Fortaleza – Farmácia Oswaldo Cruz


Imagem: SeCult

A Farmácia Oswaldo Cruz foi registrada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Farmácia Oswaldo Cruz
Localização: R. Major Facundo, nº 576 – Centro – Fortaleza-CE
Resolução de Registro e Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.030/2012 e Decreto 13.040/2012
Bem de natureza material e imaterial

Descrição: Fica registrado no livro dos Lugares a FARMÁCIA OSWALDO CRUZ, nesta capital, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense. Fica tombamento, em caráter definitivo, o imóvel localizado na Rua Major Facundo, nº 576, Bairro Centro, nesta capital, denominado FARMÁCIA OSWALDO CRUZ, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Decreto de Registro.

Descrição: A farmácia Oswaldo Cruz é oriunda de um tempo em que as farmácias tinham uma importante e diferente relação com a saúde das pessoas, uma vez que as receitas de medicamentos, após prescritas pelo médico, passavam pelo farmacêutico e eram manipuladas, para só então serem entregues ao cliente. Este atendimento personalizado criava naturalmente um vinculo bem mais forte do cliente com a farmácia, que assim acompanhava de perto a saúde de seus usuários. É considerada a mais antiga farmácia de manipulação do Estado do Ceará.

Refletindo este momento histórico, a Farmácia Oswaldo Cruz dispunha em suas instalações, de todos os equipamentos necessários à manipulação dos remédios, na época em que se fazia necessário, bem como, acompanhando o desenvolvimento da indústria farmacêutica, passou a fornecer também os medicamentos já prontos, oriundos dos vários laboratórios que então passaram à fabricação dos remédios. Os medicamentos eram então expostos em altos e elegantes armários de madeira que ladeavam as duas paredes internas da farmácia. É, pois, de longas datas, a relação da farmácia Oswaldo Cruz com a sociedade fortalezense.

Construída no estilo eclético, na primeira metade do século XX, a farmácia ocupava uma posição de destaque na área comercial, situada em plena Praça do Ferreira, lugar de efervescência cultural e social na época de então. Ali, por muito tempo, até a década de 1970, tinha-se o costume das reuniõesnas calçadas dos mais variados grupos, para discussão de temas diversos, que iam da trivialidade ao erudito, e onde aconteceu a tão famosa vaia ao sol, que consta no anedotário cearense.

A edificação reflete, através de sua fachada ornamentada e a mixagem de elementos decorativos, a inquietação de uma arquitetura na busca de uma nova linguagem, que surge no ecletismo como forma de reviver a arquitetura antiga, mas com uso dos novos avanços tecnológicos da engenharia do século XIX.

O ecletismo, movimento arquitetônico predominante desde meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX, caracterizado pela simetria, dramaticidade, riqueza decorativa e emprego de novas tecnologias, teve em Fortaleza uma aplicação tardia, mas muito significativa ,o que deu à cidade, durante certo período, uma aparência homogênea e elegante, que aos poucos foi se perdendo com a descaracterização ou a destruição desta arquitetura.
Assim, é de extrema importância a preservação dos exemplares ainda remanescentes, testemunhos históricos que compõe a memória de uma cidade expressa através de sua arquitetura peculiar.

Este exemplar de arquitetura eclética, conhecido como Farmácia Oswaldo Cruz, apresenta-se em sua feição original, sem nenhuma descaracterização em seu aspecto formal, o que o distingue em especial como ícone de um momento histórico e representativo da cidade de Fortaleza.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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