácio da Mogiana
Localização: Av. Dr. Campos Salles – Campinas-SP
Processo de Tombamento: Processo de Tombamento n° 24328/86
Resolução de Tombamento: Decreto Tombamento n° SC-127, de 26/12/2018 – publicada no DOE de 27/12/2018, p. 44

Descrição: O Palácio da Mogiana pertenceu à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF), inaugurada em 1875 em Campinas, primeira ferrovia a atingir a fronteira de São Paulo com Minas Gerais e que impulsionou a ocupação de terras do norte paulista e do sul mineiro, sobretudo para a produção cafeeira, no findar do século XIX e início do XX. O Palácio da Mogiana, cujo prédio definitivo foi primeiro inaugurado em 1890 e sucessivamente ampliado até a metade do século XX, constitui documento edificado da trajetória administrativa da empresa, seu crescimento e ocaso, bem como de transformações do próprio centro de Campinas sob o ideário rodoviarista É também um edifício de companhia férrea paulista de caráter excepcional, por se dedicar exclusivamente às atividades administrativas em local independente das linhas férreas, com projeto próprio para o sítio urbano onde foi implantado. Sua estética apurada denota um objetivo de imprimir à sede da empresa uma imagem classicizante e de solidez, evocando sobriedade no bloco central e poder nos pavilhões laterais. Internamente, sua ornamentação requintada nos espaços de recepção é admirável. Seu projeto correspondeu à representação de poder almejada por seus proprietários – parte da elite política e econômica paulista à época –, razão pela qual recebeu a alcunha de ―Palácio.
Fonte: Condephaat.

CONDEPACC – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas
Nome Atribuído: Palácio da Mogiana
Identificação Original: Escritório Central da Cia. Mogyana de Estradas de Ferro
Processo de Tombamento: Processo n° 001/1994

Descrição: Com o crescimento das plantações de café no sentido norte-nordeste da região de Campinas, e o avanço da cultura ao interior do estado de São Paulo, a demanda pela estrada de ferro ampliou-se. Neste momento surge a necessidade de instalação de um Escritório Central da Cia. Mogyana de Estradas de Ferro em Campinas. Um primeiro imóvel foi então locado na esquina das ruas General Osório e Anchieta.

Em 1890 a Companhia adquiriu uma propriedade na Rua Visconde do Rio Branco. Uma chácara com casa assobradada, onde em 1891 iniciou a construção da sua sede, porém no sentido da Rua General Osório, já que a casa da chácara estava construída no sentido da Rua Campos Sales. A nova edificação continha um corpo central, e um torreão no seu lado esquerdo. Após a demolição da casa assobradada, a administração da ferrovia chegou a construir o torreão do lado direito, sentido Rua Campos Sales, porém não no estilo dos corpos já erguidos.
A partir de 1908 começou a ser elaborado um novo projeto para o Escritório Central, cuja execução teve início em 1909. O novo prédio seria construído em estilo eclético, com três corpos denominados: Pavilhão Campos Sales, Central e Pavilhão General Osório. Iniciou-se o projeto na parte do terreno agora desocupada no sentido da Rua Campos Sales.

O Pavilhão Campos Sales era o mais luxuoso dos três, com mármore de Carrara no hall de entrada, balaustrada confeccionada em bronze com motivos de ramos de café com os nomes dos fundadores da estrada de ferro, candelabros em bronze com cúpulas em porcelana tipo ágata e pinturas murais rebuscadas apresentando ornamentação com motivos florais.
Em 1910, começaria ser erguido o Pavilhão General Osório, porém na dúvida se a construção de 1891 suportaria as intervenções, decidiu-se pela sua demolição. Este Pavilhão não teve a mesma ornamentação do Pavilhão Campos Sales, com seus elementos mais simples, como a escada e sua balaustrada agora em madeira e suas luminárias e pinturas parietais mais modestas.

