Magé – Vila de Estrela


Imagem: IHGI

A Vila de Estrela, em Magé-RJ, foi tombada por sua importância arquitetônica, histórica e cultural.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Vila de Estrela
Localização: BR-493, entrada do Parque Estrela – Magé-RJ
Processo de Tombamento: E-18/000.348/2005
Tombamento Provisório: 3/05/2005

Descrição: A Vila de Estrela destaca-se pelo papel que desempenhou como principal porto de escoamento da produção aurífera mineira no século XVIII e do café do Vale do Paraíba. Lá iniciava-se a parte terrestre da Variante do Caminho Novo, aberta em 1725 e calçada em 1806, um dos mais importantes caminhos no complexo das estradas reais que ligavam diversas localidades do país, sobretudo Minas Gerais e Bahia, ao litoral do Rio de Janeiro. As ruínas da Capela de N. S. da Estrela, do Porto Estrela e da Casa das Três Portas são, hoje, os únicos vestígios materiais remanescentes da antiga Vila. Implantado em meio a um magnífico anfiteatro natural, em terras alagadas por brejos, recobertas por manguezais, cortadas por rios que caminham sinuosos através da planície em direção à baía de Guanabara, tendo ao fundo a Serra do Mar, o Sítio Histórico de Estrela constitui-se em paisagem cultural única.
Fonte: Inepac.

Descrição: Magé foi uma cidade de muitos portos. Porto da Piedade, Porto Opa, Porto de Iriri, Porto da Barrinha, Porto de Surui, Porto de Mauá. Mas foi o da Estrela seu porto maior. De lá seguiam as riquezas do país para Portugal. Era passagem obrigatória para quem subia a Serra de Petrópolis e para o transporte de carga entre o interior e o Rio de Janeiro, então capital do Império. Outrora próspero e com importância histórica, o porto ficava na Vila de Estrela. Das construções do Período do Ouro, na segunda metade do século XVIII, restam apenas ruínas e pedras no cais. A Vila de Estrada foi tombada pelo Inepac em 2005.
Fonte: Mapa da Cultura.

Descrição: Partira ao meio dia do Rio de Janeiro; cheguei às seis horas ao Porto da Estrella, onde já o rio tem muito pequena largura. Esta pequena povoação pertence à parochia de Inhomirim e não possue mais do que uma capella construída sobre e dedicada a Nossa Senhora. Desde que comecei a viajar o Brasil, lugar nenhum me apresentou tanto movimento como Porto da Estrela. Há difficuldade em nos encontrarmos uns aos outros no meio das bestas que partem ou chegam, dos fardos, dos almocreves, das mercadorias de todo o gênero que se accumulam nessa povoação. Lojas bem sortidas fornecem aos numerosos viajantes aquilo de que carecem. Aliás, não existe, em volta de Porto da Estrella, nenhuma habilitação digna de nota (1819); mas cultiva-se um pouco de café nos arredores. A primeira casa se apresenta é o rancho destinado a abrigar as caravanas; é uma construção bastante longa, dividida em espécies de células por paredes de barro, e na frente da qual o tecto prolongado forma uma vasta galeria cujos pilares são de tijolos (1819). Cada caravana se abriga numa das cellulas do rancho, ahi arruma a sua bagagem e faz a cozinha: nenhuma espécie de conforto, nem mesmo uma mesa, ou um banco, e, quando da minha passagem, via-se o céo através das divisões mal conservadas.
Texto: Relato do naturalista Auguste de Saint-Hilaire sobre Porto da Estrela, Magé, em 26 de janeiro de 1819.
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Itaborahyense.

Descrição: Na vizinhança do Rio, a primeira aldeia de alguma importância é do Porto da Estrela, à margem do Inhomirim que se joga na Baía do Rio. As mercadorias destinadas às províncias do interior de Minas Gerais, Minas Novas, Goiás, etc., são primeiramente conduzidas, da mesma forma que os viajantes, em pequenas embarcações, do Rio ao Porto da Estrela, afastado de sete léguas. Aí são elas enfiadas a tropas de mulas que, por seu lado, trazem, de volta, carga para os navios no Rio de Janeiro. Nesse sentido, existe curiosa analogia entre o comércio do Porto da Estrela com o Rio de Janeiro, e o de Aldeia Galega com Lisboa. Sabe-se que Aldeia Galega se encontra no fundo da baía de Lisboa e que todas as mercadorias e viajantes, vindo de além-Tejo e da Espanha, chegam também a dorso de mula para serem carregados em pequenos navios e levados para Lisboa através da baía, ou vise-versa. Essa analogia de situação entre a antiga capital da metrópole e a nova capital das colônias, essa semelhança que se verifica ainda em muitos pontos, deve ter impressionado fortemente os primeiros portugueses que aqui se estabeleceram.

A estrada que vai de Porto da Estrela e Minas passa diante de belas plantações, atrás das quais se percebem, ao longe, as pontas angulosas da Serra dos Órgãos, erguendo-se por cima da Serra das Estrela cujas escapas constituem o espantalho dos tropeiros e o tormento das mulas, embora uma estrada larga, constituída e pavimentada com grande sacrifício, aí tenha sido aberta. Em mais de um lugar ela se assemelha mesmo a uma imensa muralha de dez pés de largo.

Diante dessa situação não é de espantar que Porto da Estrela seja a um tempo muito animado e muito industrial. Os estrangeiros e principalmente os pintores devem visitá-lo; mesmo se não estiver em seu caminho. É u lugar de reunião para os homens de todas as províncias do interior; aí se encontra gente de todas as posições sociais e podem-se observar suas vestimentas originais e sua atividade barulhenta. Aí se organizam as caravanas que partem para o interior e somente aí o europeu depara com os verdadeiros costumes do Brasil; aí deve ele despedir-se, não raro por muito tempo, de todas as facilidades e comodidades da vida européia e de todos os seus preconceitos (…).
Texto: Relato de Vila Estrela escrito pelo pintor Rugendas em 1824.
Fonte: Instituto Histórico e Geográfico Itaborahyense.

FOTOS:

VÍDEO (baixe o volume – áudio está muito alto):

Fonte: IHGI.


4 comments

  1. Rainer Pfeiffer Novelli |

    Muito bom o artigo.

    Me interesso especialmente pela familia do instituidor da Capela dedicada à Nossa Senhora da Estrela dos Mares no Rio Inhomirim em 1650, Simão Botelho (de Almeida). Ele fundou sua capela no outeiro sobranceiro ao rio e porto “Anhum-Mirim”.

    Ele provavelmente foi filho ou neto de João Botelho, casado com Maria da Fonseca, que em 11-09-1603 fez um requerimento por terras da sesmaria de Antonio da Fonseca (talvez seu sogro, que recebera Sesmaria em 1568) na “Baía do Salvador”, no “Rio Nhumirim”.

    Simão Botelho de Almeida e seu irmão, o sargento-mor Baltazar Botelho da Fonseca foram vereadores e juízes no Rio de Janeiro por volta de 1660 e 1670.

  2. Thiago Ollivier |

    Chega ser absurdo a baixada fluminense, berço do país, ter o que, umas 6 ruínas no mapa catalogadas, é isso mesmo? Só eu conheço dezenas! Tenho amigos historiadores que também conhecem várias, como pode isso? Sem contar que as poucas que estão ai, estão abandonadas. Como faz pra tombar as ruinas que conhecemos antes que sumam de vez?

    1. Joao Baeta |

      Pois é!
      Tambem eu conheço bastante coisas que nem maioria consegue imaginar…!

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