Fortaleza – Ideal Clube


Imagem: SeCult

O Ideal Clube foi tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Ideal Clube
Localização: Av. Monsenhor Tabosa, nº 1331 – Bairro Meireles – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.039/2012

Descrição: Fica tombamento, em caráter definitivo, o imóvel localizado na Av. Monsenhor Tabosa, nº 1331, no Bairro Meireles, nesta capital, denominado IDEAL CLUBE, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: Nas primeiras décadas do século XX, os bairros Centro, Aldeota, Damas e Praia de Iracema consolidam-se enquanto espaços políticos, econômicos e culturais de grande relevância para Fortaleza, aspiração almejada por sua emergente elite. Para tanto, as famílias tradicionais, melhor, homens bem-sucedidos, comerciantes que trabalhavam com importação e exportação, intelectuais e profissionais liberais que fizeram fortuna e carreira profissional em Fortaleza, oriundos das “comarcas” (cidades) do interior cearense, investiram em referenciais que lembravam modernidade, civilização, associativismo, lazer, distinção e sociabilidade.

Nesse contexto, a construção e fomentação de diversos clubes sociais foram pertinentes, destacando-se o ClubeIracema, por exemplo, que foi um dos precursores desse tipo de organização social, pautado em festas requintadas e jogos de salão, que também suscitaram e inspiraram a criação de outros clubes, como o Ideal Clube, para atender a crescente demanda de espectadores, empreendedores e usuários.

Desse modo, o Ideal Clube é estabelecido em 15 de junho de 1931, com a sua primeira sede situada no bairro das Damas, passando a representar e acolher as famílias da elite burguesa de Fortaleza, uma vez que foi fundado por ricos comerciantes, industriais e banqueiros, os “Doze das Damas”, acrescentando ainda o nome de Fernando de Alencar Pinto.

Situado inicialmente (1931) no bairro Damas, localização privilegiada na época, o Ideal Clube, primeiro equipamento do gênero a se localizar longe do perímetro urbano, ou seja, no aconchegante e arrojado sítio de Luiz Gonzaga Flávio da Silva, corroborava os anseios da burguesia local. O Ideal Clube construiu uma segunda sede, em 1932, na Praia de Iracema, na Rua dos Tabajaras, continuando a funcionar a filial das Damas para os grandes eventos. No entanto, “a partir de 1935, com a inauguração do restaurante, a sede Iracema vai-se firmando cada vez mais como local de preferência, sendo assumida de forma definitiva”. E entre 1940 e 1946, a sede da Praia de Iracema passa a ser gradualmente substituída por outra com melhores instalações na Avenida Monsenhor Tabosa , nº 1331, Bairro Meireles (endereço atual) – o que só ocorrerá efetivamente em 1960 – , deixando em segundo plano o ingresso à praia, como era de bom tom, no intuito de oferecer mais conforto e sofisticação aos associados. O imóvel possui característica do “estilo Missões”, uma vertente da arquitetura neocolonial.

Em fins do século XX, o discurso da sociabilidade, do lazer saudável, praticado com categoria e classe, difundido pelos gestores, associados e apreciadores do Ideal Clube, é significativamente renovado. Isso se dá no momento em que as famílias frequentadoras do clube aderem às causas sociais e prestam serviços a instituições como a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, em nome da vida esportiva e cultural da população fortalezense.

O Ideal Clube, em tempos contemporâneos, ainda cultiva esses valores, sustentados por uma bela e memorável arquitetura situada à beira-mar, por meio dos trabalhos de uma extensa e atuante diretoria administrativa dividida em setores (comercial, financeiro, cultural, etc.), que promove cotidianamente eventos culturais, lançamentos de livros, exposições de arte e desporto para os mais de 1.000 sócios e visitantes.

Desse modo, por se tratar de um espaço de grande relevância para a memória social da cidade de Fortaleza, tornou-se relevante o tombamento definitivo do prédio do Ideal Clube no âmbito municipal.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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