João Pessoa – Mausoléu do Ex-Interventor da Paraíba Anthenor Navarro


O Mausoléu do Ex-Interventor da Paraíba Anthenor Navarro, em João Pessoa, foi tombado pelo IPHAEP por sua importância histórica para o Estado da Paraíba.

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba
Nome Atribuído: Mausoléu do Ex-Interventor da Paraíba Anthenor Navarro
Localização: Cemitério Boa Sentença – João Pessoa-PB
Decreto de Tombamento: Decreto nº 23.808, de 27/12/2002

Descrição: Antenor de França Navarro nasceu na cidade da Paraíba, hoje João Pessoa, no dia 31 de agosto de 1899, filho de Francisco Xavier Navarro e de Maria Espínola de França Navarro. Seu pai, oriundo de uma família economicamente decadente de Mamanguape, no interior do estado, era pequeno comerciante na capital.

Enquanto concluía o curso preparatório no Colégio Pio Americano da Paraíba, Antenor esteve ligado a um grupo de jovens intelectuais paraibanos, colaborando nos jornais A União e O Combate e na revista Era Nova.

Em 1919 formou-se engenheiro geógrafo no Rio de Janeiro, para onde se transferira com o objetivo de cursar a Escola Politécnica. Uma vez diplomado mudou-se para São Paulo, passando a trabalhar na Prefeitura Municipal da capital e na Companhia Construtora de Santos, dirigida na época por Roberto Simonsen. De volta ao Rio de Janeiro, continuou a trabalhar nessa empresa até fundar a firma de engenharia Vidal, Navarro & Alcanforado, que se empenhou na urbanização do bairro de Brás de Pina. Graças a isso, existe atualmente nesse bairro carioca uma avenida com seu nome.

Paralelamente, retornou à atividade jornalística, escrevendo para O Imparcial, do Rio de Janeiro, artigos sobre a situação política e social do país. Em um desses artigos lançou a candidatura de João Pessoa à presidência da Paraíba. Epitácio Pessoa, tio do candidato, teve sua atenção atraída pelo artigo e encorajou Antenor Navarro a escrever outros sobre o mesmo tema. Com a eleição de João Pessoa para a presidência do estado em 1928, foi nomeado diretor da Repartição de Águas e Saneamento, e retornou à Paraíba, onde ligou-se politicamente a José Américo de Almeida, então secretário do Interior e Justiça do estado.

No início de 1930, a cidade de Princesa, no interior paraibano, foi ocupada por homens armados sob o comando de José Pereira, inimigo político de João Pessoa apoiado veladamente pelo governo federal. Com o aguçamento da crise, Antenor Navarro, seguindo a orientação de José Américo, envolveu-se ativamente na organização da defesa do governo paraibano. Várias vezes emissário de João Pessoa aos governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, costumava desempenhar missões secretas. Numa delas, na noite de 16 de abril de 1930, devia conduzir de Recife para João Pessoa um automóvel carregado de munições. A pedido de José Américo, transportou na mesma viagem o capitão Juarez Távora, que chegava clandestinamente à capital paraibana para articular com os tenentes Agildo Barata, Juraci Magalhães e Jurandir de Bizarria Mamede a preparação do levante militar no estado.

Durante a permanência de Juarez em João Pessoa, de abril a outubro de 1930, Antenor Navarro manteve com ele contatos freqüentes, mantendo-o durante um longo período escondido na casa de Mirocem Navarro, seu irmão, onde Juarez recebia apenas os tenentes revolucionários e dois ou três civis de sua confiança. Os dois irmãos passaram assim a figurar entre os poucos civis, nas palavras de Juarez “rapazes das melhores famílias de João Pessoa”, que tinham conhecimento da conspiração dos tenentes na Paraíba. Vestidos com uniformes de tenente, participaram ambos do ataque ao 22º Batalhão de Caçadores na madrugada do dia 4 de outubro de 1930, sob o comando de Agildo Barata. Antenor liderava o grupo de combatentes civis. Com a vitória do movimento, foi nomeado secretário-geral do estado, no governo de José Américo, e seu irmão tornou-se secretário particular de Juarez Távora, acompanhando-o em sua viagem para o Sul.

No dia 9 de novembro do mesmo ano, Juarez retornou à Paraíba para convidar José Américo a assumir a pasta da Viação e Obras Públicas, que ele próprio, Juarez, recusara. José Américo, após hesitar, aceitou e apontou Antenor Navarro para substituí-lo na interventoria, nomeando-o naquele mesmo dia. Politicamente, a escolha de Antenor Navarro representava para José Américo a garantia de manter intacto seu controle sobre o estado, apesar de sua transferência para a capital federal. A administração de Antenor Navarro foi empreendedora. Concluiu diversas obras iniciadas por João Pessoa, principalmente o porto de Cabedelo, instituiu a gratuidade do ensino secundário no ginásio do estado e construiu mais de 20 grupos escolares, criou o serviço de Higiene Infantil, a Estação de Sericicultura e diversos bancos cooperativistas que estimularam a economia estadual. Preocupou-se ainda em estender benefícios a cidades do sertão paraibano por meio de obras públicas e iniciativas de cunho social.

