Fortaleza – Igreja do Senhor do Bom Jesus dos Aflitos


Imagem: SeCult

A Igreja do Senhor do Bom Jesus dos Aflitos foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Igreja do Senhor do Bom Jesus dos Aflitos
Localização: Praça da Matriz, s/n – Bairro Parangaba – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 12.407/2008

Descrição: Fica determinado o tombamento em caráter definitivo do imóvel localizado na Praça da Matriz, s/n, Bairro Parangaba, denominado Igreja do Senhor do Bom Jesus dos Aflitos, tendo em vista o seu valor simbólico e histórico-cultural para os munícipes.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: A Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos foi sendo estabelecida a partir de 1664, durante o processo de colonização e de instalação das missões e aldeamentos jesuítas e da ocupação indígena no Ceará. Mais precisamente quando os padres jesuítas Jacob Cócle e Francisco de Cassali deslocaram os índios Potiguara, que se encontravam no rio Ceará, para Porangaba, formando o aldeamento homônimo. Para tanto, construíram, com a colaboração dos índios chefiados por Antônio Felipe Camarão, uma capela sob a invocação de Bom Jesus dos Aflitos, devoção oriunda da angústia do povo que recorreu ao Senhor Bom Jesus durante a batalha do Pico do Cascalho entre tropas de Portugal e Espanha, em 1582. Essa adoração foi reforçada pelo jesuíta Francisco Pinto durante missão empreendida por este religioso na Serra da Ibiapaba, em 1607.

Em 25 de outubro de 1759, por Ordem Régia, as aldeias indígenas foram transformadas em vilas e Porangaba passa a se chamar Real Vila Nova de Arronches. No final dos anos 1880 volta novamente a denominar-se Porangaba. Neste período, a referida capela sofre uma série de reformas atreladas à consolidação da paróquia na região e à festa da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos, do padroeiro de Arronches/Porangaba, comemorada desde 1816 pelos caboclos (descendentes dos índios da Porangaba), cuja imagem teria sido doada por D. João VI. Tais fatores contribuíram para a completa edificação da Igreja do Senhor Bom Jesus dos Aflitos, em 1876, erguida nos moldes estruturais que permanecem atualmente, salvo reparos persistentes.

A trajetória histórica e a memória vigente que entrecruza diversos tempos, sujeitos e espaços da Igreja da Parangaba, como popularmente é conhecida, pode ser observada através da bela estrutura arquitetônica eclesiástica, da arte sacra espalhada no interior da igreja,ou melhor, das imagens do Santo Sepulcro, de Bom Jesus dos Passos, Coração de Jesus, N. Sra. Das Graças, São José e N. Sra. Perpétuo Socorro. Marcas do trabalho catequético jesuítico, das ações indígenas (séculos XVII e XVIII), do poder provincial no Ceará (século XIX) e da religiosidade dos paroquianos da grande Parangaba que cotidianamente frequentam a igreja para trabalhar, rezar, depositar esmolas, pesquisar, participar de encontros, casar, confessar e realizar outras práticas religiosas católicas.

Nesse sentido, fez-se necessário o tombamento municipal desse templo, visto que é uma referência para a história colonial cearense, consagrado pela tradição e pela fé de vários grupos sociais que se expressam nos cantos e ladainhas entoadas na Festa da Coroa, nas orações das missas dominicais e até mesmo em trabalhos bibliográficos e acadêmicos.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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