Poços de Caldas – Complexo Hidrotermal e Hoteleiro


Imagem: Prefeitura Municipal

O conjunto Hidrotermal e Hoteleiro de Poços de Caldas possui três edificações de destaque: Palace Hotel, Palace Cassino e Termas Presidente Antônio Carlos.

IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
Nome atribuído: Complexo Hidrotermal e Hoteleiro
Localização: Praça Dr. Pedro Sanches – Poços de Caldas-MG
Processo de Tombamento: Processo de Tombamento n° 01/P1
Resolução de Tombamento: Art. 84 dos Atos das Disposições Transitórias da Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989

Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico de Poços de Caldas-MG
Nome atribuído: Conjunto de Complexos Hidrotermais e Hoteleiros (Conj. Arquit e Paisagístico Parque José Afonso Junqueira)
Localização: Poços de Caldas-MG

Descrição: O conjunto Hidrotermal e Hoteleiro de Poços de Caldas destaca-se pelas três principais grandes edificações: Palace Hotel, Palace Cassino e Termas Presidente Antônio Carlos; e o paisagismo exuberante do Parque Affonso Junqueira e Praça Pedro Sanches, importantes espaços públicos assentados na malha urbana da cidade de Poços de Caldas. A área localiza-se onde, ainda em 1826, foram abertos os dois primeiros poços de águas sulfurosas termais, à margem direita do Ribeirão de Caldas, em terras da Fazenda Barreira.
O primeiro balneário foi inaugurado em 1886 sob os auspícios da Empresa Balneária de Poços de Caldas S. A.
Eduardo V. Pederneiras foi o arquiteto responsável pelos projetos das Termas (1927-29), Cassino Palace (década de 1920) e Palace Hotel (1929/31). O arquiteto e paisagista Reynaldo Dieberger encarregou-se do projeto do Parque Affonso Junqueira construído na mesma época. A área de tombamento é constituída pelas praças Pedro Sanches, Parque José Affonso Junqueira e Praça Getúlio Vargas, Praça Elizário Junqueira e Praça Major Luiz Loyola. Delimitadas pelas vias que contornam estes espaços, o tombamento inclui todas as edificações e estruturas urbanísticas nelas inseridas: coretos, monumentos e fontes.
Fonte: Iepha.

Descrição: A origem da cidade de Poços de Caldas se dá nas imediações das fontes termais, que foram ocupadas inicialmente por barracos e cabanas construídos por doentes que vinham de longas viagens em busca da cura para alguns males.
Em 1826, por iniciativa do Presidente do Estado, Dr. Agostinho de Souza Loureiro foi indicado para realizar o primeiro levantamento do local possibilitando o seu mapeamento, a abertura de dois poços para melhor utilização das águas temais e a construção do primeiro balneário. Esta ocupação e uso se estenderam até 1852, quando o governo Principal começou a tomar algumas medidas para melhorar as instalações da fonte.
Ao assumir a Presidência de Minas Gerais, também em 1872, o Dr. Joaquim Floriano de Godoy teve extremo interesse pelas águas sulfurosas e destinou ordens ao Engenheiro Honório Henrique Soares do Couto para iniciar os trabalhos de implantação da futura cidade. Em dezembro daquele mesmo ano, o traçado já estava encaminhado, assim como as áreas que definem o que hoje denominamos centro histórico estavam demarcadas, fruto de um projeto cartesiano, orientado pelos pontos cardeais, com os limites e usos nas funções de habitação, lazer e turismo. “Pode-se dizer com isso que a cidade não teve uma formação arbitrária como tantas outras no mundo, mas antes foi esse crescimento planejado de maneira simples mas segura e inteligente, fazendo honras ao seu autor e aos conhecimentos urbanológicos do seu tempo.” (JURANDIR, 1996 P.06)

Em 1880, o governo da Província de Minas Gerais fez a concessão do uso das águas à empresa Balneária dos Poços de Caldas, exigindo, no entanto, que a mesma dotasse a freguesia de um balneário digno. A empresa deu então início a suas atividades demolindo os ranchos usados anteriormente que faziam com que a utilização das fontes medicinais fosse muito precária e construindo barracões provisórios de pinho enquanto a captação das águas era feita pelo mestre pedreiro português Antônio Alves da Silva. Edificou-se a termas Pedro Botelho, que ficava situado no local onde hoje se encontra o Parque Infantil Darcy Vargas e que era ligado ao hotel da “Empreza” por um passadiço sobre o Ribeirão de Caldas.

Foi nesse balneário, inaugurado em 1886, que o Imperador Dom Pedro II e sua esposa Dona Tereza Cristina se banharam quando vieram a Poços de Caldas inaugurar o ramal de caldas da Estrada de Ferro Mogiana, que facilitou enormemente o acesso de visitantes ao local. Para hospedá-los foi construído um pavilhão anexo ao hotel, com acomodações devidamente confortáveis. A mesma empresa inaugurou, em 1896, o estabelecimento termal dos Macacos, na Praça Dom Pedro II. “Os serviços de pedreiro estiveram a cargo do mestre Antônio Alves da Silva, e de Luiz Tremoulet, os de carpinteiro, sob a direção do construtor João Batista Pansini.” (OTTONI, 1960, p. 206).