Em princípios de 1932 uma grande seca assolou o Nordeste, fazendo com que José Américo, ainda ministro da Viação e Obras Públicas, se deslocasse para a região a fim de verificar pessoalmente a extensão dos danos. Antenor Navarro assessorou-o nessa viagem e regressou com ele ao Rio de Janeiro. No dia 26 de abril de 1932, durante a viagem de volta, o hidravião que os transportava caiu na baía de Todos os Santos (BA), causando a morte de Antenor Navarro, do telegrafista Brás Santos e de Artur Fragoso Lima Santos, diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), além de graves ferimentos em José Américo.

Antenor Navarro foi sepultado em João Pessoa no dia 29 de abril de 1932, e a interventoria passou a ser ocupada por Gratuliano da Silva Brito, primo e também aliado de José Américo.

FONTES: ARQ. GETÚLIO VARGAS; CARNEIRO, G. História; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (27/4/32); Jornal do Comércio, Rio (27/4/32); NÓBREGA, A. Chefes; PEIXOTO, A. Getúlio; PINTO, L. Fundamentos.
Fonte: FGV.

Histórico do município: É controvertido o significado do topônimo dado ao rio Paraíba. Para Elias Erckman, Paraíba significa rio mau, porto ruim, ou mar corrompido. Varnhagen também indica a tradução de rio mau e Teodoro Sampaio, a de rio impraticável. Segundo Coriolano de Medeiros, porém, o significado exato seria braço de mar, pois os primeiros geógrafos que estudaram o rio tomaram-no por um braço de mar, sendo provável, assim, que o gentio da terra como tal o tivesse considerado, dando-lhe o nome com a precisão com que batizavam os acidentes do terreno.

Toda a região do São Domingos (primeiro nome dado ao Paraíba) era habitada por índios, estes influenciados pelos traficantes franceses de pau-brasil, interessados em conservá-los hostis a exploradores de outras nacionalidades. Assim é que, em 1574, foram os índios levados a tomar parte no ataque ao engenho de Diogo Dias, em terras da Capitania de Itamaracá no qual se verificou grande morticínio de brancos. Desde essa época, sucederam-se tentativas de colonização, pois o Rei de Portugal temia que os franceses ali se estabelecessem definitivamente. Foram construídos fortes na foz do rio e em terra travaram-se diversas batalhas, de resultados contrários aos portugueses.

Em março de 1585, chegava à Paraíba Martim Leitão, Ouvidor Geral da Bahia, chefiando uma expedição que deveria restaurar os fortins da barra e desalojar os franceses de diversas posições. Em 2 de agosto do mesmo ano, nova tentativa, chefiada pelo Capitão João Tavares, que se aproveitou das desinteligências surgidas entre as duas tribos que habitavam as margens do Paraíba e rios próximos, conseguindo insinuar-se entre os Tabajaras e firmar um pacto de amizade com o seu morubixaba o índio Piragibe. O acordo verificou-se no dia 5, numa colina à direita do rio Sanhauá, pequeno afluente do Paraíba. É nesse local que hoje se situa a cidade de João Pessoa.

Em homenagem ao santo do dia, o lugar tomou o nome de Nossa Senhora das Neves, até hoje padroeira da cidade. Em honra ao rei da Espanha, que dominava Portugal, a cidade recebeu o nome de Felipéia.
Em novembro do mesmo ano, chegavam várias famílias, levadas pelo Ouvidor-Geral Martim Leitão, que providenciou também a construção de fortes, igrejas e casas de moradia.
As lutas com os índios prosseguiram ainda durante anos, ora contra os Tapuias, que viviam no interior, ora contra os Potiguares, que habitavam o norte.
Desenvolveu-se lentamente a cidade, aonde depois veio a radicar-se Duarte Gomes da Silveira, companheiro de Martim Leitão, numa de suas expedições. A fim de estimular o progresso da cidade, instituiu prêmios para recompensar os habitantes que levantassem casas de moradia tendo fundado (a 6 de dezembro de 1639) o Morgado Salvador do Mundo, como patrimônio da Santa Casa de Misericórdia da Paraíba.

A 24 de dezembro de 1634 foi a cidade ocupada pelos holandeses, depois de ataques aos fortins da barra, defendidos pelas tropas aquarteladas em Cabedelo. Contava Felipéia 1.500 habitantes e em suas imediações funcionavam 18 engenhos de açúcar. Com a aproximação das forças batavas, o povo abandonou a cidade, depois de incendiar os prédios mais importantes. Comandados pelo Coronel Segismund Von Schkoppe, 2.500 homens invadiram a cidade, que tomou o nome de Frederikstadt.
O povo paraibano não se sujeitou ao jugo estrangeiro e seu espírito de resistência teve como símbolo a figura de André Vidal de Negreiros, organizador do movimento de reação. E em 1654, vencidos os invasores e obrigados a retirada para o seu país, tomou posse do cargo de governador João Fernandes Vieira.
A capital chamou-se Paraíba do Norte até 4 de setembro de 1930, quando teve seu nome mudado para João Pessoa, em homenagem ao Presidente do Estado, assassinado no Recife, em plena campanha política. Sua morte foi uma das causas imediatas da Revolução de 3 de outubro daquele ano.
Fonte: IBGE.

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