Poços de Caldas – Complexo Ferroviário de Mogyana


Imagem: Google Street View

O Complexo Ferroviário de Mogyana foi tombado pela Prefeitura Municipal de Poços de Caldas-MG por sua importância cultural para a cidade.

Prefeitura Municipal de Poços de Caldas-MG
Nome atribuído: Complexo Ferroviário de Mogyana – FEPASA
Localização: Praça Paul Harris, s/n – Centro – Poços de Caldas-MG
Processo de Tombamento: Processo de Tombamento n° 08/P1

Composição: Estação Ferroviária – Complexo Ferroviário da Antiga Mogyana, incluindo Casas funcionais, galpões e demais edificações.

Descrição: No dia 22 de outubro de 1886 realizou-se a inauguração do ramal de Caldas, da Estrada de Ferro Mogyana, com a presença de SS. Majestades, o Imperador D. Pedro II, a Imperatriz D. Tereza Cristina e seleta comitiva.

Naquela época a povoação já possuía cerca de 200 casas, 5 hotéis, 1 escola e 1 capela. Além disso, a fama das águas termais sulfurosas se estendia por todo o sul do país, atraindo grande número de visitantes e enfermos.

O trajeto para Poços de Caldas, no entanto, era muito sacrificado. Pelo lado de Minas Gerais o caminho passava por Caldas e era usado por cavaleiros, troles e carros de bois. Pela província de São Paulo os trens da Mogyana iam até Casa Branca e os banhistas desciam um pouco antes, na antiga “Estação de Caldas” (próxima à Aguaí) e como o comboio só chegava às 17 horas, precisavam pernoitar em São João da Boa Vista. No dia imediato galgavam a serra em troles, passando pela “garganta do inferno”, transpondo o Vale do Ribeirão do Quartel e após atingirem o ponto mais alto do caminho em cascata, seguiam para o Campo de Caldas.

Em vista do grande incremento que tomava a Vila de Nossa Senhora da Saúde, a Companhia Mogyana, fundada em 1872, resolveu pedir ao governo, permissão para estender suas linhas até a estância. Por outro lado, a empresa concessionária dos serviços termais, dirigida pelo Dr. Lopes Chaves, se empenhou junto ao legislativo para que este benefício fosse concedido e a estrada de ferro pudesse chegar a Poços. Conseguiu finalmente a Companhia Mogyana a concessão do governo e em 1883 foram iniciados os trabalhos.

Apesar dos trabalhos estarem concluídos em 1º de outubro de 1886, a estrada só foi inaugurada no dia 22 pelo Imperador D. Pedro II, que proveniente do Rio de Janeiro, veio a Campinas em trem especial, acompanhado de sua esposa, D. Tereza Cristina; do Ministro da Agricultura, Conselheiro Antonio Prado, do presidente da Província Conde de Parnaíba, do médico do Paço, Visconde de Sabóia; do Presidente da Mogyana, Dr. João de Ataliba Nogueira, além de outros integrantes.

O comboio partiu de Campinas, sob entusiástica aclamação popular, conduzindo os imperiais visitantes em um vagão especial, luxuosamente ornamentado, com cadeiras estofadas de seda, espelhos, apresentando um aspecto deslumbrante. Em quase todas as estações intermediárias em que passava, “explodiam manifestações com flores, bandas de música e vivas aos monarcas”.

De Águas da Prata a Poços de Caldas, um elegante carro aberto construído especialmente nas oficinas da Companhia, para a ocasião, foi colocado na frente da locomotiva para que os ilustres passageiros pudessem apreciar a paisagem que se descortinava.

A composição ferroviária que trazia D. Pedro II e sua esposa chegou à estação de Poços de Caldas às 6 horas da tarde, tendo sido o casal recebido com saudações de entusiasmo ao som do Hino Nacional, enquanto as senhoras jogavam flores sobre os imperantes.

Em seguida todos se dirigiram á Igreja do Bom Jesus da Cana Verde (atual santo Antonio), onde fizeram suas orações e agradecimentos pelo sucesso da vigem. SS. MM. seguiram então para o Hotel da Empresa, onde se instalaram num pavilhão especial, edificado por João Batista Pansini.

O Imperador e a Imperatriz ficaram em Poços de Caldas mais um dia, dirigindo-se em seguida para Ribeirão Preto a fim de inaugurar outro Ramal da Estrada de Ferro.

A excursão Imperial projetou o nome de Poços de Caldas em todo o país, principalmente na Côrte, cujos membros tornaram-se freqüentadores assíduos da estância.

