Fortaleza – Clube Náutico Atlético Cearense


O Clube Náutico Atlético Cearense foi tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Clube Náutico Atlético Cearense
Localização: Avenida da Abolição, nº 2727 – Bairro Meireles – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.038/2012

Descrição: Fica tombamento, em caráter definitivo, o imóvel localizado na Av. da Abolição, nº 2727, no Bairro Meireles, nesta capital, denominado CLUBE NÁUTICO ATLÉTICO CEARENSE, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: O Náutico Atlético Cearense, fundado em julho de 1929, com instalações simples – duas guaritas de madeira – em terreno alugado na Praia Formosa (área correspondente a ENCETUR e a Estação Ferroviária, centro de Fortaleza) foi uma agremiação criada, a princípio, para a prática de esportes náuticos. Constituiu-se num dos mais conhecidos cartões postais do Ceará, nos anos 1960, após construção de sua sede no bairro Meireles.

Segundo Mirtes Pontes:
“A idéia inicial da fundação do clube teria partido de Raul Faria de Carvalho e Ademísio Barreto V. de Castro, banhistas costumeiros da referida praia… Ligam-se à gênese do NAC, compondo o conjunto de sócios fundadores, além dos citados, os seguintes nomes: Pedro Coelho de Araújo, José Pompeu de Arruda, Wandemberg Gondim Colares, Fernando Fernandes de Melo, Júlio Coelho de Araújo, José Bezerra de Menezes, Tomé Coelho de Araújo, Renato Serra, José Brasil e Wilson Secundino do Amaral.

A esse grupo fundador, juntar-se-iam outros jovens, recrutados principalmente entre os que exerciam atividades comerciais e os alunos do Liceu. Dentre esses citam-se: Waldir Liedmann, José Fontenele, Vicente Lopes Gondim, Rubens Carvalho, Solon Frota, Mozart de Lagos Pontes Vieira, Carlos Brito, Aprígio Coelho de Araújo, Isaías Façanha de Andrade, Milton Frota Queirós, Secundiano Ferreira Guimarães, Cecílio Vieira Arcoverde, Silvério Abreu, Álvaro Costa, Pedro Ivo Galvão, Lourival Borges, Aluísio Riquet e Carlos Jereissati, entre outros (…)”

Após alguns anos, os sócios transferem as guaritas para terreno próprio, no início da Rua Barão do Rio Branco, e nele constrói pequena sede em alvenaria, estrutura que permanecerá até 1944. Pouco antes dessa data a diretoria inicia intensa campanha de aquisição de novos associados para implantação da sua terceira sede, a atual, no bairro Meireles, local de casas de veraneio, choupanas de pescadores e cajueiros. Com a compra do terreno, em 29 de maio de 1944, Pio Rodrigues (na época dono da Casa Pio, em funcionamento até hoje) presidente do clube, de 1946-1947, oferece água doce para os banhistas, com a perfuração de um poço, campos de voleibol, basquetebol e guaritas para troca de roupas.

Rodrigues, ainda na sua gestão, encarrega o europeu Emílio Hinko (1901-2002) de fazer o projeto da nova sede, iniciado em 11 de janeiro de 1948, sendo inaugurada em 19 de julho de 1952, parte da sede social. Hinko foi responsável por vários projetos em Fortaleza (Sanatório de Messejana, 1933, Palácio da Polícia Central, 1961,etc.), entre 1930 e 1950.

Daí em diante, as sucessivas diretorias, em consonância com o poder público municipal e capital privado empreenderam ampliações no Náutico, para deixar registrado seu trabalho e para atender reivindicações dos sócios.

O Náutico Atlético Clube, marcou os anos 1950-1960, por ter fomentando diversos eventos lúdicos e sociais na cidade, instaurando calendário próprio, a partir do qual eram agendadas e realizadas competições esportivas, bailes de carnaval, concursos de Miss, festas patrióticas, exposições de arte, etc., sendo que alguns desses acontecimentos tiveram caráter filantrópico. Destaque para o Carnaval da Saudade, cuja 1º edição foi em 1968, e a feira das nações, 1969.

Muitas dessas atividades passaram, a partir dos anos 1980, por uma necessária releitura, dadas as mudanças de diretrizes das administrações do clube, da escassez de público associado, da presença dos não-sócios e da concorrência com outros espaços, locais e formas de lazer. Providências cruciais que corroboraram para a permanência do clube entre as opções de divertimento de famílias, jovens e crianças, devido aos tão apreciados torneios esportivos, os carnavais da saudade, as festas de réveillon, e aos ambientes adequados, constantemente requisitados para cerimônias clássicas, tradicionais como casamentos, formaturas, lançamentos de livros, etc.

Para tanto, a preservação da arquitetura do Náutico está diretamente associada, e de acordo, com os novos usos, às transformações internas, de cunho logístico, pelas quais passaram e passam o Náutico. E, nesse sentido, é indispensável à salvaguarda desse imóvel, bem como do seu acervo fotográfico, entre outros registros, pertencente ao Arquivo do Náutico Atlético Cearense, bens inerentes ao nosso patrimônio documental, fontes de pesquisa para a crônica histórica cearense.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

MAIS INFORMAÇÕES:


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *