Rio de Janeiro – Imóvel à Rua das Laranjeiras, nº 232


Imagem: Google Street View

O imóvel à Rua das Laranjeiras, nº 232, no Rio de Janeiro-RJ, foi tombado por sua importância cultural para a cidade.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Bens em Laranjeiras – Setor Histórico 2 – Rua das Laranjeiras, nº 265, 301, 222, 232, 304, 308
Outros Nomes: Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES
Processo de Tombamento: E- 18/001.553/98
Localização: Rua das Laranjeiras, nº 232 – Laranjeiras – Rio de Janeiro – RJ
Tombamento Provisório: 9/12/1998

Descrição: O INES atende em torno de 600 alunos, da Educação Infantil até o Ensino Médio. A arte e o esporte completam o atendimento diferenciado do INES aos seus alunos. O ensino profissionalizante e os estágios remunerados ajudam a inserir o surdo no mercado de trabalho. O Instituto também apóia o ensino e a pesquisa de novas metodologias para serem aplicadas no ensino da pessoa surda e ainda atende a comunidade e os alunos nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social.
O atual Instituto Nacional de Educação de Surdos foi criado em meados do século XIX por iniciativa do surdo francês E. Huet, tendo como primeira denominação Collégio Nacional para Surdos-Mudos, de ambos os sexos.
Em junho de 1855, E. Huet apresentou ao Imperador D. Pedro II um relatório cujo conteúdo revelava a intenção de fundar uma escola para surdos no Brasil. Neste documento, também informou sobre a sua experiência anterior como diretor de uma instituição para surdos na França: o Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges.
Era comum que surdos formados pelos institutos especializados europeus fossem contratados a fim de ajudar a fundar estabelecimentos para a educação de seus semelhantes. Em 1815, por exemplo, o norte-americano Thomas Hopkins Gallaudet (1781-1851) realizou estudos no Instituto Nacional dos Surdos de Paris. Ao concluí-los, convidou o ex-aluno Laurent Clérc, surdo, que já atuava como professor, para fundar o que seria a primeira escola para surdos na América. A proposta de Huet correspondia a essa tendência. O governo imperial apoiou a iniciativa de Huet e destacou o Marquês de Abrantes para acompanhar de perto o processo de criação da primeira escola para surdos no Brasil.
O novo estabelecimento começou a funcionar em 1º de janeiro de 1856, mesma data em que foi publicada a proposta de ensino apresentada por Huet. Essa proposta continha as disciplinas de Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios.
No seu percurso de quase dois séculos, o Instituto respondeu por outras denominações, sendo que a mudança mais significativa deu-se no ano de 1957, que foi a substituição da palavra “Mudo” pela palavra “Educação”. Essa mudança refletia o ideário de modernização da década de 1950, no Brasil, no qual o Instituto, e suas discussões sobre educação de surdos, também estava inscrito.
Em razão de ser a única instituição de educação de surdos em território brasileiro e mesmo em países vizinhos, por muito tempo o INES recebeu alunos de todo o Brasil e do exterior, tornando-se referência para os assuntos de educação, profissionalização e socialização de surdos.
A língua de sinais praticada pelos surdos no Instituto – de forte influência francesa, em função da nacionalidade de Huet – foi espalhada por todo Brasil pelos alunos que regressavam aos seus Estados ao término do curso. Nas décadas iniciais do século XX, o Instituto oferecia, além da instrução literária, o ensino profissionalizante. A conclusão dos estudos estava condicionada à aprendizagem de um ofício. Os alunos frequentavam, de acordo com suas aptidões, oficinas de sapataria, alfaiataria, gráfica, marcenaria e artes plásticas. As oficinas de bordado eram oferecidas às meninas que frequentavam a instituição em regime de externato.
Na década de 1960, nos EUA, com apoio de pesquisas realizadas na área da linguística, foi conferido status de língua à comunicação gestual entre surdos. No Brasil, já no final dos anos 1980, os surdos lideraram o movimento de oficialização da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Em 1993, um projeto de Lei deu início a uma longa batalha de legalização e regulamentação em âmbito federal, culminando com a criação da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais, seguida pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que a regulamenta. Este Decreto contém nove capítulos dispondo sobre os seguintes temas: a LIBRAS como disciplina curricular; o ensino da língua portuguesa oferecida aos alunos surdos como segunda língua; a formação de profissionais bilíngues; e também a regulamentação do uso e difusão dessa língua em ambientes públicos e privados.
Vai se consolidando, portanto, a proposta de educação bilíngue. Nesse sentido, alguns desafios vão sendo postos, como, por exemplo, promover o ensino bilíngue para sujeitos surdos, que demandam ensino público de massa, no Instituto Nacional de Educação de Surdos e nas escolas regulares brasileiras.
O INES tem como uma de suas atribuições regimentais subsidiar a formulação da política nacional de Educação de Surdos, em conformidade com a Portaria MEC nº 323, de 08 de abril de 2009, publicada no Diário Oficial da União de 09 de abril de 2009, e com o Decreto nº 7.690, de 02 de março de 2012, publicado no Diário Oficial da União de 06 de março de 2012.
Único em âmbito federal, o INES ocupa importante centralidade, promovendo fóruns, publicações, seminários, pesquisas e assessorias em todo o território nacional. Possui uma vasta produção de material pedagógico, fonoaudiológico e de vídeos em língua de sinais, distribuídos para os sistemas de ensino.
Além de oferecer, no seu Colégio de Aplicação, Educação Precoce e Ensinos Fundamental e Médio, o Instituto também forma profissionais surdos e ouvintes no Curso Bilíngue de Pedagogia, experiência pioneira no Brasil e em toda América Latina.
Fonte: MEC.

