João Pessoa – Imóvel onde residiu Anayde de Azevedo Beiriz


2019 Imagem: Google Street View

O Imóvel onde residiu Anayde de Azevedo Beiriz, em João Pessoa, foi tombado pelo IPHAEP por sua importância histórica para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Imóvel onde residiu Anayde de Azevedo Beiriz
Localização: R. Santo Elias, n° 176 – Centro – João Pessoa-PB
Decreto de Tombamento: Decreto n° 23.552, de 07/11/2002
Publicação no Diário Oficial: D.O. 08/11/2002

Descrição: O corpo aqui observado é o da professora e escritora Anayde de Azevedo Beiriz (Parahyba do Norte, 18 de fevereiro de 1905 — Recife, 22 de outubro de 1930), que diplomou-se pela Escola Normal em 1922, com apenas 17 anos, destacando-se como primeira aluna da turma. Logo que se formou, conseguiu um emprego e passou a ensinar na Escola da Colônia de Pescadores Z-2, em Cabedelo.
Apesar de ter uma origem modesta, sendo filha da sertaneja Maria Augusta e José Costa Beiriz – um gráfico do jornal “A União”, as amizades construidas na Escola Normal, aliadas ao cultivo das letras, permitiram-lhe frequentar rodas da sociedade, comparecendo às tertúlias e saraus denominados “lítero-dançantes”, realizados periodicamente em residências das personalidades da época. Em 1925, foi a vencedora de um concurso de beleza promovido pelo Correio da Manhã.

Chamava a atenção os seus olhos de cor negra, que lhe valeram o apelido, em seu círculo de amizades, de “a pantera dos olhos dormentes”, além disso, foi uma das integrantes do grupo literário paraibano de influências modernistas, conhecidos como Os Novos, sendo entre eles a única mulher. Para a mentalidade conservadora da sociedade brasileira à época, particularmente na Paraíba, Anayde não era uma mulher bem vista por causa das ideias progressistas que alimentava: como poetisa, participava ativamente do movimento intelectual, envolvida em acontecimentos artísticos e frequentando saraus literários, vale ressaltar que nesse período o modernismo crescia e multiplicava-se pelo país e a sociedade paraibana vivenciava esse cenário de transformações sociais e culturais; como cidadã, defendia a participação das mulheres na política, em uma época em que sequer podiam votar.

Anayde ousava em sua aparência, vestindo roupas decotadas, usando rouge e batom, saindo à rua desacompanhada e apresentando um corte de cabelo “à la garçonne”, o qual é visto como o símbolo desse tempo moderno, diz-se que a mesma lançou moda, rompendo as barreiras impostas ao sexo feminino na década de 1920, sendo até mesmo considerada como percursora do movimento feminista no Brasil na Primeira República.
Foi jornalista colaboradora da “Revista da Cidade”, no Recife, publicou alguns de seus escritos na revista “Era Nova”, editada na Parahyba por Severino de Lucena, e na “Revista da Semana”, a primeira na imprensa alternativa paraibana e identificada com o movimento modernista. Todavia, foram os seus relacionamentos amorosos, que lhe garantiram a vigilância do seu corpo perante o seu meio social.

Adquiriu uma maior visibilidade na História da Paraíba, devido as tramas políticas e morais que culminaram com o evento conhecido como “Revolução de 1930”, sua imagem encontra-se vinculada a do seu namorado João Dantas, advogado e jornalista que assassinou o presidente do Estado – João Pessoa, em 1930. Todavia, em 2005, no centenário de seu nascimento, uma série de homenagens foram feitas, entre as quais, destacando-se o lançamento do livro “Anayde Beiriz: panthera dos olhos dormentes”, esse material até então era inédito, é composto por sessenta cartas trocadas entre ela e um namorado anterior a Dantas, Heriberto Paiva, estudante de medicina, que residia no Rio de Janeiro. Tal correspondência, transcrita por ela numa espécie de diário daquele romance à distância entre agosto de 1924 até setembro de 1926, intituladas como “Cartas do Meu Grande Amor”; foram guardadas por sua família e, por ocasião dessa data, foram publicadas e organizadas pelo médico e escritor Marcus Aranha.
Fonte: Marcilene Pereira Barbosa.

