Campo Grande – Colégio Osvaldo Cruz


Imagem: Prefeitura Municipal

O Colégio Osvaldo Cruz foi tombado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande-MS por sua importância cultural para a cidade.

Fundac – Fundação Municipal de Cultura
Nome Atribuído: Colégio Osvaldo Cruz
Localização: Av. Fábio Zahran, nº 5500 – Centro – Campo Grande-MS
Resolução de Tombamento: Lei nº 3387, de 27 de outubro de 1997

Descrição: Essa edificação foi erguida entre os anos de 1916 e 1919, pelo mestre Adolfo Stefano Tognini, com fachada executada por Francesco Cetraro, ambos contratados pela firma Cândia &Moliterno. O edifício, de estilo Eclético, ainda conserva a elegância de seus ornamentos neoclássicos. Ali funcionou inicialmente um grande armazém de secos e molhados. Em 1927, foi adaptado para transformar-se no tradicional Colégio Oswaldo Cruz, que permaneceu no local até 2010.

O Colégio Oswaldo Cruz atendia a elite econômica e política de Campo Grande, porém nos anos de 1940 passou a oferecer o ensino noturno, evidenciando a abertura do estabelecimento a uma população que trabalhava durante o dia e estudava após o trabalho, a exemplo dos militares (ROCHA, 2010).

A preservação do Colégio Oswaldo Cruz e toda sua materialidade se justificam na carga histórica que o edifício carrega em si, pois seu papel enquanto uma das primeiras e mais importantes instituições de ensino no sul do antigo Mato Grosso foi de suma importância na primeira metade do século XX, tendo como professores e alunos desta instituição figuras públicas e políticas que possuíam prestígio social na cidade. Foi na corrente de se preservar monumentos históricos do passado por meio de proteção jurídica como forma de resguardar a efetiva proteção destes bens, que a municipalidade efetiva o tombamento do “Colégio Osvaldo Cruz”.

O edifício pertence à Sociedade Beneficente de Campo Grande – Santa Casa, que solicitou projeto de restauro para abrigar a Escola de Saúde.

Data de Construção – entre 1916 e 1919.

Nome do construtor – Adolfo Stefano Tognini

Construído para abrigar atividades comerciais, em 1929 foi adaptado pelo professor Henrique Corrêa para abrigar o colégio Osvaldo Cruz. Em 1937 foi ampliado, mantendo suas atividades educacionais de ensino em evidência por longo período.

Técnicas Construtivas – Fundação em pedra, com armação de ferro, paredes internas em alvenaria de tijolos argamassados. Cobertura em trama de madeira e telhas cerâmicas.

Descrição arquitetônica – Embasamento composto de base, degrau de acesso, corpo com trama de pilastras. Aberturas retangulares de portais e janelas, encimadas por frontões triangulares e abatidos na sobreverga. Coroamento com moldura de arquitrave, friso, cornija e muro de ático com frontão triangular central, encimados por frontões em arcos abatidos, interrompidos no vértice com arremate de coroamento em compoteira. Estilo eclético.

Motivação do tombamento: Foi um dos primeiros centros educacionais da cidade, onde as principais figuras públicas estudaram lá e ainda por ser um dos poucos exemplares ecléticos da cidade.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do município: O Sul de Mato Grosso até o início do século XVIII, quando ocorre a descoberta de ouro em Cuiabá, é uma região banhada por índios e paraguaios remanescentes das missões jesuítas espanholas. Os espanhóis, no século XVI, introduzem o gado no Sul de Mato Grosso e iniciam a exploração e a comercialização da erva-mate. Algumas tribos indígenas, entre elas, os Guaicuru, aprendem com os espanhóis a usar o cavalo como montaria e o manejo do gado, tornam-se cavaleiros e são os primeiros fazendeiros sul-mato-grossenses.
A prosperidade das minas de ouro cuiabanas leva a coroa portuguesa a criar a Capitania de Mato Grosso, em 1748, e a assinar, com a Espanha, o Tratado de Madri, em 1750. Após estes dois fatos, os portugueses procuram tomar posse do Sul de Mato Grosso, construindo fortes e presídios no Vale Paraguaio. Assim, além de assegurar a Cuiabá o acesso aos grandes centros econômicos e políticos, rechaçam, também, a expansão espanhola que colocava em risco a posse das minas de ouro de Cuiabá.

A exploração de minas de ouro em Cuiabá permite a intensificação do trânsito das bandeiras paulistas no Sul de Mato Grosso. Entre as rotas fluviais utilizadas por estas bandeiras está a do Rio Pardo. Dois dos afluentes do rio Pardo e que são explorados pelos bandeirantes, no século XVIII, são o Anhanduí-Guaçu e o rio Anhanduí, este último formado pelos córregos Prosa e Segredo. Isto evidencia a presença dos descendentes dos portugueses nos campos, onde mais tarde surge o povoado de Campo Grande.
No século XIX, a decadência das minas de ouro de Cuiabá, de Minas Gerais e outras localidades provocam nestas Províncias instabilidades políticas e econômicas. Estes fatores possibilitam a migração de cuiabanos, goianos, mineiros, paulistas e gaúchos para o sul de Mato Grosso. Estes novos bandeirantes vêm atraídos pela fertilidade do solo, pela grande quantidade de gado bovino nos campos de Vacaria e Pantanal, e fundam núcleos populacionais ou reativam outros.
Após a Guerra com o Paraguai intensifica-se a migração para o Sul de Mato Grosso. Em 1872, José Antônio Pereira acompanhado de dois filhos e mais alguns homens saem de Monte Alegre, Minas Gerais, de onde outros já haviam saído, rumo às terras do Sul de Mato Grosso. Atravessam o rio Paranaíba, penetram o Sul de Mato Grosso, passando por Sant’Ana do Paranaíba e pelo rio Sucuriú, transpõem os cerradões do rio Pardo, e acampam nas terras onduladas da Serra de Maracaju.

