Ouro Preto – Igreja de Nossa Senhora do Carmo


Imagem: Iphan

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto, teve suas obras iniciadas em 1756, por José Pereira dos Santos.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Localização: Antigo Morro de Santa Quitéria – Ouro Preto – MG
Número do Processo: 110-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 33, de 20/04/1938
Descrição: Inicialmente, os irmãos terceiros da Ordem do Carmo do Rio de Janeiro, moradores em Vila Rica, reuniam-se na capela dedicada a Santa Quitéria, situada no alto do morro que separava os arraiais de Ouro Preto e Antônio Dias. Em 1751, já constituídos como irmandade autônoma, cogitaram da construção de seu próprio templo, cujo risco ficou a cargo de Manuel Francisco Lisboa, irmão da Ordem. Em 1756, foram iniciadas as obras de construção, arrematadas por José Pereira dos Santos, as quais foram interrompidas por diversas vezes, diante de desentendimentos com a Irmandade de Santa Quitéria, no que diz respeito às condições de cessão do terreno. Nos arquivos da Ordem encontra-se exaustiva pesquisa de Francisco Antônio Lopes, onde o autor relaciona detalhadamente a cronologia das etapas de construção da Igreja do Carmo, bem como a relação das técnicas e materiais empregados, conforme definido em contrato, com o arrematante João Alves Viana.
Ao início efetivo das obras de construção, precederam importantes serviços de terraplanagem, os quais, em 1767, achavam-se bastante adiantados, permitindo inclusive o levantamento dos alicerces da nova Igreja. Entre 1767 e 1769, João Alves Viana executou grande parte da obra de alvenaria comum e cantaria de portas e janelas. A construção foi iniciada pela capela-mor, conservando-se provisoriamente a primitiva capela de Santa Quitéria para as necessidades do culto. Em 1769 concluíram-se os serviços de alvenaria da capela-mor e, em 1771, o madeiramento e demais obras de carpintaria, quando provavelmente foi demolida a primitiva capela de Santa Quitéria. A construção da nave prolongou-se até 1779, época em que foi concluído seu madeiramento. Finalmente, em 1780, toda a parte arquitetônica foi concluída com a arrematação das obras de escultura do pórtico, lavatório da Sacristia e arcos do coro por Francisco de Lima Cerqueira. A decoração interna iniciou-se pela arrematação dos altares laterais (seis) e púlpitos, com Manuel Francisco de Araújo, em 1784.
O risco original dos altares, datado de 1779 e de autoria desconhecida, foi alterado posteriormente por João Nepomuceno Correia e Castro. Em 1789 é adotado para esses altares um risco traçado em tamanho natural, o qual ainda se encontra na parede interna do consistório. Quanto aos púlpitos, foi adotado o projeto de João Gomes. Em 1795, foram concluídos apenas os altares de Santa Quitéria e Santa Luzia, próximos ao arco-cruzeiro. Os dois seguintes, São João e Nossa Senhora da Piedade, foram executados pelo Aleijadinho e seus oficiais entre 1807 e 1809 e os restantes, juntamente com os púlpitos, por seu discípulo Justino Ferreira de Andrade, entre 1812 e 1814. Estes retábulos foram pintados e dourados por Manuel da Costa Athaíde, em 1813. Manuel da Costa Athaíde é também autor do risco do altar-mor, cuja talha foi ajustada com Vicente da Costa, em 1813. Este, entretanto, foi concluído somente em 1824, sendo dourado no ano seguinte por Manuel da Costa Athaíde.
A pintura dos forros da nave e capela-mor é obra do pintor italiano Ângelo Clerici, que a executou entre 1908/1909. O cemitério anexo (de catacumbas), teve sua construção iniciada em 1824 sob a direção do arquiteto Manuel Fernandes da Costa, substituído posteriormente por João Miguel Ferreira. Em 1861, foi adotado novo projeto de autoria do engenheiro Henrique Gerber, tendo sido concluído em 1868.
As construções anexas ao cemitério, o sobrado e a casa térrea, são contemporâneas à edificação da igreja. O sobrado foi construído em 1753 para abrigar a “Casa do Noviciado”, como era tradicionalmente conhecida, e guardar a o acervo da Ordem. Em 1942, servia de moradia ao sacristão da Igreja. A casa térrea contígua, é uma construção de pau-a-pique, sendo de pedra somente a parte da frente. Destinada também a abrigar pertences da Ordem, foi construída em 1755.
