Poços de Caldas – Chalé Matilde Carvalho Dias


Imagem: @patrimoniospocosdecaldas

O Chalé Matilde Carvalho Dias foi tombado pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Poços de Caldas-MG
Nome atribuído: Chalé Matilde Carvalho Dias
Localização: R. Padre Henry Mothon, nº 246 – Centro – Poços de Caldas-MG
Processo de Tombamento: Processo de Tombamento n° 18/P1 (antigo 14/P2)

Descrição: O chalé é implantado na área da antiga fazenda Barreiro, o primeiro núcleo habitado da cidade, a fazenda foi fundada em 1820; quando, o coronel Joaquim Bernardes da Costa Junqueira, a pedido de seu pai, o fazendeiro Joaquim Bernardes da Costa, adquiriu sesmarias neste local. Em 1872, a família Junqueira fez a doação das terras junto as nascentes sulfurosas para a fundação da cidade.

A moradia foi construída por volta de 1886, ano de inauguração do ramal de Caldas da estrada de ferro Mogiana, e portanto fez parte do cenário urbano construído nesta região resultante da vinda da ferrovia. Até metade do século passado as construções brasileiras seguiam o modelo colonial, pouco a pouco a arquitetura foi mudando, com o surgimento das calhas deu-se o uso das platibandas, usaram o jardim lateral entre outros. Porém com a vinda da estrada de ferro, como citado acima, chegou a Poços o gênero arquitetônico mais revolucionário, do final do Séc. XIX, o Chalé. Naquela época, tudo que era europeu significava civilização e progresso, por isso a tipologia do chalé se tornou a mais comum entre as famílias de maior poder aquisitivo. Quase tudo neles era importado, telhas, escadas, tetos, pisos, instalações sanitárias, etc. Em Poços de Caldas os chalés foram introduzidos pelo italiano João Batista Pansini, e foi dentro deste contexto que este chalé foi construído.

O terreno da residência fazia parte das terras da família Junqueira, e após o desmembramento desta área a residência foi construída por construtores ainda desconhecidos, por volta de 1886. Do lado de cima da casa existia um parreiral e para baixo ficavam as cocheiras, que fazia frente para a horta da Villa Junqueira, atual Museu Histórico e Geográfico.

A residência inicialmente tinha somente um chalé de 2 águas, que fica hoje do lado direito de quem olha da rua. O acesso provavelmente se dava por uma escada externa na sua lateral, existente ainda no térreo, onde hoje funciona um escritório.

A história da residência se passa pela trajetória de vida de Dona Inês Silva Dias, filha do Major Joaquim Bernandes. Esta, quando ficou viúva de Adolfo Dias Machado, por volta de 1880, seguiu os conselhos do seu tio Joaquim Pio da Silva e se mudou de Areado para a Fazenda Recreio, em Poços de Caldas. Um pouco depois comprou esta residência na cidade.

Sua filha Mathilde de Carvalho Dias, casada com Lindolpho Pio da Silva Dias (falecido em 1955), morou na casa até 1991, quando faleceu e após a divisão de bens entre os 11 filhos, o imóvel ficou com Luiz Fernando de Carvalho Dias, que vendeu a casa a seu irmão Lindolpho de Carvalho Dias, atual proprietário.

Do lado direito da residência de quem olha da rua, atualmente existe uma residência de 2 pavimentos, que inicialmente era um anexo do chalé, construído por volta de 1940, com o objetivo de ampliação do número de quartos para receber toda a família. O acesso ao anexo se dava por um corredor coberto saindo em frente à copa existente.

O chalé se localiza à Rua Padre Henri Mothon, e sua fachada se caracteriza por sendo 2 chalés geminados, cada um com 3 janelas frontais. Possui detalhes de madeira em seu frontão e lambrequins de madeira recortada. A entrada principal é marcada por um alpendre, aproximadamente 2 metros acima do nível da rua, e sua cobertura sustentada por esbeltas colunas metálicas. Seu embasamento é em pedra.

