Fortaleza – Capela de Santa Terezinha


Imagem: SeCult

A Capela de Santa Terezinha foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Capela de Santa Terezinha
Localização: Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Lei n° 6.087/1986

Descrição: A localização da Capela de Santa Terezinha, que teve sua construção iniciada em 14 de novembro de 1926, sendo inaugurada em 1928, encontra-se no outrora Bairro Arraial Moura Brasil, popularmente conhecido como “Curral”, área que serviu de campo de concentração dos retirantes das secas do final do século XIX. Em 1878 o Presidente da Província, Conselheiro Aguiar, baixa instruções dividindo os subúrbios da cidade em distritos (são nove distritos) para abrigar os emigrantes da seca, que ficam alojados nos abarracamentos, entre os quais está o distrito do Pajeú que naquela época correspondia ao trecho ocupado hoje pela Av. Leste-Oeste, entre as ruas Barão do Rio Branco, Sen. Pompeu e General Sampaio, e também a área que corresponde ao Marina Park e seus equipamentos.

A população advinda do interior a procura dos socorros públicos em consequência dos grandes contrastes climáticos, especialmente as secas de 77 a 79 do século XIX, ficavam nos chamados abarracamentos, acima mencionados, enquanto o governo providenciava trabalho e distribuição de alimentos a estes retirantes que eram feitos nos próprios campos de concentração. Rodolfo Teófilo no seu livro A Seca de 1915, assim se reporta: “os retirantes estiveram no Passeio Público até se preparar no alagadiço o futuro abarracamento o qual tomou não sei porquê nome de campo de concentração e o povo batizou de curral”.

O referido escritor fala do abarracamento de 1915, mas é provável que o nome de curral dado pelo povo venha das secas anteriores. Com o fim da estiagem muitos regressavam aos seus locais de origem ou emigraram para outras regiões do país, especialmente o norte, principalmente os homens, outros ficaram, sendo os socorros públicos suspenso. A população adventícia ficava assim privada da alimentação, que embora reduzida mantinha no limite da sobrevivência.

Rodolfo Teófilo, que acompanhou todo flagelo da seca, como sanitarista, descreve “João José Ferreira Aragão, prevenido com os abusos, que se davam na distribuição dos socorros direto como medida repressiva restringe quanto lhe foi possível a ração do faminto, suspendeu a construção de abarracamento em Fortaleza, igualmente a remessa de víveres para o sertão dizendo que quem quisesse comer viesse para a capital”.

Em consequência a mendicância e a prostituição, que são fenômenos que ocorrem em situação como esta, se instala nas vítimas da seca, especialmente na população feminina, que se vê privada do mínimo necessário para sobrevivência.

É provável que o que mais tarde seria uma área de prostituição conhecido popularmente como curral, área que corresponde ao abarracamento do Pajeú, fora depois denominado de Arraial Moura Brasil.

Para amenizar esta problemática social os moradores com o apoio da Igreja Católica, fazem movimento para construção da Capela Santa Terezinha, sendo esta santa da Igreja Católica venerada pela população do curral como protetora daquela comunidade onde em seus momentos de aflição, angústia ou desespero recorriam ao aconchego acolhedor do templo.

Com a expansão da cidade, e a construção na década de 70, da Av. Castelo Branco, conhecida como Leste-Oeste, o projeto da referida avenida previa não apenas a remoção dos moradores como de fato ocorreu, como também, a demolição do referido templo, mas em virtude das manifestações populares a Prefeitura resolveu preservar aquela capela. Entretanto, com a construção do projeto do Marina Park outra tentativa também ocorreu, talvez mais ameaçadora, pois foi proposta a construção de outra igreja mais ampla e moderna (Santa Edwirgens), agora não apenas para receber os remanescentes moradores do curral, mas pessoas de diferentes áreas da cidade, projeto este, que teve o apoio dos dirigentes da Paróquia a que estava subordinada a Capela. Ressalte-se também que as atividades da referida Igreja estavam parcialmente suspensas, em virtude de vários fatores.

Mais uma vez a população se mobiliza agora com apoio da Câmara Municipal que apresenta Projeto de Lei de nº 05/86, considerando de relevante interesse histórico e cultural para a cidade de Fortaleza.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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