Fortaleza – Pavimentação da R. José Avelino


Imagem: Google Street View

A Pavimentação da R. José Avelino foi tombada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE por sua importância cultural para a cidade.

COMPHIC – Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural
Nome Atribuído: Pavimentação da R. José Avelino
Localização: R. José Avelino – Fortaleza-CE
Resolução de Tombamento: Decreto n° 13.035/2012

Descrição: Segundo estudos do arquiteto Liberal de Castro para abertura do processo de tombamento do calçamento da antiga rua do Chafariz, hoje denominada Rua José Avelino, em homenagem a José Avelino Gurgel do Amaral (1843-1901), aracatiense, bacharel e doutor em direito, jornalista e deputado, a cidade de Fortaleza, construída sobre imenso areal cercando pântanos, sempre apresentou muitas dificuldades à mobilidade urbana, seja de pessoas, animais e/ou veículos. A pavimentação reivindicada desde o século XVIII, só foi atendida na segunda metade do XIX, e num momento de crise, quando se precisou realizar obras públicas para aproveitar a mão de obra de sertanejos que migraram para a cidade por ocasião da seca de 1877. As pedras da pavimentação, nesse período, vinham da pedreira do Mucuripe.

No início do século XX, esta pavimentação foi ampliada e adaptada para receber os trilhos dos bondes da Ligth. A criação de uma linha de “auto-bonde” gerou muitos conflitos entre as empresas Ligth e Pedreira, levando inclusive a acontecer conflitos de rua. A pavimentação das ruas se foi uma exigência do passado, a instalação dos bondes foi um marco na modernização da cidade. Como pode-se constatar “as pedras” da Rua José Avelino, mais do que pedras são vestígios materiais e signo dos movimentos das pessoas que fizeram e fazem a cidade de Fortaleza.

Portanto, justifica-se o tombamento porque se trata de um dos poucos trechos da zona antiga de Fortaleza que ainda mantém pavimentação original em pedra tosca. Diante do que foi exposto compreende-se a importância dada a essa rua pela representação que ela possui na memória e na história da cidade de Fortaleza, em particular na história dos transportes coletivos. Também, nos chama atenção o momento de intervenção que vem sofrendo a referida rua, com a presença de um comércio (feira livre), o que proporcionou grande preocupação do poder público municipal, pela ocupação desenfreada do logradouro, ocasionando conflitos e queixas, com prejuízos materiais ao patrimônio público.
Fonte: SeCult.

Descrição: Fica tombamento, em caráter definitivo, a PAVIMENTAÇÃO DA RUA JOSÉ AVELINO, nesta capital, haja vista o seu alto valor simbólico, portador de inelutável referência à identidade e à memória da sociedade fortalezense.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Histórico do município: Capitania dependente, o Ceará teve a sua formação econômica iniciada no século XVII com a pecuária, para fornecer carne e tração à economia açucareira estabelecida na Zona da Mata. E Fortaleza, fundada em 13 de abril de 1726, ficou à margem.

Nessa fase, a cidade primaz era Aracati. Icó, Sobral e Crato também ocupavam o primeiro nível na hierarquia urbana no final do século XVIII. Ao contrário de Aracati, de Icó e de outras vilas setecentistas fundadas nas picadas das boiadas, Fortaleza achava-se longe dos principais sistemas hidrográficos cearenses – as bacias dos rios Jaguaribe e Acaraú – e, portanto, à margem da atividade criatória, ausente dos caminhos por onde a economia fluía no território.

Por todos os setecentos, a vila não despertou grandes interesses do Reino, não tendo desenvolvido qualquer atividade terciária. Mas, em 1799, coincidindo com o declínio da pecuária (a Seca Grande de 1790-1793 liquidou com a atividade), a Capitania tornou-se autônoma, passando a fazer comércio direto com Lisboa, através, preferencialmente, de Fortaleza, que se torna a capital.

De 1808 em diante, com a abertura dos portos, o intercâmbio estendeu-se às nações amigas e, em especial, à Inglaterra, para onde o Ceará fez, em 1809, a primeira exportação direta de algodão.

Como capitania autônoma, o Ceará ingressava então na economia agroexportadora. O viajante inglês Henry Koster, que, exatamente nessa época (1810), visitou Fortaleza, não a enxergava com otimismo: “Não obstante a má impressão geral, pela pobreza do solo em que esta Vila está situada, confesso ter ela boa aparência, embora escassamente possa este ser o estado real dessa terra. A dificuldade de transportes (…), e falta de um porto, as terríveis secas, [todos esses fatores] afastam algumas ousadas esperanças no desenvolvimento da sua prosperidade”.

Em 1822, com o Brasil independente, o Ceará passou a província; no ano seguinte, a vila de Fortaleza foi elevada a cidade, o que robusteceu o seu papel primaz, dentro já da política de centralização do Império. As propriedades agropecuárias da província, a principal riqueza de então, pertenciam a pouco mais de 1% da população livre. Dado que a Lei de Terras, de 1850, só fez contribuir para a concentração fundiária, estavam fincadas então as bases das desigualdades de renda e riqueza que, embora em menor proporção, observam-se até os dias atuais no Ceará e em Fortaleza.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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