Fortaleza – Casa do Português


Imagem: UFC – Foto: Bruno Bacs

A Casa do Português foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Casa do Português
Localização: Av. João Pessoa, nº 5094 – Bairro Damas – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.036/2012

Descrição: Fica tombamento, em caráter definitivo, o imóvel localizado na Av. João Pessoa, nº 5094, no Bairro Damas, nesta capital, denominado CASA DO PORTUGUÊS, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: Pressa excessiva ou certa insensibilidade talvez fizessem com que, à primeira vista, um prédio de arquitetura pouco convencional passasse despercebido na Avenida João Pessoa, em Fortaleza. Trata-se da Casa do Português, uma construção que já virou referência no bairro Damas.

Impossível, mesmo, é não percebê-la, seja pelos atuais quatro andares monumentais, pelos arcos equivalentes ou pela rampa lateral que permite tráfego de veículos por todos os pavimentos. Tudo isso símbolo do poder aquisitivo ostentado pelo primeiro dono e idealizador do prédio, o comerciante português José Maria Cardoso.

As obras para erguer a construção começaram no final da década de 1940 e acabaram no dia 13 de junho de 1953, data de inauguração do casarão, que inicialmente foi batizado de Vila Santo Antônio – e a placa com esse nome continua lá até hoje. O prédio popularizou-se mesmo como Casa do Português, uma referência explícita a Cardoso.

Na parada de ônibus bem em frente ao local, as opiniões de quem divide a rotina com a casa são semelhantes entre si. “Eu acho ela espaçosa, grande, mas precisa de uma bela reforma”; “Ela tem uma estrutura muito bonita, mas tá precisando de uma reforma, né?!”; “Se tivesse uma olhada pra ele, era um prédio muito valorizado. Rapaz, isso aqui tem um bocado de janeiro, um bocado mesmo”.

E põe janeiro nisso! Já são 58 anos de Vila Santo Antônio no cenário fortalezense. O historiador da Secretaria de Cultura de Fortaleza, Raimundo Marques, avalia a importância do prédio dentro de um contexto ainda maior: “A Casa do Português se localiza no corredor cultural de Fortaleza, que começa aqui na Praça da Estação, com a Estação João Felipe, e vai até o Centro Histórico da Parangaba”.

No decorrer dos anos 1960, José Maria Cardoso morou, junto com a família, em um dos pavimentos da casa, alugando os demais para o empresário Paulo de Tarso, que instalou a Boate Portuguesa. Também funcionaram, no local, órgãos como a Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural, Ancar, e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Emater-CE).
Fonte: UFC.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

MAIS INFORMAÇÕES:


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *