Ouro Preto – Palácio dos Governadores


Imagem: Valter Campanato

O Palácio dos Governadores, em Ouro Preto-MG, foi construído onde funcionava a Casa de Fundição e Moeda, a mando do Governador Gomes Freire de Andrade, em 1735.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Palácio dos Governadores ou Casa à Praça Tiradentes
Outros Nomes: Casa à Praça Tiradentes
Cidade: Ouro Preto-MG
Número do Processo: 415-T-
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 266, de 13/03/1950
Uso Atual: Escola Nacional de Minas e Metalurgia da Universidade Federal de Ouro Preto

Descrição: O Palácio dos Governadores foi construído no mesmo local onde funcionou anteriormente a Casa de Fundição e Moeda. Coube ao Governador Gomes Freire de Andrade, em 1735, a iniciativa de mandar adaptá-la à sua nova função. Entretanto, foram realizadas à época apenas algumas obras provisórias de adaptação da antiga construção, ainda em pau-a-pique. A nova edificação, em pedra e cal, tem início a partir de 1741, obedecendo ao projeto encomendado por Gomes Freire de Andrade, ao engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim. A obra principal foi arrematada no mesmo ano, com Manoel Francisco Lisboa. O material empregado nas obras, como a pedra de alvenaria, pedra de cantaria, cal de argamassa, mármore Ojô, telhas de barro, dentre outros, procedeu das localidades próximas de Ouro Preto. O término da obra principal deve ter ocorrido por volta de 1747, uma vez que os serviços de pintura foram arrematados naquele ano.
Em 1746, Domingos Torres arrematou a feitura das Armas Reais, gravadas em pedra, de desenho de Francisco Branco de Barros, destinadas a encimar a portada do edifício, desconhecendo-se o destino dado à essa escultura. Sabe-se que depois de construído o Palácio, Gomes Freire de Andrade reinstalou a Casa de Fundição na parte térrea do próprio prédio, além da Contadoria e Junta da Fazenda, Casa do Corpo da Guarda e Secretaria do Governo. Em 1803, os serviços da Casa de Fundição e da Contadoria e a Junta da Fazenda transferiram-se definitivamente para a denominada Casa dos Contos. O Palácio dos Governadores serviu de moradia oficial a todo os governadores da capitania e província de Minas Gerais até 1898. Essa mesma casa hospedou, por duas vezes cada um, os dois Imperadores do Brasil. Com a mudança da capital do Estado para Belo Horizonte, em 1897, o prédio passou a ser sede da Escola de Minas e Metalurgia, criada em 1876, pelo Imperador Pedro II. Instalada no andar térreo do Palácio dos Governadores em 1892, a Imprensa Oficial do Estado ali permaneceu até 1898, quando se transferiu para a nova Capital.
Primitivamente o prédio era composto por um quadrilátero central, cercado pelas muralhas, com terraços para artilharia, guaritas, saguão e outros complementos militares, à feição de uma fortaleza. Depois de tornado sede da Escola de Minas, o antigo Palácio dos Governadores foi objeto de várias modificações, tendo sido acrescido de inúmeras construções anexas. Segundo o historiador Diogo de Vasconcelos, modificou-se todo o edifício e 41 salões em ambos os pavimentos foram destinados aos laboratórios e máquinas. Os antigos pátios e o quintal, encheram-se de construções, onde foram colocadas máquinas para o ensino prático da metalurgia. Dos antigos terraços restaram apenas as guaritas como ornamento na frente do edifício. Trata-se de sólida construção assobradada, cuja rampa e muros enviesados, conferem, em consonância com o frontispício, um aspecto imponente à edificação.
