Dois Irmãos – Salão Sander


Imagem: Google Street View

O Salão Sander foi tombado pela Prefeitura Municipal de Dois Irmãos-RS por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Dois Irmãos-RS
Nome Atribuído: Salão Sander
Localização: Av. São Miguel, n° 749 – Dois Irmãos-RS
Decreto de Tombamento: Portaria municipal de tombamento n° 116/2003, de 11 de abril de 2003.
Ficha de inventário – Compac

Importância: O bem se destaca por apresentar valor nas seguintes Instâncias:
1 – Instância Cultural: Enquanto referência histórica; pelo valor de antiguidade e pelo valor tradicional;
2 – Instância Morfológica: Valor arquitetônico: Referência historiográfica, elemento referencial na paisagem urbana;
3 – Instância Funcional: Compatibilização com a estrutura urbana, e pelo potencial de reciclagem.
4 – Instância Técnica: Raridade no emprego de materiais e pelo risco de desaparecimento.
5 – Instância Paisagística: Compatibilização com a paisagem urbana, como estruturação do cenário da quadra e como
elemento referencial.
6 – Instância Legal: legislação de preservação em nível municipal (Lei de Tombamento e Zoneamento em Plano Diretor).
Fonte: Ficha de inventário – Compac.

Descrição: Acredita-se que os primeiros proprietários do Salão Sander eram da família Berächer, o construíram e gradativamente fizeram um armazém. Posteriormente Albino Mechel teria iniciado os bailes no local, e quando de sua desistência do negócio quem assumiu o salão foi Carlos Arnecke, que ampliou a edificação e organizou o hotel.
O casal Guilhermina e Alfredo Sander residiam na Picada Verão e em 1929 adquiriram a propriedade e tiveram uma única filha, Anilda, que casou-se com Arno Nienow e herdaram a propriedade na década de 1940. Arno Nienow desempenhou a função de organista e regente do coral da Comunidade IECLB, e sua esposa também colaborava em diversas ações, tanto que muitos móveis, objetos e documentos da família foram doados para a mesma. O casal teve dois filhos: Ricardo e Ary Nienow. Nos fundos do Salão havia um grande potreiro, onde criavam vacas e porcos, bem como outros alimentos que eram servidos nas refeições para os hóspedes. Anilda, em entrevista ao Jornal de Dois Irmãos no ano de 1998 recorda que os srs. Germano Fick e Germano Lang vinham de São Leopoldo passar o domingo no salão e incentivavam a família a servir o café colonial, que posteriormente tornou-se símbolo da cidade.
Quando Guilhermina Sander adoeceu, a filha Anilda e seu esposo Arno, alugaram a parte central da edificação onde era o Hotel para Nilo Boettcher que continuou a desempenhar esta função. Em 1952 o Salão Sander fechou as portas e a casa foi dividida em duas residências. Nas década subsequentes o espaço teve diversos usos: para fins comerciais para o Bazar Central e Jeca Esportes; também foi cedida ao poder público municipal para abrigar a Casa do Papai Noel. Desde o ano de
2006 o imóvel está desocupado.
Fonte: Ficha de inventário – Compac.

Referências ao Salão Sander: Em dezenove de março de 1937, o Correio de São Leopoldo afirma que no distrito há hotéis bons, bem como a infraestrutura do local como transporte diário e eficiente feito pela Petzinger & Filho, luz elétrica, boas estradas, farmácia e médico e tudo mais para se ter relativo conforto, para tanto diversas famílias de Porto Alegre vem à cidade passar alguns dias de veraneio.
Sabe-se também que os veranistas vinham se banhar nas águas cristalinas do Rio Feitoria, havia um caminho pela atual
Rua Sapirnga que iniciava nas roças do Salão Sander e se direcionava até as margens do Rio Em sete de outubro do ano de 1939 noticiou-se no Correio de São Leopoldo o tradicional Kerb de São Miguel, do então 4º Distrito de São Leopoldo, foram realizadas danças em três salões: Sociedade dos Atiradores, Sander e Schmidt, na época pessoas de outras cidades do estado já se deslocavam para ali participar dos festejos. Os festejos do Kerb de São Miguel aconteciam entre três a cinco dias, tanto homens quanto mulheres tinham seus trajes guardados para esta ocasião: chapéus pretos de fita clara, paletós curtos e apertados, sapatos bem lustrados e meias compridas. A festa começava por volta das 15h e terminava no outro dia após a missa, as comemorações eram durante a semana, mas com o surgimento das indústrias e a imposição das leis trabalhistas, a festa passou a se adaptar à rotina de trabalho e passou a ser realizada nos feriados e fins de semana. Cabe mencionar que além destes festejos muitos casais realizaram suas festas de casamento no Salão Sander.
O escritor Josué Guimarães relatou na edição do dia 4 de dezembro de 1948 da revista O Cruzeiro como eram os festejos de Kerb em Dois Irmãos e o Hotel e Salão de Baile Sander, tornando assim este espaço também conhecido no país.
A historiadora e coordenadora por muitos anos do Museu Histórico Municipal, Tânia Becker, em reportagem do Jornal NH no ano de 1997 declarou que “Dois Irmãos tem todos os argumentos históricos e culturais para enriquecer seu potencial turístico através dos cafés coloniais”. Afirmou também a partir de relatos orais, que na época os moradores da cidade ainda produziam e consumiam as comidas que eram servidas nesses cafés antigamente: pão de milho, cuca, rosca, manteiga, käschmier, mel, nata, schmier, linguiça cozida e crua, café e leite, bem como aponta as diversas referências bibliográficas na qual o Salão Sander é mencionado.
Fonte: Ficha de inventário – Compac.

Histórico do município: Município integrante do Vale do Rio Feitoria, afluente do Rio Caí, sua história está ligada à colonização alemã no Estado, parte da antiga Colônia de São Leopoldo, instalada em 1824. Dois Irmãos recebeu os primeiros colonos a partir de 1825, entre eles Pedro Baum e família, lavrador e sapateiro, do Hunsrück.
A leva mais significativa de colonos imigrantes que ocuparam parte dos 249 lotes da “Linha Grande de Dois Irmãos”, foi a dos ex-náufragos do navio Cecília. O veleiro partiu do porto de Hamburgo em 1827 e surpreendido por uma tempestade no Canal da Mancha. Parcialmente destroçado, o navio com seus passageiros foi abandonado por seu capitão e pela marinhagem, ficando sem rumo até ser encontrado por um barco inglês que o conduziu para Plymouth, na Inglaterra. Aí permaneceram por cerca de dois anos, aguardando a definição de seus destinos. Aportaram no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1829, dia de São Miguel. Conta a tradição que em homenagem ao Arcanjo estabeleceram essa data como seu marco fundante. Até hoje ela é comemorada no “Michelskerb”, Kerb de São Miguel.
Em 1832 os colonos católicos inauguraram a capela em honra a São Miguel. O lugar onde foi erguido o templo é, provavelmente, o mesmo onde a partir de 1869 foi construído o outro, com traços góticos, concluído em 1880, que hoje se encontra a Antiga Igreja Matriz de São Miguel, tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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