Fortaleza – Mercado dos Pinhões


Imagem: SeCult

O Mercado dos Pinhões foi tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Mercado dos Pinhões
Localização: Praça Visconde de Pelotas – Centro – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 12.368/2008

Descrição: Fica determinado o tombamento em caráter definitivo do imóvel localizado na Praça Visconde de Pelotas, Bairro Centro, denominado Mercado dos Pinhões, tendo em vista o seu valor simbólico e histórico-cultural para os munícipes.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: O Mercado dos Pinhões, localizado na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões), entre as Ruas Gonçalves Ledo e Nogueira Acioli, bairro da Aldeota, funciona atualmente como ponto comercial de artesanato, de alimentos e promoção de cursos, oficinas e apresentações culturais. Foi implantado no local no dia 12 de julho de 1938. Sua estrutura é em ferro fundido, remanescente de uma das partes do Mercado de Ferro construído em fevereiro de 1896 e inaugurado a 18 de abril de 1897, na área central de Fortaleza, melhor dizendo, na antiga Praça Carolina, que depois passou a se chamar Praça José de Alencar, Praça Capistrano de Abreu e, posteriormente, Praça Waldemar Falcão, a qual abriga ainda alguns edifícios de interesse cultural, tais como o Palácio do Comércio, a agência do Banco do Brasil e a sede dos Correios e Telégrafos.

O Mercado de Ferro foi desmembrado em 1938 devido ao destaque que tivera o Mercado Central, a partir de 1932, e ao decreto nº 52 de 19 de dezembro de 1937 da Câmara Municipal, na gestão do Dr. Raimundo de Alencar Araripe, que autorizou o desmonte. A outra parte do Mercado de Ferro foi implantada em 20 de março de 1968 no bairro da Aerolândia, localizada na BR-116, nº 5431.

Desse modo, o Mercado de Ferro, obra erguida na administração do intendente (prefeito) Guilherme César da Rocha e do presidente (governador) comendador Antônio Pinto Nogueira Accioly, entre 1896-1897, realizada com dinheiro conseguido através de bilhetes de crédito conhecidos como “borós”, utilizou o ferro pela primeira vez, não só como instrumento de suporte, mas, como bela ornamentação fabricada na França, nas oficinas de Guillot Pelletier, em Orleans, planejada pelo engenheiro arquiteto Lefévre, seguindo uma prática em voga na Europa. O Mercado servia como local da venda carne verde (fresca) e de verdura. Simbolizou a tentativa de consolidar os preceitos da modernidade, salubridade e progresso em Fortaleza, no final do século XIX e no início do século XX, junto a outras normas impostas às demais edificações, logradouros e praças existentes, como por exemplo, ao Passeio Público e à Santa Casa de Misericórdia

O uso do ferro, o enquadramento do espaço comercial e, ainda, as calçadas em granito cearense, além de encher a comunidade local de orgulho e deslumbramento, fomentaram um processo de aceitação desse tipo de empreendimento por parte da população que comercializava e/ou consumia vários gêneros alimentícios e especiarias vendidas nas ruas ou em locais não autorizados, sem o aval da fiscalização pública, escapando das leis provinciais.

Assim, o Mercado de Ferro representa o resultado de um conjunto de ações civilizatórias ligadas ao controle social, a reformas urbanas, a “espetacularização das mercadorias” e, consequentemente, a criação do desejo de consumo. Essas marcas, a princípio, foram repassadas, literal e concretamente, para as bases do Mercado dos Pinhões, que hoje se encontra em bom estado de conservação, sendo propriedade da Prefeitura de Fortaleza.
Fonte: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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