A Companhia Melhoramentos, que desde 1911 era a concessionária das águas ficou responsável pela construção de uma nova casa de banhos, um cassino e um hotel, o atual Palace Hotel (remodelado posteriormente pelo arquiteto Eduardo Pederneiras), com projetos do arquiteto José João Piffer. A casa de banhos era o edifício “Thermas”, situado ao lado do Palace Hotel, e que foi demolida quando da construção das Thermas Antônio Carlos em 1928.

Em 1927, com a inadimplência e falência da Companhia Melhoramentos, o então Presidente do Estado, Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, arrematou seus bens e criou a Superintendência dos Serviços Termais de Poços de Caldas, com o objetivo de promover as obras de urbanização da estância. Os trabalhos, realizados entre o final de 1928 e o início de 1930, deram à cidade sua fisionomia mais característica, onde se ressaltavam seus valores naturais, turísticos e paisagísticos, transformando-a, então, na primeira estância hidromineral das Américas. Tais obras vieram demolir uma série de edificações não contempladas no projeto, como é o caso do antigo cassino, do Balneário Pedro Botelho, da antiga termas, do Hotel da Empresa, do Posto Telefônico e da captação das fontes, bem como, implantar definitivamente o Parque José Affonso Junqueira, com as Thermas Antônio Carlos, o Palace Casino e o Palace Hotel totalmente remodelado.

Sob a administração do prefeito Carlos Pinheiro Chagas, as obras de saneamento e abastecimento de água foram entregues ao engenheiro Saturnino de Brito e os projetos relativos à construção das novas Termas, Palace Cassino e remodelação do Palace Hotel, foram entregues ao arquiteto Eduardo Vasconcellos Pederneiras. Da Europa vieram os engenheiros Shoeber e Maurer para o estudo das águas e do novo sistema de captação para as Termas. Os parques e jardins foram executados pelo paisagista Dierberguer, que já se firmava por suas realizações, inclusive pelos trabalhos executados na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

“Os novos edifícios, pelas suas escalas e linguagem arquitetônica diferenciada do contexto urbano existente, passaram a se comportar como verdadeiros monumentos urbanos que caracterizavam a paisagem construída no centro da cidade de Poços de Caldas.” (POZZER, 2001)
Composto por grandes áreas verdes, o Parque José Afonso Junqueira destaca-se não só por seu grande valor paisagístico, proporcionado pela sua exuberante vegetação, mas também pela diversidade de ambientes que possui, como o pergolado, as pracinhas e a fonte luminosa, que proporcionam uma atmosfera calma e acolhedora para aquelas que ali buscam descanso e lazer.

Esta completa infraestrutura foi implantada entre 1927 e 1929.Assim, Poços era considerada a melhor estância hidromineral da América Latina. Como os tratamentos demandavam estadias prolongadas, o jogo se apresentou como alternativa para distração daqueles que aqui permaneciam. Esta atividade alcançou tamanho sucesso que a cidade passou a congregar um grande número de cassinos, transformando o jogo no principal foco do turismo, suplantando até mesmo o turismo de saúde ministrado através da cura pelas águas. Visitante ilustre e constante era o Presidente Getúlio Vargas e sua esposa Darcy Vargas, principalmente no período do Estado Novo, em que se reunia com políticos e assessores.

A proibição do jogo, em 1946, combinada ao avanço da medicina alopática, que lançou novas hipóteses e gerou dúvidas em relação ao poder de cura das águas, contribuiu de forma decisiva para o grande decréscimo da atividade turística, até então a principal fonte de recursos econômicos do município e inaugurou uma fase de decadência econômica.

Ao final da década de 70, o centro histórico começa a sofrer pequenas descaracterizações, e a algumas agressões irreversíveis. Entretanto, como fruto da conscientização e da pressão política de um grupo de poços-caldenses sensíveis à questão do Patrimônio Histórico, a área do Parque e suas edificações foram tombadas em nível municipal, em 1985, ou seja, 120 anos após os primeiros indícios de sua ocupação, sendo reconhecida oficialmente pelo seu valor histórico, cultural, ambiental e paisagístico.

Algumas medidas imediatas foram tomadas no sentido de preservar o sítio, tais como a desapropriação do antigo Posto Touring para a criação da Praça Dr. Elisário Junqueira (em frente às Thermas) e o impedimento do prolongamento do trecho da Av. Francisco Salles, em frente ao Palace Casino, cortando a área do Parque, até interligá-la diretamente à Avenida João Pinheiro.

O Município, a partir de então, assessorado pela Diretoria do Patrimônio, atual Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico de Poços de Caldas (CONDEPHACT), passou a elaborar conceitos e a observar a vigilância daquele patrimônio inestimável.
Na elaboração da Constituição Estadual, o tombamento dessa área passou a compor o artigo 84 das Disposições Transitórias e, por força de lei, o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico) promoveu a delimitação do sítio e seu tombamento como Patrimônio Estadual, ratificando a atitude do Município.
Fonte: @patrimoniospocosdecaldas.

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MAIS INFORMAÇÕES:
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Iepha – Guia vol.2
Anna Luiza Souza Nery Reis
Prefeitura Municipal
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