Mariana – Igreja da Sé


Imagem: Celio Maielo

A Igreja da Sé, em Mariana-MG, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja da Sé
Outros Nomes: Igreja Catedral de Nossa Senhora da Assunção
Localização: Praça da Sé – Mariana – MG
Número do Processo: 75-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 263, de 08/09/1939
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.

Descrição: A história da Sé nasceu da primitiva capelinha da Conceição, fundada em 1703 pelo capitão Antônio Pereira Machado. Até esta data, apenas duas modestas capelinhas existiam no antigo arraial bandeirante: a Capela de Nossa Senhora do Carmo, erguida pelo descobridor Salvador Fernandes Furtado e a Capela da Conceição, construída pelo português Antônio Pereira Machado. A primeira, por ser a mais antiga e a padroeira, tomou desde logo os fóros de Matriz. Entretanto, com a criação da Vila do Carmo, em 1712 e a determinação da Coroa para que se erigisse uma matriz, optou-se pela Capela da Conceição por se situar em local mais adequado, proporcionado maior atendimento à crescente população.
Em 1713, iniciaram-se as obras de construção no mesmo local da primitiva capela, tendo sido aproveitada para a sacristia, a capelinha existente. Foi encarregado da construção o mestre Jacinto Barbosa Lopes e, certamente, as obras já estavam bastante adiantadas em setembro de 1716, uma vez que os oficiais da Câmara Municipal enviaram ao mesmo um ofício solicitando o término das obras. Essa primeira obra deve ter sido concluída entre 1716 e 1718, ou pouco mais tarde. O que se concluiu, entretanto, por essa época, não foi o edifício tão completo como se vê hoje, mas apenas o da Matriz propriamente dita, que estava naquela época sob a direção da Irmandade do Santíssimo Sacramento e cujas obras, nem mesmo em 1745 estariam ainda finalizadas. Em 1734, a igreja, construída em madeira e taipa, apresentava estado físico precário. Importantes obras de reedificação, compreenderam uma série de trabalhos na nave, fachada e torre foram no mesmo ano arrematadas pelo mestre Antônio Coelho da Fonseca.
Quanto aos trabalhos de decoração interna, sabe-se que o douramento do altar-mor foi concluído em 1727 por José Martins e Manuel de Sousa e Silva e o dos altares laterais, em 1741. Entre 1744 e 1751, José Coelho Noronha executou a talha dos altares alojados de viés entre a pilastra e o arco-cruzeiro e a primeira pilastra da capela-mor. Em 1745, Vila do Carmo foi elevada à categoria de cidade e a antiga matriz foi escolhida como a nova catedral pelo bispo de Mariana D. Frei Manuel da Cruz. Nessa nova condição, teve que passar por obras gerais de adaptação e reparos, que se iniciaram em 1752. Os trabalhos constaram da renovação de toda a pintura externa e interna, telhados, assoalhos, torres, portas e janelas, construção do átrio, forros da nave e execução do órgão. Seus principais arrematantes foram os pedreiros Matias da Costa Soares, Manuel da Silva Queirós e Agostinho de Sá Costa, este último, responsável pelos seviços de carpintaria e alvenaria. Em 1760, foram executados os serviços de pintura dos forros da nave e capela-mor por Manuel Rabelo de Souza, como também a confecção dos balaústres que separam a nave da capela-mor pelo carpinteiro Antônio José da Fonseca.
Em 1761, um processo de pagamento registra a arrematação das obras da grade do coro por Antônio José da Fonseca, complementando-se a decoração interna da catedral. A fragilidade dos materiais empregados na construção da Sé de Mariana (madeira e tapa), aliada às más condições do terreno, constituíram ameaça permanente à estabilidade do edifício. Os reparos e acréscimos periódicos são, portanto, uma constante em sua história, praticamente desde os primórdios de sua existência. Entre 1763 e 1789, atuou também na catedral o conhecido construtor da época, José Pereira Arouca, que juntamente com Fernando Cosme Guimarães executou diversas obras, nem sempre especificadas nos documentos levantados. Algumas fazem alusão à trabalhos executados no órgão, pia batismal, conserto da torre, caiação e retelhamento. Informa o “Dicionário de Artistas e Artífices dos séculos XVIII e XIX” de Judith Martins, que no período de 1790 a 1797, o carpinteiro Manoel de Jesus Henriques recebeu uma série de pagamentos referentes a serviços diversos na sacristia e capela-mor.