O piso de residência se intercala entre o assoalho de madeira em áreas secas e cerâmica sextavada nas áreas molhadas, em tons de verde e palha.

Possui uma rica mobília, em que se destaca a mobília da sala de jantar que foi executada por Germano Horstmmann, por volta de 1915. Já a mobília da suíte principal foi trazida da Fazenda Recreio.
Fonte: @patrimoniospocosdecaldas.

Histórico do município: A história de Poços de Caldas começou a ser escrita a partir da descoberta de suas primeiras fontes e nascentes, no século XVIII. As águas raras e com poder de cura foram responsáveis pela prosperidade da cidade quando as terras começaram a ser ocupadas por ex-garimpeiros, que passaram a se dedicar à criação de gado. Na época, 1818, a região onde hoje se situa Poços de Caldas pertencia ao capitão José Bernardes Junqueira. Quando o senador Joaquim Floriano Godoy declarou de utilidade pública os terrenos junto aos poços de água sulfurosa, determinou também a desapropriação do local. O próprio capitão se encarregou de doar 96 hectares de suas terras para a fundação da cidade. O ato foi assinado no dia 6 de novembro de 1872, data em que se comemora o aniversário de Poços de Caldas.

Desde 1886 funcionava na cidade uma casa de banho, utilizada para tratamento de doenças cutâneas. Ela se servia da água sulfurosa e termal da Fonte dos Macacos. Em 1889 foi fundado, por Pedro Sanches, outro estabelecimento para o mesmo fim, captando água da Fonte Pedro Botelho. Ali, a água sulfurosa subia até os depósitos por pressão natural. O balneário não existe mais. Em seu lugar foram construídas, no final dos anos 20, as Thermas Antônio Carlos, um dos mais belos prédios da cidade.

Em outubro de 1886, Poços recebeu o Imperador Dom Pedro II. Ele veio acompanhado da imperatriz Tereza Cristina para a inauguração de um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. Três anos depois a cidade foi desmembrada do distrito de Caldas e elevada à categoria de vila e município. Seu nome tem relação com a história da família real portuguesa. Na época em que foram descobertos os poços de água sulfurosa e térmica, a cidade de Caldas da Rainha, em Portugal, já era uma importante terma utilizada para tratamentos e muito frequentada pela família real. Caldas possui o mais antigo hospital termal em funcionamento no mundo, desde o século XVI. Como as fontes eram poços utilizados por animais, veio o nome Poços de Caldas.

Na década de 40, era dos cassinos, Poços recebia a visita da aristocracia brasileira, que frequentava os salões do Palace Casino e do Palace Hotel. O presidente Getúlio Vargas tinha uma suíte especial no hotel com a mesma decoração da que ele usava no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então capital do país. O quarto ainda hoje preserva os móveis e o estilo da época, mas uma das maiores atrações do hotel continua sendo sua piscina térmica, construída num suntuoso salão sustentado por colunas de mármore de carrara.

Entre os artistas que passaram pelo Palace Casino naquela época estiveram Silvio Caldas, Carmem Miranda, Orlando Silva e Carlos Galhardo. Estiveram também em Poços de Caldas personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. Entre os políticos, o interventor de Minas Gerais durante o Estado Novo, Benedito Valadares e o presidente Juscelino Kubitschek, entre outros, foram também presenças constantes.

A proibição do jogo, em 1946, e a descoberta do antibiótico tiveram forte impacto para o turismo na cidade. O termalismo deixou de ser a maneira mais eficaz de tratar as doenças para as quais era indicado e os cassinos foram fechados. A economia de Poços sofreu um grande abalo, mas a fase ruim foi superada com a mudança de foco no turismo. A classe média e grandes grupos passaram a frequentar as termas, a visitar as fontes e outros pontos de atração da cidade. Além disso, a cidade abrigou várias indústrias, impulsionando a economia.
Fonte: IBGE.

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