Fortaleza – Escola Jesus Maria José


Imagem: SeCult

A Escola Jesus Maria José foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Escola Jesus Maria José
Localização: R. Mangueira, n° 134 – Quintino Cunha – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 12.303/2007

Descrição: Fica determinado o tombamento do imóvel da Escola Jesus Maria José, situada na esquina da Rua Coronel Ferraz com Avenida Santos Dumont, em conformidade com o que dispõe a Legislação Municipal em vigor, gerando todos os efeitos inerentes ao tombamento definitivo, bem como de seu entorno, com a seguinte poligonal: inicia-se no ponto A na Rua Costa Barros, seguindo a leste até o ponto B na metade na quadra da Rua 25 de março, seguindo a sul até o ponto C, definido pela metade da quadra da Rua 25 de março com a Rua Franklin Távora; segue por esta a oeste até o ponto D, definido pelo cruzamento da Rua Franklin Távora com a Rua Governador Sampaio; por fim, segue a norte até encontrar o ponto A.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: Durante os primeiros anos do século XX, devido às constantes secas e à falta de recurso do Estado, coube ao bispado cearense dar conta da educação e da evangelização de grande número de crianças desvalidas. Para tanto, inicia a construção da Escola Jesus, Maria e José em 14 de setembro de 1902, sob a atenção de Dom Joaquim José Vieira, 2º Bispo do Ceará, sendo inaugurada em 22 de janeiro de 1905 e dirigida por irmãs de caridade da congregação de São Vicente de Paulo: “O mais belo patrimônio moral das nossas tradições”.

A referida escola nasce para implementar, através da educação infantil, um modelo de orientação moral e de atuação do sacerdócio no Ceará. Em regra, essa era uma prática comum de religiosos em busca de aceitação e prestígio; prova disso é que lá o ensino era baseado no estudo prático da escrita, da matemática, da leitura, voltada para as artes e ofícios, e o aprendizado das “instruções religiosas”. Com isso, tais religiosos, apoiados pelo governo, listam a Escola Jesus, Maria e José entre os primeiros prédios construídos para atender demandas escolares, pois, segundo Plácido Castelo, a normatização desse tipo de edificação acontecerá apenas em 1905, embora existissem o Liceu (1845) e a Escola Normal (1884).

Em funcionamento até os anos 1920, o lugar da Escola passa a abrigar a Casa Paroquial, ao lado da Igreja do Pequeno Grande, servindo para as reuniões e sessões da Paróquia de São José, cuja matriz é a Catedral, o Auditório da Rádio Assunção Cearense, que tinha seu estúdio vizinho, pela Rua Visconde de Sabóia, e uma firma de venda de equipamentos pesados para agricultura, como peças de tratores. E ainda a associação O Berço do Pobre, confiada ao zelo das mães cristãs pelo monsenhor Luis Rocha, e o Cine Paroquial.

Faz-se necessário, dessa maneira, a preservação desse imóvel, pois, têm-se aí informações importantes sobre a construção do espaço escolar, em Fortaleza, a partir de um processo histórico pautado em equipamento urbano apropriado, de forte caráter simbólico, cultural e religioso. É referencial também para a história social da infância em nossa cidade.

Por toda essa importância, o edifício, cedido à Prefeitura Municipal de Fortaleza pelo regime de comodato, servirá para abrigar atividades relacionadas à produção e expressão artística de imagens voltadas para toda comunidade, denominando-se Casa da Fotografia.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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