Finalmente, em 1798, decidiu-se pela reedificação em pedra e cal de todo o edifício, incluindo frontispício e paredes de fora, uma vez que o da primitiva construção em taipa encontrava-se praticamente arruinado, respeitando-se todavia, os padrões arquitetônicos originais. As obras, iniciadas em 1801, foram pagas com o rendimento dos dízimos e parecem ter se limitado apenas à fachada, sem nenhuma alteração substancial no conjunto, uma vez que as paredes laterais permanecem ainda de taipa. Era natural que ao longo do tempo o edifício reclamasse ainda novos consertos. Suas obras se estenderam pelo século XIX, havendo referências destas até o século XX. Relatórios de Presidentes da Província relativos ao período de 1845 a 1882, atestam os constantes auxílios recebidos pela Sé de Mariana, destinados a obras gerais de reparos.
Por volta de 1930, todo piso da nave que era de campas, foi substituído por ladrilhos, inclusive o dos corredores, onde se acham os altares laterais e, em 1937, foram realizadas obras gerais de reforma pelo IPHAN. A edificação esteve também incluída no Plano de obras do mesmo órgão em 1954, cujos trabalhos compreenderam serviços de limpeza interna, conclusão do telhado e respectiva cimalha, com embocamento da torre direita, à altura do telhado da nave. Em 1958, foi iniciada nova restauração da catedral.
A Sé de Mariana é uma construção de pedra e cal, caracterizando-se exteriormente pelo aspecto sóbrio, conferido pelo barroco jesuítico. O frontispício é simples, pesado, predominando em tudo a simplicidade das linhas retas, sem, entretanto, nada oferecer de grandiosidade. Ao contrário, seu interior encerra um dos mais ricos e significativos conjuntos de talha de Minas Gerais, revelando todas as etapas do barroco luso-brasileiro. Na opinião do especialista Germain Bazin, a suntuosa decoração arquitetônica da capela-mor comprova o alto grau de refinamento atingido pelos arquitetos de Minas em meados do século XVIII.
O altar-mor, composto de colunas salomônicas em arquivoltas concêntricas e ornadas de vinha naturalista, foi executado anteriormente a 1727, uma vez que o douramento realizou-se nessa data. A grande tela central, com a representação da Assunção da Virgem, foi integrada posteriormente à mudança da invocação, em meados do século. Os altares laterais da nave, com exceção do de Santa Bárbara, são do mesmo estilo do altar-mor, incluindo detalhes decorativos como atlantes, característicos de estágios mais evoluídos. Estes altares são consagrados a São João Evangelista, São Pedro, São Francisco, Senhor dos Passos e Santa Bárbara, Santa Luzia e Santo Antônio. Os altares de Nossa Senhora da Conceição e São José, em estilo D. João V, alojados de viés entre a pilastra do arco-cruzeiro e a primeira pilastra da capela-mor, em estilo D.João V, são de autoria de José Coelho Noronha e foram executados entre 1744 e 1751.
Os dois monumentais retábulos do transepto, Nossa Senhora do Rosário e Cristo Crucificado, são do estilo “Brito”, novo estilo barroco introduzido em Minas por Francisco Xavier de Brito na capela-mor de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto. Estes altares assemelham-se ao da capela-mor da Matriz de Catas Altas. Os serviços de pintura dos forros da nave e capela-mor forma executados por Manuel Rabelo de Souza, em 1760. O teto da nave, abobadado, apresenta pintura em fundo branco com armas imperiais. O teto da capela-mor é constituído por duas abóbadas, apoiadas pelos quatro lados em arcos plenos. Ambas são integralmente recobertas por pinturas de caráter ilusionista, onde, em meio a rica trama arquitetônica, sobressaem figuras de santos Cônegos, entre os quais os arcediagos de Braga, Coimbra, Toledo e Saragoça, e o bisoi de Cuenca.
A pintura do batistério é atribuída a Manuel da Costa Athaíde. Merece referência especial o órgão doado no século XVIII por D.João V à Sé de Mariana. Com apenas um similar conhecido no mundo, instalado na Sé de Faro, em Portugal, este órgão é fruto de um meticuloso trabalho artesanal. Construído na Alemanha no início do século XVIII, chegou a Mariana em 1752, sendo assentado na igreja de Nossa Senhora de Assunção (sé) por Manuel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho. Todo policromado, tem sete metros de altura por cinco metros de largura. Totalmente restaurado, pelo CECOR (móvel) e a parte sonora na Alemanha, foi reinaugurado durante uma grande festa promovida na cidade no dia 08 de dezembro de 1984.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

PANORAMA 360 GRAUS

MAIS INFORMAÇÕES:
Prefeitura Municipal
Patrimônio de Influência Portuguesa
Wikipedia


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