José Antônio Pereira encontra, nesta região, o poconeano João Nepomuceno e algumas famílias camapuanas fixadas ao longo do córrego Prosa, onde cultivavam suas roças. O que chama a atenção de José Antônio Pereira, é o viço do milharal e outros cereais cultivados por esses posseiros. Inspeciona o lugar e constata a fertilidade do solo, a amenidade do clima, a existência de boas pastagens e boa aguada. Esses fatores convencem José Antônio Pereira a não prosseguir viagem e iniciar uma roça a exemplo dos demais posseiros destes campos.
No início do ano seguinte, José Antônio Pereira regressa a Minas Gerais, de onde retornaria três anos depois, com toda a sua família e alguns agregados, sendo a comitiva composta de sessenta e duas pessoas.

Durante a ausência de José Antônio Pereira, permanece como guardião de sua roça, João Nepomuceno. Em junho de 1875 chega aqui outro mineiro, Manuel Vieira de Souza, que veio com seus antecessores de mudança para Campos de Vacaria, em companhia de seus familiares e alguns escravos.
João Nepomuceno procura se informar do recém-chegado, se ele tinha notícia de José Antônio Pereira, não obtendo a informação desejada e desesperançado do seu retorno, dado o longo tempo decorrido, negocia com Manuel Vieira de Souza a transferência de posse, não sem antes ressaltar os direitos de José Antônio Pereira.
Em agosto de 1875 chega a Campo Grande José Antônio Pereira, conduzindo sua expedição composta de onze carros mineiros, os quais, além das provisões necessárias aos primeiros tempos, traziam também sementes, mudas diversas, inclusive cana-de-açúcar e café. Em seguida à sua chegada José Antônio Pereira se entende com Manuel Vieira de Souza, e se juntam para organizar a ocupação de Campo Grande.

A história oral admite que José Antônio Pereira não é o primeiro desbravador a instalar moradia na confluência dos córregos Prosa e Segredo, ela aponta, também, a existência de uma comunidade negra, no Cascudo, hoje Bairro São Francisco, contemporânea a chegada dos primeiros desbravadores descendentes dos portugueses. Entretanto, esta mesma história oral reconhece que José Antônio Pereira, falecido em 1900, influenciou nos primeiros tempos a sistematização da ocupação do povoado. Ele dirigiu e orientou as demarcações das posses, procurando harmonizar os interesses daqueles que pretendiam se fixar no vilarejo.
A localização de Campo Grande atendia os objetivos econômicos e estratégicos da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, por isso, a cidade é escolhida para sediar uma Diretoria Regional que atenderia todo o Sul de Mato Grosso. A Companhia além de construir instalações para abrigar seus serviços técnicos e burocráticos, constrói, também, casas para atender todos seus funcionários.
A ferrovia favorece a transferência do eixo econômico Cuiabá e Corumbá, através do rio Paraguai, para Campo Grande e São Paulo.

Simultaneamente, à regularização das viagens ferroviárias, o governo federal, em 1921, através do Ministério da Guerra Pandiá Calógeras, transfere de Corumbá para Campo Grande, o comando da Circunscrição Militar. Este conjunto congregaria todas as unidades militares sediadas no Estado de Mato Grosso. Campo Grande assume o “status” de capital militar.
A partir de 1930, Campo Grande, tendo em vista sua importância socioeconômica e política, concentra as discussões sobre a divisão do Estado. Os campo grandenses objetivando apoio para o movimento divisionista, participam, ativamente, da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas e da Revolução Constitucionalista de 1932, esta última é uma reação dos paulistas contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e um dos líderes da Revolução Constitucionalista, institui o Estado de Maracaju e nomeia Vespasiano Martins para governador. Este ato eleva Campo Grande à condição de capital político administrativa no novo Estado. A derrota dos constitucionalistas contribui para a extinção do Estado de Maracaju, consequentemente, Campo Grande perde o “status” de capital político administrativa.

Esta derrota não arrefece o ânimo dos campo grandenses. Dois anos depois, em 1934, é criada em Campo Grande, a Liga Sul-Mato-Grossense, que inicialmente objetivava angariar apoio dos sul mato-grossenses, para o manifesto que seria encaminhado ao Presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta 13 mil assinaturas, com isso, ela visava também, sensibilizar o governo federal, particularmente, os Constituintes para que estes ao elaborarem a Nova Constituição, aprovassem a divisão de Mato Grosso.
Getúlio Vargas e os Constituintes não aprovam a divisão do Estado, mas os campo grandenses se mantém fiéis ao movimento divisionista até 1977, quando o Presidente Ernesto Geisel promulga a Lei Complementar nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande é elevada à condição de capital.
Fonte: IBGE.

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