Ibiraci – Reinado da Comunidade Negra de Ibiraci


Imagem: Marcos da Costa Martins

O Reinado da Comunidade Negra de Ibiraci foi registrado pela Prefeitura Municipal de Ibiraci-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Ibiraci-MG
Nome atribuído: Reinado da comunidade negra de Ibiraci
Localização: R. Marechal Floriano peixoto, s/n – Ibiraci-MG
Decreto de Tombamento: Decreto n° 3310/2010

Descrição: Apesar de ser uma devoção tradicional há mais de um século no município, segue como virtual desconhecida, tendo em vista sua condição marginal e o hermetismo da cidade, que falha no acolhimento ao congado. Não são muitos os moradores da região central do município que prestigiam esta festa. Muitos, inclusive confundiam, no dia 13 de maio, a procissão do Rosário com a celebração para Nossa Senhora de Fátima, que é comemorada neste mesmo dia. A maior parte dos que vão à festa são da vizinhança da Capela do Rosário e muitos vêm das regiões rurais adjacentes. Desta forma, fica evidente a centralidade da Capela do Rosário para  este culto, na medida em que é um testemunho visível desta devoção. A capela e a festa do Rosário são poderosos ímãs que reúnem em torno de si, bares e uma pequena multidão que aguarda o ano todo com alegre expectativa esta oportunidade de socialização e de movimento festivo de gentes.
Nesta cidade, os “problemas” do congado, dizem respeito aos conflitos de atribuições, de maneira geral comuns no desempenho de funções rituais, mas, que no presente contexto, acabaram por perturbar a prática, na medida em que o marco regulatório, o estatuto do reinado, perdeu sua eficácia e deixou de ser respeitado. O estatuto dos ternos e guardas são documentos que podem ser remontados aos estatutos da Irmandade do Rosário, muitos dos quais, nomeados Compromissos, como é o caso, por exemplo, do Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês dos pretos crioulos, em Sabará de 1796.
Fonte: Marcos da Costa Martins.

Descrição: A festa do Rosário promovida pelo Reinado de Congo em Ibiraci desenrola-se da seguinte maneira. No dia 13/05, data fatídica da assinatura da Lei Áurea, o reinado reunido na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores executa suas louvações às imagens de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Com as danças e cantos do Moçambique e do terno de Congo Jacinto Honório, saem em procissão com as imagens em direção à capela do Rosário, onde é celebrada uma missa. Após, procede-se ao levantamento das bandeiras. O mordomo vistoria os mastros e as bandeiras, que são levadas pelas suas protetoras – as Rainhas de Bandeira – e depois as entrega, uma de cada vez, ao capitão de Moçambique. O Rei Perpétuo aparafusa as bandeiras que são saudadas depois com demons- trações do moçambique e do congo.
No dia 30/05, a festa inicia-se pela manhã com a recepção dos ternos visitantes vindos das cidades da região. A seguir acontece um almoço no salão paroquial preparado pelos próprios congadeiros. Logo após, o moçambique busca o reinado, que recebe os cumprimentos dos ternos locais e visitantes em frente à Igreja Matriz para depois sair em procissão rumo à capela do Rosário. A procissão conta com o reinado completo, com os reis congos apresentando-se de manto e coroa, e os reis perpétuos, que além do manto e coroa levam nas mãos as coroas de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Abaixo destes na hierarquia, encontram-se o meirinho, encarregado das mensagens, as rainhas de bandeira e a rainha das flores, esta última responsável pela decoração dos andores. Na porta da capela do Rosário, o mordomo recebe o Reinado e os conduz às cadeiras dispostas no alto da escadaria em frente às bandeiras levantadas no dia 13 /05. Após as louvações de cada terno e do moçambique, os mastros são descidos, e o Capitão de moçambique retira as bandeiras que são entregues ao mordomo e, posteriormente, às
Rainhas respectivas. Assim terminam as celebrações até o próximo ano.
Fonte: Ficha de inventário.

Histórico do município: Segundo a tradição, os primeiros moradores do atual município teriam vindo em época não apurada, fugidos da justiça portuguesa, aí se radicando definitivamente. Já em princípios do século XVIII, as terras de Ibiraci possuíam diversas fazendas, com seus senhores e escravos. Nesta época, as principais pessoas da região resolveram erigir sob a invocação de Nossa Senhora das Dores, uma igreja, nas proximidades do atual povoado de Aterradinho, mas as dificuldades surgiram pela falta de água para a construção. Consegui-se então de D. Faustina Maria das Neves, a doação de um terreno, isto no ano de 1819, iniciando-se a construção do templo, e sendo encarregado, o tenente João Felizardo Cintra, considerado, pela tradição, como o fundador da cidade.
A construção da Igreja de Nossa Senhora das Dores do Aterrado foi o núcleo inicial a congregar os fazendeiros da região, de onde surgiu a povoação.
O topônimo Ibiraci, é de origem indígena, podendo ser traduzida por ‘mãe da árvore’. Desconhece-se as razões que teriam determinado a troca do topônimo de Dores do Aterrado para Ibiraci.
Fonte: IBGE.

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IBGE
Marcos da Costa Martins


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