Histórico do município: É controvertido o significado do topônimo dado ao rio Paraíba. Para Elias Erckman, Paraíba significa rio mau, porto ruim, ou mar corrompido. Varnhagen também indica a tradução de rio mau e Teodoro Sampaio, a de rio impraticável. Segundo Coriolano de Medeiros, porém, o significado exato seria braço de mar, pois os primeiros geógrafos que estudaram o rio tomaram-no por um braço de mar, sendo provável, assim, que o gentio da terra como tal o tivesse considerado, dando-lhe o nome com a precisão com que batizavam os acidentes do terreno.

Toda a região do São Domingos (primeiro nome dado ao Paraíba) era habitada por índios, estes influenciados pelos traficantes franceses de pau-brasil, interessados em conservá-los hostis a exploradores de outras nacionalidades. Assim é que, em 1574, foram os índios levados a tomar parte no ataque ao engenho de Diogo Dias, em terras da Capitania de Itamaracá no qual se verificou grande morticínio de brancos. Desde essa época, sucederam-se tentativas de colonização, pois o Rei de Portugal temia que os franceses ali se estabelecessem definitivamente. Foram construídos fortes na foz do rio e em terra travaram-se diversas batalhas, de resultados contrários aos portugueses.

Em março de 1585, chegava à Paraíba Martim Leitão, Ouvidor Geral da Bahia, chefiando uma expedição que deveria restaurar os fortins da barra e desalojar os franceses de diversas posições. Em 2 de agosto do mesmo ano, nova tentativa, chefiada pelo Capitão João Tavares, que se aproveitou das desinteligências surgidas entre as duas tribos que habitavam as margens do Paraíba e rios próximos, conseguindo insinuar-se entre os Tabajaras e firmar um pacto de amizade com o seu morubixaba o índio Piragibe. O acordo verificou-se no dia 5, numa colina à direita do rio Sanhauá, pequeno afluente do Paraíba. É nesse local que hoje se situa a cidade de João Pessoa.

Em homenagem ao santo do dia, o lugar tomou o nome de Nossa Senhora das Neves, até hoje padroeira da cidade. Em honra ao rei da Espanha, que dominava Portugal, a cidade recebeu o nome de Felipéia.
Em novembro do mesmo ano, chegavam várias famílias, levadas pelo Ouvidor-Geral Martim Leitão, que providenciou também a construção de fortes, igrejas e casas de moradia.
As lutas com os índios prosseguiram ainda durante anos, ora contra os Tapuias, que viviam no interior, ora contra os Potiguares, que habitavam o norte.
Desenvolveu-se lentamente a cidade, aonde depois veio a radicar-se Duarte Gomes da Silveira, companheiro de Martim Leitão, numa de suas expedições. A fim de estimular o progresso da cidade, instituiu prêmios para recompensar os habitantes que levantassem casas de moradia tendo fundado (a 6 de dezembro de 1639) o Morgado Salvador do Mundo, como patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Paraíba.

A 24 de dezembro de 1634 foi a cidade ocupada pelos holandeses, depois de ataques aos fortins da barra, defendidos pelas tropas aquarteladas em Cabedelo. Contava Felipéia 1.500 habitantes e em suas imediações funcionavam 18 engenhos de açúcar. Com a aproximação das forças batavas, o povo abandonou a cidade, depois de incendiar os prédios mais importantes. Comandados pelo Coronel Segismund Von Schkoppe, 2.500 homens invadiram a cidade, que tomou o nome de Frederikstadt.
O povo paraibano não se sujeitou ao jugo estrangeiro e seu espírito de resistência teve como símbolo a figura de André Vidal de Negreiros, organizador do movimento de reação. E em 1654, vencidos os invasores e obrigados a retirada para o seu país, tomou posse do cargo de governador João Fernandes Vieira.
A capital chamou-se Paraíba do Norte até 4 de setembro de 1930, quando teve seu nome mudado para João Pessoa, em homenagem ao Presidente do Estado, assassinado no Recife, em plena campanha política. Sua morte foi uma das causas imediatas da Revolução de 3 de outubro daquele ano.
Fonte: IBGE.

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Marcilene Pereira Barbosa


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