Miracatu – Museu Municipal Pedro Laragnoit


Imagem: Prefeitura Municipal

O Museu Municipal Pedro Laragnoit, em Miracatu-SP, foi tombado por sua importância histórica para a cidade.

Prefeitura Municipal de Miracatu-SP
Nome Atribuído: Museu Municipal Pedro Laragnoit
Resolução de Tombamento: Lei Municipal nº 605/83 e 1.643/12
Localização: Miracatu-SP

Descrição: Inaugurado em 30 de novembro de 1983, criado pela lei municipal 605 de 13 de outubro de 1983, em homenagem a Pedro Laragnoit através do seu bisneto Paulo de Castro Laragnoit.
O acervo do museu é composto por aproximadamente 500 peças, cuja origem é a coleção de objetos pessoais, utensílios, móveis, correspondências, fotos e jornais da família Laragnoit. Este acervo inicialmente ficava na residência do senhor Paulo De Castro Laragnoit, diretor vitalício do museu, que catalogou pessoalmente todas as peças que compõem o acervo e o doou a Prefeitura. Resgata a história da colonização do Vale do Ribeira com peças raras, curiosidades e escritos.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Histórico do município: O antigo povoado de Prainha, localizado na margem esquerda do Rio São Lourenço, deve seu nome a uma pequena praia onde paravam os canoeiros para descansar e fazer suas refeições durante a viagem. Sua origem estaria ligada ao núcleo surgido nas terras do francês Pierre Laragnoit. Em julho de 1847, por um milhão de réis, Laragnoit comprou uma sesmaria de Domingos Pereira de Oliveira e sua esposa. Eram vastas extensões de terras e alguns escravos para a roça. Laragnoit iniciou então o cultivo das primeiras plantações e a exploração das áreas para as pastagens. Construiu ainda uma barreira nos Ribeirões dos Negros, cuja represa, com uma roda de pás, permitiu irrigar as plantações de arroz. Plantou também árvores frutíferas e cana de açúcar. Tendo deslanchado na exploração de terras, Laragnoit se instalou mais confortavelmente: construiu um sobrado de 12 janelas e usou o Rio São Lourenço para transporte de sua produção aos consumidores, em Iguape e Rio de Janeiro.
Com o progresso da Fazenda Prainha, outros fazendeiros chegaram à região, levando a família Laragnoit, auxiliada por José Antônio da Silva, João Mendes de Almeida e o Cônego Scipião Goulart Ferreira Junqueira, a fundar uma povoação, que teve início com a construção da capela de Nossa Senhora das Dores.
Em 14 de junho de 1871, Laragnoit doou terras para a construção de uma igreja e a abertura de um cemitério. O povoado que ali se formou foi elevado à categoria de Distrito de Paz no dia 06 de abril de 1872, oficializado pela Lei Providencial nº. 35, com o nome de Prainha. Pelo Decreto Lei nº. 9.775 de 30 de novembro de 1938, o Distrito de Prainha foi elevado à categoria de município. Em 1º de janeiro de 1939, Joaquim Dias Ferreira foi nomeado prefeito por ato do governador Adhemar de Barros. Em 1944, o nome da cidade teve que ser mudado porque existia uma cidade com nome idêntico no estado do Pará. Prainha passou a ser então Miracatu.
O transporte na região era basicamente fluvial, e os dois principais rios navegáveis eram o São Lourenço e o Ribeira de Iguape. Grande número de canoas e depois de vapores de tonelagem regular cruzava esses rios ligando o porto de Iguape, escoadouro das riquezas de toda a região, à Vila de Prainha. A navegação fluvial perdeu sua importância a partir de 1914, quando foi inaugurado o ramal Santos-Juquiá da Estrada de Ferro Sorocabana e o porto de Iguape, aos poucos, foi substituído pelo Porto de Santos. A partir do início do século XX, a região recebeu grande número de imigrantes japoneses que desenvolveram a cultura do arroz e da banana.
Em 8 de março de 1912, o Governo do Estado de São Paulo assinou um convênio com o Sindicato de Tóquio para o estabelecimento de colônias japonesas no Vale do Ribeira. Em meados de 1913, era constituída em Tóquio a Companhia de Colonização do Brasil – a Brasil Takushoku Kaisha –, com o propósito de estabelecer, no Vale do Rio Ribeira de Iguape, colonos japoneses para trabalharem no cultivo do arroz. Essa companhia dispunha de um capital de um 1.000.000 de ienes, sendo que, em junho de 1913, já estavam realizados 250.000 ienes.