Implantada num terreno em declive e dominante, forma na frente um terraço e rampa de acesso reforçados por sólidos paredões em talude, tendo, nos quatro ângulos, baluartes com guaritas, cordão e parapeito. Apresenta cunhais e vãos em cantaria do Itacolomi, e porta principal em estilo toscano, de desenho simples e elegante, no gênero dos portais das casas fortes e fortalezas. A cornija que sustenta a janela, se apoia sobre o cordão da muralha. Na janela, destacam-se o caixilho sóbrio e moderno para a época, e a sacada de ferro à maneira portuguesa, arrematada em 1742 por Caetano Silva, cujo desenho é de Fernandes Pinto Alpoim.
O edifício principal teve sua feição prejudicada pela interferência de um acréscimo lateral ( à direita da rampa de acesso ) que, avançando até a linha da fachada, quebra o seu equilíbrio. Esse acréscimo, feito em estilo colonial, deve ser posterior a 1911, pois não aparece na foto desse ano, publicada no livro “Bi-centenário de Ouro Preto- Memória Histórica”. Também do lado do Caminho das Lajes, o perfil do edifício foi prejudicado pela inserção de dependências e acréscimos, incompatíveis com sua arquitetura. Os dois chafarizes de cantaria do Itacolomi, ainda existentes na área interna do antigo Palácio, foram contratados por Manoel Francisco Lisboa, em 1752, sendo autor do risco Antônio Francisco Lisboa.
A obra caracteriza-se pela solidez das obras de cantaria rústica do norte de Portugal, mas, segundo Lúcio Costa, esses chafarizes pouco guardam do desenho original. A capela do Palácio foi construída em época posterior a 1766, no terraço do baluarte direito, sabendo-se que naquele ano foi feito o desaterro do mesmo e que em 1781, Manoel Francisco de Araújo recebeu pagamento pela confecção do retábulo da capela. Para se ter acesso direto da rua para a capela, foi construído, em época não identificada, uma escadaria sobre arco.
Com a instalação da Escola de Minas, a capela passou a servir de gabinete de mineralogia e seu altar e paramentos foram transferidos para o Colégio D. Bosco, de Cachoeira do Campo, retornando, entretanto, para o seu lugar de origem, em 1974, quando foram empreendidas pelo IPHAN as obras de reconstituição da capela. A adaptação do prédio para o funcionamento da Escola de Minas, acarretou no desaparecimento de um jardim de estilo romano, construído por iniciativa de D. Francisco de Assis Mascarenhas, Conde de Palma, que governou a Capitania de 1810 a 1814. Ficava nos fundos do Palácio, cercado por muros altos e tinha um chafariz de pedra talcosa. No alto do mesmo, havia uma pedra votiva com inscrição latina, consagrando o jardim a D. João VI. A pedra votiva e a figura pagã que ornamentava o chafariz, encontram-se no Museu da Inconfidência. No local do antigo jardim, existe atualmente o observatório astronômico.
Uma das reformas do edifício resultou ainda no desaparecimento de uma escadaria de granito, que desembocava na sala de entrada, cujo risco e execução eram de autoria do engenheiro Alpoim. Do mobiliário da época, restam apenas dois retratos dos Imperadores D. Pedro II e D. Maria Cristina, que ornavam a Sala do Dossel do Palácio. Pelo advento da República, esses dois retratos, em tamanho natural, executados em 1853, pelo pintor francês François Moreau, foram retirados do Palácio e cortados a faca. Depois de terem andado em posse de particulares, forma adquiridos pelo Museu da Inconfidência, onde se encontram atualmente. Nas salas de frente dessa Escola (hoje Faculdade Federal de Minas e Metalurgia) foi instalado um Museu de Mineralogia de caráter universal, cujo acervo é considerado um dos mais complexos e notáveis do mundo.
Texto extraído de: Fundação João Pinheiro. Dossiê de Restauração. Plano de Conservação, Valorização e Desenvolvimento de Ouro Preto e Mariana. 1973/1975.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

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MAIS INFORMAÇÕES:
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UFOP
Arquivo Permanente da Escola de Minas
Ivo Porto de Menezes
Patrimônio de Influência Portuguesa
Wikipedia
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