Fortaleza – Palácio Jõao Brígido e Bosque do Pajeú


Imagem: SeCult

O Palácio Jõao Brígido e Bosque do Pajeú foi tombado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Palácio Jõao Brígido (Paço Municipal) e Bosque do Pajeú que o circunda
Localização: R. São José, entre a R. Rufino de Alencar e a R. Costa Barros – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 11.909/2005

Descrição: Fica determinado o tombo histórico e cultural do Palácio João Brígido (Paço Municipal) e do Bosque do Pajeú que o circunda, delimitado pelo gradil e muros, localizado na Rua São José, entre as Ruas Rufino de Alencar e Costa Barros.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: O Paço Municipal ou Palácio do Bispo, cuja denominação oficial é Palácio João Brígido, em homenagem ao jornalista, advogado e político que adotou o Ceará como moradia, de acordo com a Lei nº 4.176, de 21 de maio de 1973, está localizado à Rua São José, entre as ruas Rufino de Alencar e Costa Barros, constituindo-se em uma construção datada da primeira metade do século XIX. Originalmente de linhas neoclássicas, o sobrado destacava-se pelas aberturas encimadas com arcos plenos, apresentando uma predominância de cheios sobre vazios e um aspecto compacto, este expresso pelos altos muros que cercavam a edificação.

Hoje, o Paço exibe em sua fachada principal um arranjo eclético, marcado pelo desenho neoclássico das molduras de suas portas e janelas e pelos arremates Art Déco de seu frontispício. A fachada leste, voltada para o bosque, apresenta varanda e escadaria monumental. Esses acréscimos foram impostos ao imóvel, respectivamente, nas primeiras décadas e na década de 70 do século XX .O bosque Dom Delgado, espaço aberto do sítio, é repleto de mangueiras, azeitoneiras, pitombeiras e palmeiras de dendê que dividem o lugar com os jardins projetados por Burle Marx. Aí também o segundo baobá da cidade, ao lado de espécies exóticas.

Sabe-se que a edificação pertenceu inicialmente ao Sargento-Mor Antonio Francisco da Silva, tendo sido adquirido posteriormente pelo Comendador Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, rico comerciante que tinha aí instalado o seu comércio e que foi seu proprietário até 1860, quando então foi vendido, por escritura pública, para a Tesouraria da Fazenda do Império e cedido à Diocese, para residência do Bispo de Fortaleza

De acordo com os registros, em 1892, pela Lei nº 25, foi cedido em usufruto para o Bispado, até que em 1911, pela ordem nº 226, da Diretoria do Gabinete do Ministério da Fazenda, foi posto à venda e, em março de 1912, foi adquirido por compra pela Diocese, a quem pertenceu até 1973, quando novamente voltou a ser propriedade do poder público, no caso agora, sede do gabinete da Prefeitura de Fortaleza.

Diante desse quadro, o tombamento do Palácio João Brígido (Paço Municipal) justifica-se pela importância histórica do espaço da cidade em que está inserida a edificação, como referencial mais antigo do processo histórico que constituiu a cidade de Fortaleza, como também, os valores simbólicos agregados ao prédio do Paço Municipal, que o transforma num significativo espaço de memória.
Fone: SeCult.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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