Fortaleza – Antiga Alfândega


Imagem: Google Street View

O edifício da antiga alfândega compõe o conjunto portuário previsto no projeto do engenheiro inglês Jonh Hawksham para o porto de Fortaleza, elaborado no final do século XIX.

COEPA – Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará
Nome atribuído: Antiga Alfândega
Localização: R. Pessoa Anta – Fortaleza-CE
Número do Tombamento: Nº 032
Uso Atual: Caixa Cultural

Descrição: O edifício da antiga alfândega, localizado na Av. Pessoa Anta, na Praia de Iracema, compõe o conjunto portuário previsto no projeto do engenheiro inglês Jonh Hawksham para o porto de Fortaleza, elaborado no final do século XIX. O prédio foi construído por Tobias Laureano de Melo e Ricardo Lage, com base no contrato aprovado pelo decreto nº 8.943, de 12 de maio de 1883, tendo sido inaugurado em 1891.
O edifício constitui-se em um grande bloco central de dois pavimentos destinados à administração do conjunto mercantil da aduana e os armazéns, nos dois blocos laterais, um pouco mais recuados em relação ao primeiro. NA face leste, ligado ao armazéns, um edifício também de dois andares, destinados à administração do porto.
O imóvel, onde passaria a funcionar a alfândega, possui características das edificações ferroviárias, evidenciadas pelos detalhes formais e construtivos, tais como a plataforma de carga e descarga, protões de amplas dimensões, piso para tráfego intenso de carga e fachada despojada, revestida de pedra.
Os acessos ao bloco principal são feitos por dois grandes portões de ferro fundido, localizados no centro do prédio, nas faces norte e sul. A s esquadrias são em madeira, com detalhes em vidro e bandeiras em ferro fundido. Algumas têm molduras de alvenaria, em forma de arco abatido, e outras têm trabalho em cantaria. Linhas horizontais marcam piso superior da edificação e a parte superior da fachada è arrematada por platibanda com cimalha.
No interior, são encontrados adornos e elementos estruturais em ferro fundido e forjado. No saguão, colunas metálicas com fuste cilíndrico, decoradas com capitéis coríntios, escadaria monumental dupla em dois lances, balcões, corrimão e gradis oriundos de Glasgow, escolhidos nos catálogos da empresa Walter Mac Farlane.
À época da inauguração, isto é, ao final do império, o conjunto portuário passa a compor parte importante na estrutura econômica do Estado e peça fundamental no sistema de transporte interurbano, como nó de ligação com o transporte marítimo para importação/exportação.
Com o advento da República, o prédio sofre alterações para adaptar-se às exigências provenientes do novo regime. Na década de 1930, com a mudança de localização do porto para a enseada do Mucuripe, as atividades portuárias foram também transferidas e o prédio da alfândega passou a ser ocupado por outros setores da secretaria da Fazenda.
Nos anos 1980, o edifício foi adquirido pela Caixa Econômica Federal, que realizou obras de recuperação no prédio, após a sua quase destruição pelo incêndio ocorrido em 1978. Tido como edificação de indiscutível valor arquitetônico, o imóvel foi completamente reformado, conservando, entretanto seu aspecto externo inalterado. No interior, foi feito trabalho de reorganização dos espaços, com a instalação de divisórias, novos revestimentos de piso, forro e instalações para abrigar as novas atividades passando a funcionar como agência bancária.
Fonte: Coepa.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

FOTOS:

PANORAMA 360 GRAUS

MAIS INFORMAÇÕES:
Coepa
Wikipedia


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