A Estrada de Ferro Mogyana passou então por um período de grande prosperidade, pois suas composições partiam lotadas de Campinas para cá. Seus trens passaram a ser, durante várias décadas, o meio de transporte preferido pelos viajantes à região da Mantiqueira, até que o aparecimento das estradas de rodagem pavimentadas, permitindo um percurso mais rápido e confortável, diminuindo o movimento da tradicional ferrovia.

No final da década de 1990 a estrada foi desativada, passando a funcionar apenas para cargas a partir da estação da Bauxita e seus trilhos foram retirados do centro da cidade por volta de 1998.

A estrada de Ferro foi sem dúvida a mola da evolução econômica e social da jovem estância hidromineral. Transportava os produtos da terra e trazia as mais recentes conquistas culturais, artísticas e técnicas da Corte Imperial.

Vários fazendeiros paulistas vindos através dela, freqüentavam os banhos termo-sulfurosos e muitos deles construíram belas residências, que fizeram parte da evolução da cidade e criaram tipologias arquitetônicas.

O conjunto arquitetônico foi tombado, dada a sua representatividade e valores destacados, como se segue:
• Plataforma da estação, como remanescente da construção original;
• Corpo central da estação de passageiros como testemunho das intervenções ocorridas nos anos 30, sob a concepção estética dos padrões da Mogyana, num processo de modernização dos imóveis;
• Galpão e Armazém, como elementos construtivos de tipologia industrial;
• Residências funcionais como exemplares de vilas operárias;
• Elementos complementares férreos, como testemunho da atividade ferroviária na cidade.

Os valores históricos são inegáveis e vinculados à própria formação da cidade.
A antiga Ferrovia Mogyana, como já dissemos, teve seu ramal inaugurado em 1886, com a visita do Imperador D. Pedro II, impulsionando, com isso, o desenvolvimento do turismo na cidade.
Construído originalmente em alvenaria de tijolos aparentes, em estilo inglês, mantendo a linguagem dos chalés de veraneio da época. Em 1930, teve seu corpo central demolido, quando, então, foi construída a edificação atual, composta por quatro blocos: um para a plataforma de embarque, um para administração e serviços e os outros dois para armazéns.

A edificação original, implantada em 1886 por ocasião da inauguração da Estrada de Ferro Mogyana era de peculiar interesse, pois, além de seu caráter histórico, sua arquitetura, projetada pelo arquiteto Pansini, fugia dos padrões de outras edificações destinadas ao mesmo fim. A obra apresentava referências aos chalés que tanto marcaram época na arquitetura local e que foram projetados pelo mesmo arquiteto. Com relação à edificação existente, ressalta-se que a mesma foi muito descaracterizada, à exceção da plataforma de embarque à esquerda do prédio, que ainda mantém suas características originais.
Fonte: @patrimoniospocosdecaldas.

Descrição: Bem cultural tombado, o ramal de Caldas da antiga Estrada de Ferro Mogiana foi inaugurado pelo Imperador Dom Pedro 2º, em 1886, impulsionando o desenvolvimento e o turismo na cidade. Projetado por João Batista Pansini, fugia aos padrões de outras edificações destinadas para o mesmo fim. Hoje, abriga a Secretaria Municipal de Turismo e o Centro de Informações Turísticas.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: A história da Mogiana em Poços de Caldas se cruza com a história da ocupação da cidade. As águas sulfurosas no Planalto de Poços de Caldas foram descobertas ainda no final do século XVIII. Seriam elas as precursoras da ocupação da cidade, e, por serem curativas, trariam pessoas de todos os cantos do Brasil e do mundo para se banharem. A ocupação efetiva, assim como a criação de uma infraestrutura para os visitantes só ocorreria à partir de 1872, quando o sesmeiro Major Bernardes da Costa Junqueira, da Família Junqueira, doou suas terras junto aos poços ao governo, para que se estabelecesse um povoado. Poços de Caldas nascia oficialmente (MEGALLE, 1990; MARRAS, 2004).

[…]

Analisado o contexto da época, inicia-se o entrelaçamento entre a cidade e o Progresso. Em 1883 é iniciada a construção do Ramal de Caldas, que ligaria Poços de Caldas à Estação Cascata, em Águas da Prata. Criada para circulação de mercadorias e escoamento do café de São João da Boa Vista e região, e, em Poços de Caldas para atrair turistas, teria seu auge na cidade com o início da Mineração no Planalto (MEGALLE, 1990; MARRAS, 2004).

O Ramal ligava Poços de Caldas a cidade paulista de Aguaí (então Cascavel) e foi inaugurado em 1886 pelo Imperador do Brasil, D. Pedro II. No dia 22 de outubro de 1886, chegava a comitiva imperial para inaugurar o Ramal de Caldas e visitar a fonte Pedro Botelho. Não aleatoriamente houve uma audiência entre o Imperador e Pedro Sanches, embora Pedro II não tenha se atido a falar sobre a cidade ou sobre as águas, apenas elogiando o médico pela prestação de seu serviço (MEGALLE, 1990).

