Porto Alegre – Capela Bom Pastor


Imagem: Iepha

A Capela Bom Pastor foi projetada em formato de cruz. Nos dias de culto, as detentas se posicionavam no lado esquerdo do transepto.

IPHAE – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado
Nome Atribuído: Capela Bom Pastor (Presídio Feminino Madre Pelletier)
Localização: Av. Teresópolis, nº 2727 – Porto Alegre-RS
Número do Processo: 1921-08.04CODEC/90-5
Portaria de Tombamento: 09/91
Livro Tombo das Belas Artes: Inscr. Nº 02, de 23/09/1994
Publicação no Diário Oficial: 18/03/1991

Descrição: A história da Capela do Bom Pastor está relacionada à trajetória da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, irmandade religiosa fundada em 1835, por Santa Maria Eufrásia Pelletier (Rosa Virgínia Pelletier), com sede em Angers (França). Por causa da missão central das irmãs, voltada principalmente à conversão de mulheres, a assistência às detentas no Estado foi assumida pela Congregação em 1936. À época, não existiam as atuais edificações penitenciárias onde se localiza o bem tombado.
O primeiro contrato entre o Estado e as irmãs foi assinado em 13 de junho de 1936. Em 13 de dezembro, chegaram oito religiosas vindas do Rio de Janeiro. Em 31 de dezembro de 1939, mudaram-se para uma casa da Av. Getulio Vargas. E, em fins da década de 1940, uma nova edificação para abrigar as detentas, na atual Av. Teresópolis, estava concluída e sob administração das irmãs do Bom Pastor.
A Capela Bom Pastor, localizada no interior do novo complexo, foi projetada em formato de cruz. Nos dias de culto, as detentas se posicionavam no lado esquerdo do transepto. Na parte direita dele, ficavam menores de idade, também sob os cuidados das irmãs. A nave central era reservada à comunidade, que se sentava voltada para o altar em mármore posicionado no cruzeiro, isto é, na área de intersecção do transepto com a nave. O altar estava sob uma abóbada cujos painéis foram pintados com temas religiosos. A parte posterior ao altar era reservada às irmãs e, ao fundo, há uma sacristia e um mezanino, sobre o qual estava um órgão de tubos. Além da abóboda central, outras paredes também foram pintadas, como as molduras para as peças da via crucis em gesso que estavam posicionadas ao longo de uma das laterais.
A execução das pinturas ocorreu entre 1952 e 1953 pelo pintor italiano Emílio Sessa (1913 – 1990). Foi essa intervenção que tornou a Capela Bom Pastor passível de ser inscrita no livro do tombo artístico estadual, pois junto com Aldo Locatelli (1915 – 1962), Sessa foi um dos mais significativos muralistas de arte sacra dos templos do Rio Grande do Sul. Ambos integraram o Gruppo dei Bergamaschi, que reunia diversos artistas da época com suas respectivas especialidades (pintores, douradores, stucattores etc). Durante mais de quinze anos, Sessa se dedicou a diversas capelas e igrejas no Rio Grande do Sul (Pelotas, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Santo Ângelo, entre outros municípios) e, também, em Santa Catarina (Itajaí) e São Paulo (Santo Amaro). Em 1965, ele retornou à Itália onde executou outras obras e trabalhos de restauro. Faleceu em sua cidade natal, Bergamo, em 4 de fevereiro de 1990.
Em 20 de abril de 1970, a designação da ala esquerda do Instituto Bom Pastor, chamada, até aquele momento, de Instituto Feminino de Readaptação Social, tornou-se, por decreto, Penitenciária Feminina Madre Pelletier em homenagem à fundadora da Congregação. Os menores abrigados na ala direita do instituto foram entregues à FEBEM, ampliando o espaço do presídio. A Capela decorada por Sessa permaneceu sob administração religiosa até 1981, pois, em dezembro daquele ano, o Estado desapropriou as edificações da Congregação e o contrato entre as partes foi rescindido.
Em 23 de fevereiro de 1990, a Capela sofreu danos causados por um incêndio iniciado por uma detenta. Após algumas iniciativas no sentido de recuperá-la, a capela e as pinturas artísticas de Sessa foram tombadas em 13 de março de 1991. Todavia, nos anos seguintes o bem permaneceu carente de medidas visando a recuperação. Em 20 de março de 1996, outro incêndio atingiu a Capela Bom Pastor, destruindo parte significativa das dependências. Por fim, em outubro de 2011, foram concluídos os trabalhos de limpeza, higienização e organização da Capela, sob orientação do IPHAE, com o auxílio das detentas. Fragmentos de estruturas em pedra e estuque foram selecionados para restauro na próxima etapa prevista dos trabalhos.
Fonte: IPHAE.

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