Descrição: O presente tombamento é resultado de uma parceria com a comunidade de Laranjeiras, através de sua Associação de Moradorese Amigos – Amal, que remonta ao fim da década de 1970, com a luta pela salvaguardadas Casas Casadas. A Amal apresentou ao Inepac um minucioso estudo, solicitando o tombamento de um rico e diversificado conjunto de bens imóveis que sobreviveram ao intenso processo de transformação do bairro e cuja importância está relacionada à história da cidade. Incluem-se nesse grupo edifícios públicos e privados, institucionais, religiosos e residenciais, grandes e pequenos. São construções diversas que representam a cultura fluminense não por sua excepcionalidade, mas justamente por se consubstanciarem em exemplares da tipologia arquitetônica que caracteriza um padrão na ocupação do bairro. O tombamento enseja o reconhecimento e a preservação da escala e das relações espaciais e urbanas do conjunto.
Em meio a esse conjunto destacam-se alguns bens que são marcos da história do bairro de Laranjeiras e mesmo da cidade:

No setor histórico 1, destaca-se a casa art déco, da rua Mário Portela, nº 49.

No setor histórico 2, é especialmente notável o edifício do Instituto Nacional de Educação de Surdos. A instituição foi inaugurada em 1855 sob direção do professor francês Ernest Huet. Já sob a denominação de Instituto Imperial dos Surdos-Mudos, e sob os auspícios de D. Pedro II, transferiu-se para uma sede na ladeira do Livramento. Instalou-se na rua das Laranjeiras em 1881. Sendo insuficientes suas instalações para o grande número de alunos, é projetada nova sede pelo arquiteto Gustavo Lully, no ano de 1915, em majestoso estilo renascentista francês. A residência que foi do Conde Modesto Leal na rua das Laranjeiras, nº 304, é uma das casas mais bonitas do bairro. Foi projetada pelo italiano Antônio Jannuzzi, que se estabeleceu no Brasil a partir de 1874 e que se tornaria um dos mais importantes projetistas e construtores do início da República. A casa foi descrita em 1908 como tipo de construção que, “ao aspecto aristocrático, reúne uma graça irrepreensível de linhas artísticas […] nela harmoniosíssimas; a distribuição dos ornatos agradável e correta: colunas, pilastras, cornijas, modilhões, molduras, tudo se corresponde naturalmente”. Ainda no mesmo setor histórico fica o edifício eclético da rua das Laranjeiras, nº 308, que abrigou desde fevereiro de 1888 o antigo Instituto Pasteur, responsável pela vacinação preventiva da raiva onde foi realizada a primeira inoculação antirrábica no Brasil. Foi o primeiro Instituto Pasteur do mundo, estabelecido nove meses antes do de Paris. O instituto transferiu-se em 1910 para a rua das Marrecas, no Centro.

No setor histórico 3, o chafariz da praça São Salvador foi fabricado no estilo característico da época do imperador Napoleão III no Val d’Osne, região francesa famosa pelas fundições artísticas. Foi instalado na praça no começo da década de 1960.A Escola Senador Corrêa, na esquina das ruas Senador Corrêa e Esteves Júnior, inaugurada em 1874, foi a terceira das escolas construídas pela Associação Promotora da Instrução, criada pelo senador do Império Manuel Francisco Corrêa.Os mais de setecentos sócios da associação contribuíam com vultosas somas para a causada educação. A primeira escola construída foi em Vila Isabel, e a segunda, em São Cristóvão. Consta que a princesa Isabel lecionou prendas domésticas para as meninas dessa escola.

No setor histórico 4, fica a igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória. O projeto de 1842 é do engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler e do arquiteto francês Charles Philippe Garçon Rivière. O exterior, estritamente neoclássico, lembra a composição dos templos dedicados aos deuses da antiga Roma reabilitada pela Revolução Francesa conforme o espírito do Iluminismo. O aspecto pagão mereceu críticas ao ser concluída a igreja em 1872. Não muito depois de inaugurada, à igreja foi acrescida uma torre sineira. O interior não foi construído conforme o projeto original, mas sofreu alterações que resultaram num tipo ingênuo e tosco de barroco tardio.As rotundas laterais foram construídas no decênio de 1930. O alto-relevo no tímpano do frontão, assinado pelo artista espanhol Francisco Mutido, representa a Assunção e Coroação de Nossa Senhora.
Fonte: Inepac.

CONJUNTO:
Rio de Janeiro – Bens em Laranjeiras

VÍDEO:

MAIS INFORMAÇÕES:
Inepac
MEC


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *