Fortaleza – Casa do Barão de Camocim


Imagem: SeCult

A Casa do Barão de Camocim foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Imóvel à R. General Sampaio, n° 1632
Localização: R. General Sampaio, n° 1632 – Centro – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 12.304/2007

Descrição: Fica determinado o tombamento do imóvel situado na Rua General Sampaio, 1632, Centro, em conformidade com o que dispõe a Legislação Municipal em vigor, gerando todos os efeitos inerentes ao tombamento definitivo, bem como de seu entorno, com a seguinte poligonal: inicia-se no ponto A, definido pelo cruzamento da Rua 24 de maio com a Avenida Duque de Caxias; segue por esta a leste até o ponto B, definido pelo cruzamento da Avenida Duque de Caxias com a Rua Senador Pompeu; segue por esta a sul até o ponto C, definido pelo cruzamento das Rua Senador Pompeu e Clarindo de Queiroz; segue por esta a leste até o ponto D, definido pelo cruzamento das Ruas Clarindo de Queiroz e Barão do Rio Branco, segue por esta a sul até o ponto E, definido pelo cruzamento das Ruas Barão do Rio Branco e Meton de Alencar, segue por esta a oeste até o ponto F, definido pelo cruzamento das Ruas Meton de Alencar e Senador Pompeu; segue por esta a sul até o ponto G, definido pelo cruzamento das Ruas Senador Pompeu e Antônio Pompeu; segue por esta até o ponto H, definido pelo cruzamento das Ruas Antônio Pompeu e 24 de maio; por fim, segue por esta a norte, até encontrar o ponto A.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: O cearense Germiniano Maia, natural de Aracati, recebeu o título de Barão de Camocim da família imperial, por volta de 1880. Único título de barão outorgado pela Coroa portuguesa. Veio a Fortaleza com 17 anos para trabalhar, e se estabeleceu no ramo da exportação de tecidos, montando a Maison Louvre de Tecidos Finos, na Rua da Palma (hoje Major Facundo). O negócio foi de “vento em polpa”, e ele confia a loja a um sócio, mudando-se para a capital francesa.

Conta Marciano Lopes que, com a derrubada do Império, 1889, e o exílio da família imperial portuguesa em Paris, surgiu uma aproximação amistosa entre Germiniano Maia e a corte imperial portuguesa. Na volta ao Brasil com a família, Germiniano foi surpreendido por um presente: o título de Barão, fornecido pelo reino de Portugal. O Ceará teve 15 títulos de Barão: 13 deles concedidos pelo Império, um pelo Vaticano ao Barão de Studart (Guilherme Studart) e o mais importante conferido pelo Reino de Portugal a Germiniano Maia, o Barão de Camocim.

Foi em Paris que o Barão de Camocim conheceu Rose Nini Liabastre, moça de Lyon. Casaram-se e tiveram uma única filha, Cecília de Camocim Leite Barbosa. Depois de morar alguns anos em Paris, o Barão mudou-se com a família para Fortaleza e mandou construir sua mansão, calcada nos moldes do Renascimento europeu. A casa passou a ocupar quase um quarteirão na parte oeste da Praça de Pelotas (atual Praça Clóvis Beviláqua).

A casa do Barão de Camocim tinha o requinte das mais luxuosas casas do velho mundo. De Paris e de vários países europeus vieram todos os móveis e adornos: os tapetes, o piano do tipo Sttutgart, a prataria, as joias, os cristais, lustres espanhóis, candelabros de cristal trazidos da França, obras de arte produzidas por artistas europeus do século XVIII, estofados em estilo Luís XV, espelhos e consoles.

O prédio é uma das obras arquitetônicas mais antigas da cidade, construído no final do século XIX. Lá foram servidos banquetes a personalidades ilustres da sociedade, políticos e o clero, local, do Brasil e internacional.

Mais recentemente, segundo Vera Amora, bisneta do Barão, “parte do muro e de grades do jardim da casa foram derrubados para ampliação de um estacionamento. E o pouco que sobrou, como é o caso dos tapetes persas e do piano Sttutgart, sofrem com a ação do tempo e da falta de manutenção, sem falar da destruição de portões, portas, grades e janelas”

Diante do exposto, pela importância histórica, artística e arquitetônica do Palacete do Barão de Camocim na cidade de Fortaleza, considera-se de grande relevância o tombamento do referido bem, pois o imóvel constitui tipologia diferenciada, própria das residências faustosas e requintadas da classe dominante fortalezense da época. A relevância do tombamento da residência consiste ainda no fato de se constituir destacado exemplar da arquitetura residencial de Fortaleza, configurando-se como uma das raras edificações do tipo remanescentes na Cidade. Vale destacar sua importância como uma conjugação harmoniosa da utilização da linguagem própria do chamado “mission style”, associado à decoração requintada no seu interior, além do emprego de elementos tradicionais da arquitetura local.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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