A Takushoku Kaisha era presidida pelo visconde de Sakai e composta pelos “melhores elementos de finanças” do Japão, entre os quais se destacavam: Mitsubishi e Pitsui, pertencentes às mais ricas famílias japonesas; barão Shibusawa, presidente do primeiro Banco Nacional, figura muito influente nos negócios públicos; visconde Mishima, presidente do Banco do Japão; barão Kondo, presidente da Companhia de Navegação “Nippon Yusen Kaisha”, linha postal para a América do Norte, Índia, etc; Sr. Asano, da Companhia de Navegação “Toyo Kisen Kaisha”.
O Brasil era, nesse tempo, um país pouco conhecido no Japão, o que gerava certa hesitação entre os empresários em investir grandes capitais nessa companhia, cujo objetivo, a principio, visava mais o estudo da colonização do Brasil, como também “verificar quaes os fructos que se podem obter”. Partiu para o Brasil um grupo formado por um engenheiro agrônomo, um médico e vários auxiliares, que percorreram o Vale do Ribeira para preparar as condições ao estabelecimento dos primeiros grupos de colonos. Após esse trabalho, estava prevista a vinda de cem famílias, que trabalhariam diretamente no cultivo do arroz, “sendo seguidas de outras, conforme for se desenvolvendo a zona”.
Os diretores da companhia acreditavam no sucesso do empreendimento e esperavam produzir, anualmente, a vultosa cifra de 500.000 sacas de arroz, de excelente qualidade, que seria destinada aos mercados consumidores nacionais. Previa-se que, após a instalação de 2.000 famílias, outros produtos deveriam ser explorados “para concorrer e para reduzir os preços de cereais e de aves”. Para a região de Iguape esperavam tentar a cultura do chá e, talvez, a indústria da seda. A direção da Takushoku Kaisha no Estado de São Paulo ficou a cargo de Ikutaro Aoyagui.

A primeira colônia a ser instalada foi a Katsura, no bairro Jipovura, município de Iguape, no dia 9 de novembro de 1913, quando ali aportou um grupo de 20 famílias de colonos japoneses, liderados pelo Dr. Ikutaro Aoyagui. Essa colônia foi assim chamada em homenagem a um ministro japonês. A Colônia Katsura teve grande desenvolvimento, começando a decair a partir da Segunda Guerra Mundial, permanecendo, todavia, até a década de 1960.
A rizicultura era a base econômica da região quando, em 1914, foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana – ramal Santos-Juquiá. Até então, todo comércio era realizado por via fluvial, através de Iguape. Nessa época começaram a chegar grandes levas de imigrantes japoneses, que deram continuidade à rizicultura e iniciaram a bananicultura, colocando Miracatu entre os principais centros exportadores de banana.

O relacionamento de amizade e cooperação entre Joaquim Dias Ferreira, prefeito de Miracatu, e os imigrantes, no final da década de 1930, fez com que a Colônia Japonesa local construísse um busto em homenagem ao brasileiro. O ex-prefeito incentivou a construção da primeira escola, com recursos dos japoneses, e posteriormente responsabilizou-se pelos imigrantes impedindo que, durante a Segunda Guerra Mundial, fossem enviados a outras regiões do interior paulista.
Parte da história dos imigrantes pode ser encontrada no acervo do Museu Municipal “Pedro Laragnoit”. O Centro Tuzino de Educação Ambiental, para pesquisas e produção de palmitos e reconhecida naturalmente como reserva de palmitos plantados no país é outra referência da imigração, por ser de propriedade de um nissei que tem muitas histórias a contar.
Fonte: Prefeitura Municipal.

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1 comments

  1. Faz-me lembrar de minha mae, 96 anos, viva, Dina, filha de Lourenco Nobrega, morador daquele local. Sou Lea Nobrega.

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