A planta da Igreja do Carmo foi um dos últimos trabalhos realizados por Manuel Francisco Lisboa, datando de 1766, ano anterior ao de sua morte. Após sofrer várias alterações em seu projeto original, podemos situá-la no seu aspecto atual à fase rococó da arquitetura colonial mineira, não se descartando a hipótese da participação do Aleijadinho nas modificações introduzidas posteriormente no risco de Manuel Francisco Lisboa. Apresenta amplo frontispício, dado pela localização das torres, colocadas nas extremidades da nave, pela parte de fora, como dois apêndices salientes. Estas apresentam base de secção quadrangular, adquirindo forma quase circular na parte superior, e coroamento em forma de sino, arrematado por pequena pirâmide em obelisco como na igreja de São Francisco.
A parte central do frontispício, constituída pela rica portada, óculo e portas-sacadas do coro, caracteriza-se pelas formas onduladas, conferindo maior leveza à composição. As fachadas laterais apresentam uma sucessão de janelas de vergas alteadas encimadas por óculos, distribuídos de forma desigual, ou seja, quatro óculos para cada cinco janelas. Através de estudos comparativos com outras portadas de autoria do Aleijadinho, a exemplo da portada de São Francisco da mesma cidade e as das Ordens Terceiras de São João Del Rei, a monumental portada do Carmo é também a ele atribuída. Nesta, o motivo central é constituído pelo brasão da Ordem do Carmo, ladeado por dois querubins esvoaçantes e encimado pela cabeça de um terceiro, sustentando a coroa da Virgem. Germain Bazin assinala a participação de um segundo artesão na execução das ombreiras, dos ornamentos concheados do óculo e das cabeças de querubins na chave e empostas.
Internamente, apresenta partido em nave ampla, simplesmente decorada pelos retábulos, colocando em relevo o arco-cruzeiro em pedra. O altar-mor, desenhado por Manuel da Costa Athaíde em 1813, conforme já assinalado, constitui interessante exemplo da talha rococó em Minas Gerais, de estilo diferente do introduzido pelo Aleijadinho que, segundo Germain Bazin, filia-se ao rococó das cidades de Braga e Porto, ambas em Portugal. Nos altares de São João e Nossa Senhora da Piedade, Aleijadinho procurou respeitar o estilo dos precedentes, adotando, entretanto, as colunas caneladas, envolvidas por guirlanda em espiral e capitéis em rocaille. As urnas desses dois altares apresentam relevos esculpidos que constituem talvez os últimos trabalhos de Aleijadinho no gênero. O do altar de São João representa o profeta Jeremias na prisão e o de Nossa Senhora da Piedade a paciência de Jó. Ambos os relevos são cercados por inscrições alusivas ao tema. Cabe destacar, a incorporação das sanefas introduzidas pelo Aleijadinho em todos os demais altares da nave.
Quanto à imaginária, a grande maioria é composta por imagens de roca, como as imagens laterais do altar-mor (Santo Elias e Santa Teresa) e as seis imagens colocadas nos nichos dos altares da nave. Belíssimos painéis de azulejos decoram os registros inferiores das paredes da capela-mor, ilustrando temas relativos à iconografia da Ordem do Carmo. No decorrer do século XX, o monumento passou por obras de restauração que se concentraram, ora nas fachadas principal e laterais, ora no adro, na antiga Casa do Noviciado e no cemitério. Nesse último, data de 1965 a substituição do muro de alvenaria pelas grades de ferro, como também a realização da primeira parte do ajardinamento pelo professor José Zanine.
Texto extraído de: Fundação João Pinheiro. Dossiê de Restauração. Plano de Conservação, Valorização e Desenvolvimento de Ouro Preto e Mariana. 1973/1975.
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/1985, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

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