Com a implantação do plano Prestes Maia, que previa o alargamento de vias públicas, entre elas a Rua Campos Sales, a parte da edificação mais suntuosa, o Pavilhão Campos Sales foi demolido parcialmente em 1956 permanecendo os Pavilhões, Central e General Osório. Após a demolição do lado direito da construção e as devidas adequações no pátio interno, em 1957 a Companhia elaborou um projeto para recompor as fachadas e construir um novo Pavilhão Campos Sales no que restou do edifício. Este projeto foi executado parcialmente, sendo possível perceber as intervenções, entre elas, a fachada nos fundos do Pavilhão avançando ao pátio interno.
Com a estatização das ferrovias em 1971, a Companhia Mogyana de Estradas de Ferro, foi incorporada na formação da FEPASA – Ferrovias Paulistas S/A. Em 1998 como pagamento de dívidas estaduais junto ao Governo Federal o imóvel e outros bens do Estado de São Paulo foram entregues ao Ministério da Fazenda.
Atualmente abriga o CPAT (Centro Público de Apoio ao Trabalhador), da Prefeitura Municipal de Campinas.
Texto: Henrique Anunziata Historiador/CSPC/SMC/PMC
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: Os dois primeiros pavilhões construídos nos anos de 1890/1891 foram erguidos em alvenaria de tijolos, em estilo neoclássico. Segundo Pedroso: “As primeiras informações oficialmente registradas sobre o edifício constam do Relatório anual de 1909 (referente ao ano de 1908) da Companhia Mogyana de Estradas de Ferro e Navegação”. A primeira edificação teria sido “executada pela própria Companhia e, com o aumento do pessoal no escritório central e pela importância crescente da Mogyana, a ampliação e melhoria de sua sede tornaram-se imperiosas. Provavelmente este projeto foi visto pelo engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que fazia parte do quadro de funcionários desta companhia. Esvaziado por ocasião de um surto de febre amarela, o prédio foi entregue à firma Malfati & Massaglia para o término do edifício central onde localiza-se o Salão Nobre ou “Barroco”, decorado com pinturas assinadas por Michele Sanafore. Houve uma adaptação da fachada a um novo estilo, por volta de 1908”.

A partir de 1907 iniciaram-se os estudos de ampliação (ANUNZIATA) que em 1908 foram remetidos para Prefeitura municipal. Segundo Pedroso, este “projeto [fora] elaborado no próprio escritório da Via Permanente (..) executado pela firma Masini & Comp. e supervisionado pelos engenheiros Tobias Rabelo Leite e Rena Renaud entre os anos de 1909 e 1910” (PEDROSO)

Para Anunziata: “No decorrer de 1909, iniciam-se as obras (…) [permanecendo] intacto o primeiro prédio do Escritório Central durante a execução deste Pavilhão” e nesta ocasião “fica nítida a importância do Setor Administrativo para a Companhia Mogyana (…) [e] Com a conclusão do Pavilhão Campos Sales em 1910, as repartições, que estavam no prédio mais antigo da administração, são transferidas para a nova edificação, iniciando o processo de demolição do antigo Pavilhão General Osório para a construção de um novo Pavilhão General Osório no mesmo local, conforme relatório da própria Diretoria”

Nesta grande obra de ampliação e reconstrução, também “aconteceram reparos no bloco central, com troca e ampliação do forro de estuque por madeira reenvernizada, uma alteração no piso e a construção de banheiro externo ligando-o ao prédio principal por meio de plataforma coberta de vidro fosco” (PEDROSO).

Enfim, “Em 1912, o Pavilhão General Osório e Central estão concluídos e, neste mesmo período, acrescenta o conjunto de sanitários masculinos, bem como a varanda interna ligando a área externa a uma passarela” (ANUNZIATA)

Com a intensificação das atividades do setor administrativo, o Escritório Central construiria “no fundo do lote, um prédio de pavimento térreo, que comportasse o aumento da documentação gerada pelo Departamento de Correios e Telégrafos” (Anunziata). Segundo Pedrosos: “Em 1921 sabe-se que aconteceu uma reforma registrada em citação lacônica no relatório da Companhia:… ‘modificações em uma parte do edifício’”.

Nos anos 1950, em decorrência da implementação do Plano de Melhoramentos Urbanos, “a Prefeitura Municipal de Campinas conseguiu desapropriar o lado esquerdo da então rua Campos Sales, para ampliá-la e formar a avenida”, o que implicaria na demolição do “Pavilhão Campos Salles” em 1956. A Companhia que nesta ocasião já não mantinha no edifício sua diretoria, mas parte de seus escritórios, implementaria ações de adequação na tentativa de recuperar parte da área perdida e recompor a homogeneidade do edifício,

Segundo Anunziata: “Após a adequação da área para a demolição do Pavilhão Campos Sales, a ferrovia realizou um projeto em 1957, para a adaptação do prédio pelo lado esquerdo, criando um novo Pavilhão Campos Sales. O projeto previa que a fachada frontal se estendesse até o alinhamento da calçada e os fundos, e ocupasse parte do pátio interno”. O projeto não acontece em sua totalidade e em vários aspectos, pela “obrigatoriedade de construir outra edificação para sediar o escritório do Setor de Inativos” (ANUNZIATA).

Por fim, “Depois de tantas modificações, a construção tomou feições parecidas com o primeiro prédio de 1891, tendo um corpo central e o Pavilhão da Rua General Osório”, mas já num período de transformação profunda da companhia que em 1971 se veria incorporar pelo Estado de São Paulo na chamada Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA) (ANUNZIATA).
Fonte: IAB-Campinas.


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