Rubens Caruso, cuja família era de ferroviários, nos  escreve em seu blog “Memória de Poços de Caldas” alguns detalhes sobre o Ramal de Caldas:

A obra do Ramal de Caldas foi executada pelo engenheiro polonês Alexander Brodowsky. A construção foi dividida em duas seções, do marco inicial até o quilômetro 42, contratada com Joaquim Gomes Netto; do quilômetro 42 até o ponto final, quilômetro 76, em Poços de Caldas, contratada com Nicolau Rehder. Foi Nicolau Rehder o responsável pelo trecho da Mogiana onde se encontra o túnel entre Poços de Caldas e Águas da Prata, sendo ele o primeiro a realizar a sua travessia, como relatado no livro “Alemães, Suecos, Dinamarqueses e Austríacos em São João da Boa Vista”, de Jaime Splettstoser Júnior.
Fonte: Flausino; Fernandes Júnior.

Histórico do município: A história de Poços de Caldas começou a ser escrita a partir da descoberta de suas primeiras fontes e nascentes, no século XVIII. As águas raras e com poder de cura foram responsáveis pela prosperidade da cidade quando as terras começaram a ser ocupadas por ex-garimpeiros, que passaram a se dedicar à criação de gado. Na época, 1818, a região onde hoje se situa Poços de Caldas pertencia ao capitão José Bernardes Junqueira. Quando o senador Joaquim Floriano Godoy declarou de utilidade pública os terrenos junto aos poços de água sulfurosa, determinou também a desapropriação do local. O próprio capitão se encarregou de doar 96 hectares de suas terras para a fundação da cidade. O ato foi assinado no dia 6 de novembro de 1872, data em que se comemora o aniversário de Poços de Caldas.

Desde 1886 funcionava na cidade uma casa de banho, utilizada para tratamento de doenças cutâneas. Ela se servia da água sulfurosa e termal da Fonte dos Macacos. Em 1889 foi fundado, por Pedro Sanches, outro estabelecimento para o mesmo fim, captando água da Fonte Pedro Botelho. Ali, a água sulfurosa subia até os depósitos por pressão natural. O balneário não existe mais. Em seu lugar foram construídas, no final dos anos 20, as Thermas Antônio Carlos, um dos mais belos prédios da cidade.

Em outubro de 1886, Poços recebeu o Imperador Dom Pedro II. Ele veio acompanhado da imperatriz Tereza Cristina para a inauguração de um ramal da Estrada de Ferro Mogiana. Três anos depois a cidade foi desmembrada do distrito de Caldas e elevada à categoria de vila e município. Seu nome tem relação com a história da família real portuguesa. Na época em que foram descobertos os poços de água sulfurosa e térmica, a cidade de Caldas da Rainha, em Portugal, já era uma importante terma utilizada para tratamentos e muito frequentada pela família real. Caldas possui o mais antigo hospital termal em funcionamento no mundo, desde o século XVI. Como as fontes eram poços utilizados por animais, veio o nome Poços de Caldas.

Na década de 40, era dos cassinos, Poços recebia a visita da aristocracia brasileira, que frequentava os salões do Palace Casino e do Palace Hotel. O presidente Getúlio Vargas tinha uma suíte especial no hotel com a mesma decoração da que ele usava no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, então capital do país. O quarto ainda hoje preserva os móveis e o estilo da época, mas uma das maiores atrações do hotel continua sendo sua piscina térmica, construída num suntuoso salão sustentado por colunas de mármore de carrara.

Entre os artistas que passaram pelo Palace Casino naquela época estiveram Silvio Caldas, Carmem Miranda, Orlando Silva e Carlos Galhardo. Estiveram também em Poços de Caldas personagens ilustres como Rui Barbosa, Santos Dumont, o poeta Olavo Bilac e o romancista João do Rio. Entre os políticos, o interventor de Minas Gerais durante o Estado Novo, Benedito Valadares e o presidente Juscelino Kubitschek, entre outros, foram também presenças constantes.

A proibição do jogo, em 1946, e a descoberta do antibiótico tiveram forte impacto para o turismo na cidade. O termalismo deixou de ser a maneira mais eficaz de tratar as doenças para as quais era indicado e os cassinos foram fechados. A economia de Poços sofreu um grande abalo, mas a fase ruim foi superada com a mudança de foco no turismo. A classe média e grandes grupos passaram a frequentar as termas, a visitar as fontes e outros pontos de atração da cidade. Além disso, a cidade abrigou várias indústrias, impulsionando a economia.
Fonte: IBGE.

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