Rio de Janeiro – Jardim, Morro e Cais do Valongo


Imagem: Halley Pacheco de Oliveira

O conjunto do Jardim, Morro e Cais do Valongo, na cidade do Rio de Janeiro, representa a memória e o sofrimento dos cerca de quatro milhões de escravos que chegaram ao Brasil.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Nome atribuído: Sítio Arqueológico Cais do Valongo
Localização: Rio de Janeiro-RJ
Número de inscrição:
Data de inscrição: 2017
Dossiê
Descrição: 
O Sítio Arqueológico Cais do Valongo, situado na região portuária, zona central do município do Rio de Janeiro, contém os vestígios arqueológicos de um antigo cais de pedra, construído a partir de 1811, no local em que desde 1774 recebia com exclusividade os africanos escravizados, que entravam no Brasil pelo porto do Rio de Janeiro. O cais foi aterrado em 1843 para as obras de um novo local de desembarque, destinado a receber a princesa napolitana Tereza Cristina de Bourbon, esposa do Imperador Dom Pedro II. Entre 1904 e 1910, um grande aterro realizado para a construção do novo porto da cidade encobriu também o Cais da Imperatriz, afastando a borda d’água 344 metros em relação ao local do sítio.
Fonte: UNESCO.

Descrição: O Sítio Arqueológico Cais do Valongo é localizado no centro do Rio de Janeiro e abrange toda a Praça do Jornal do Comércio. Está na antiga área portuária do Rio de Janeiro, na qual o antigo cais de pedra foi construído para o desembarque de africanos escravizados atingindo o continente sul-americano a partir de 1811. Cerca de 900 mil africanos chegaram à América do Sul pelo Cais do Valongo. O sítio físico é composto por várias camadas arqueológicas, sendo a mais baixa composta do calçamento no estilo pé de moleque, característico do Cais do Valongo. É o traço físico mais importante da chegada de escravos africanos no continente americano.
O valor excepcional universal do Cais do Valongo, reconhecido pela UNESCO, atende ao sexto critério dos 10 estabelecidos no Guia Operacional para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial.
Estar diretamente ou materialmente associado a acontecimentos e tradições vivas, ideias ou crenças, obras artísticas e literárias de significação universal excepcional é o critério VI do Guia para a Implementação da Convenção do Patrimônio Mundial.
O Cais do Valongo é um exemplo de sítio histórico sensível, que desperta a memória de eventos traumáticos e dolorosos e que lida com a história de violação de direitos humanos. Portanto, o Cais do Valongo materializa memórias que remetem a aspectos de dor e sobrevivência na história dos antepassados dos afrodescendentes, que hoje totalizam mais da metade da população brasileira e marcam as sociedades de outros países do continente americano.
Fonte: Unesco.

Descrição: O Brasil recebeu cerca de quatro milhões de escravos nos mais de três séculos de duração do regime escravagista, o que equivale a 40% de todos os africanos que chegaram vivos nas Américas, entre os séculos XVI e XIX. Destes, aproximadamente 60% entraram pelo Rio de Janeiro, sendo que cerca de um milhão deles pelo Cais do Valongo. A partir de 1774, por determinação do Marquês do Lavradio, Vice-Rei do Brasil, o desembarque de escravos no Rio foi integralmente concentrado na região da Praia do Valongo, onde se instalou o mercado de escravos que, além das casas de comércio, incluía um cemitério e um lazareto.
O objetivo era retirar da Rua Direita, atual Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. Após a chegada, eles eram destinados às plantações de café, fumo e açúcar do interior e de outras regiões do Brasil. Os que ficavam no Rio de Janeiro, geralmente eram forçados aos trabalhos domésticos ou em obras públicas.
A vinda da família real portuguesa para o Brasil e a intensificação da cafeicultura ampliaram consideravelmente o tráfico escravagista. Em 1811, com o incremento do tráfico e o fluxo de outras mercadorias, foram feitas obras de infraestrutura, incluindo o calçamento de pedra de um trecho da Praia do Valongo, que constitui atualmente o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo.
O local foi desativado como porto de desembarque de escravos em 1831, quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra – norma solenemente ignorada, que recebeu a denominação irônica de lei para inglês ver. Doze anos depois, em 1843, o Cais do Valongo foi aterrado para receber a Princesa das Duas Sicílias e Princesa de Bourbon-Anjou, Teresa Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II, recebendo o nome de Cais da Imperatriz. Com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, pôs-se fim verdadeiramente ao tráfico para o Brasil, embora a última remessa conhecida date de 1872 e a escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888.Cais do Valongo
Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado. No entanto, durante as obras do Porto Maravilha, com as escavações realizadas no local em 2011, foram encontrados milhares de objetos, como parte de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos. Entre os achados raros, há uma caixinha de joias, esculpida em antimônio, com desenhos de uma caravela e de figuras geométricas na tampa.
Em 2012, a prefeitura do Rio de janeiro acatou a sugestão das Organizações dos Movimentos Negros e transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública. O Cais do Valongo passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.
Em 20 de novembro de 2013, Dia da Consciência Negra, o Cais do Valongo foi alçado a Patrimônio Cultural da cidade do Rio de Janeiro, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). A intenção da cidade do Rio de Janeiro em lançar a candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade foi reforçada também pelo fato de representantes da UNESCO também considerarem o sítio arqueológico como parte da Rota dos Escravos. Um passo a mais para o reconhecimento do bem.
Fonte: Iphan.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Jardim e Morro do Valongo: conjunto arquitetônico e paisagístico
Localização: R. Camerino, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Número do Processo: 99-T-1938
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 65, de 30/06/1938
Descrição: O conjunto de edificações da Ladeira do Valongo ainda guarda características das áreas urbanas do Rio de Janeiro em fins do século XVIII. Pelo seu valor paisagístico foi tombado, especialmente a casa de nº 21. O jardim elevado foi construído pelo Prefeito Pereira Passos (1903-1906) quando do alargamento da rua, dentro do conjunto projetos de embelezamento urbano da sua administração. Tratado ao gosto romântico da época recebeu também quatro estátuas que ficavam originalmente no cais projetado por Grandjean de Montigny para o desembarque da Imperatriz Tereza Cristina.
Fonte: Iphan.

INEPAC – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural
Nome atribuído: Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, localizado na Praça Jornal do Comércio, Saúde
Localização: Praça Jornal do Comércio – Saúde – Rio de Janeiro – RJ
Data do Tombamento: 03.12.2018

FOTOS:

VÍDEOS:

Fonte: Iphan/RJ.

Fonte: Iphan/RJ.

Fonte: Iphan/RJ.

Fonte: Iphan/RJ.

MAIS INFORMAÇÕES:
Iphan
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Unesco [em inglês]
Dossiê Iphan
Wikipedia


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