São João del Rei – Sobrado R. Marechal Deodoro, nº 12


Imagem: Ibram

O Museu Regional de São João del-Rei funciona no Sobrado à R. Marechal Deodoro, nº 12, em São João Del Rei – MG.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Sobrado à R. Marechal Deodoro, nº 12
Localização: Praça Severiano de Rezende, esquina com a R. Marechal Deodoro, nº 12 – São João Del Rei – MG
Número do Processo: 361-T-1946
Livro do Tombo Histórico: Inscr. nº 244, de 01/08/1946
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 310, de 01/08/1946
Uso Atual: Museu Regional de São João del-Rei.

Descrição: Antes mesmo da descoberta do ouro em São João del Rei, esta região foi ocupada como ponto obrigatório de passagem pelos que iam em direção das minas já em exploração. Este local, conhecido como Porto Real da Passagem, foi estabelecido por Tomé Portes del Rei à margem esquerda do Rio das Mortes, onde este afazendou-se. Logo a região se mostrou abundante em ouro, provocando um avanço pela Serra do Lenheiro e formando um arraial ao pé do morro das Mercês, surgindo assim o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, futura vila de São João del Rei. O declínio da produção aurífera não significou o fim da Vila, passando esta a desempenhar um importante papel comercial. Neste cenário, já consolidado, surgem comerciantes de expressão como João Antônio da Silva Mourão (1806-1866), que fez construir o prédio onde hoje se aloja o Museu Regional de São João del Rei.
Esta imponente edificação, situada à margem do Córrego do Lenheiro e ocupando uma extensa área, se sobressai perante o casario ao redor e se volta para três pontos importantes da cidade. Coroando o segundo pavimento do edifício, na parte voltada para a Praça Severiano Resende, vemos ainda hoje a inscrição do nome do proprietário-construtor, como se esse quisesse não apenas confirmar a sua posse, mas também deixar a sua marca através dos tempos. Apesar de estar o estilo neoclássico em voga no Rio de Janeiro, sua absorção no interior se dá de maneira superficial. A casa do Comendador João Antônio da Silva Mourão não foge à regra e apresenta uma construção dentro da tradição colonial, com elementos classicizantes apenas na decoração da fachada. Concluídas as obras em 1859, ali o Comendador instala sua família, que ocupa o segundo e terceiro pavimentos, e a sua loja de secos e molhados, localizada no primeiro pavimento. Após a sua morte, 1866, a casa permaneceu como propriedade da família e, em 1926, ela é vendida à família Resende.
Na década de 1940, o IPHAN inicia o processo de tombamento da casa, mas sofre pressão dos proprietários que pretendiam construir um outro prédio em seu lugar. Vendida em 1946 a uma firma de construção sanjoanense (CIMOSA), a casa começou a ser demolida para se construir um hotel no local. Conseguindo sustar a demolição, o IPHAN tomba o prédio em agosto daquele ano e, logo após, se dá a sua desapropriação por determinação presidencial. Parcialmente destruída, a edificação passa por uma longa restauração a fim de abrigar o Museu Regional. A partir de 1954, ano de conclusão das obras, se inicia a aquisição do acervo. Num primeiro momento se forma o núcleo arquivístico com a transferência dos documentos cartoriais dos séculos XVIII e XIX, pertencentes à antiga Comarca do Rio das Mortes. À semelhança do que fora feito em outras cidades históricas, dava-se início a um setor de pesquisa, colocando à disposição dos estudiosos documentos fundamentais para o conhecimento da história mineira. Aos poucos, o museu vai constituindo o seu acervo com objetos na maioria procedentes da região.
Aberto à visitação pública a partir de 1963, o Museu Regional apresenta como resultado uma exposição que contém testemunhos significativos de aspectos da vida mineira nos séculos XVIII e XIX: os móveis nos contam um pouco da intimidade e do modo de viver, as imagens religiosas nos falam de um povo fervoroso, que exerce suas práticas religiosas tanto em casa, ao pé do oratório, como na rua acompanhando o andor da procissão; as pinturas nos mostram os protagonistas do dia-a-dia; os equipamentos de trabalho ( roca, batedeira, tear, formão, arado, balança de pesar ouro) nos dão a dimensão de uma outra tecnologia já tão de nós distanciada e que nos aguça para o papel da mulher da sociedade de então; o órgão nos relembra uma produção musical ainda hoje executada nas igrejas; os tipos de transporte (liteira, cadeirinha de arruar) nos fazem refletir sobre um outro ritmo de tempo, onde as distâncias eram percorridas por longas semanas. Cada objeto nos descortina um pouco do cotidiano de uma determinada época. A casa que foi do Comendador João Antônio da Silva Mourão representa uma parte do cenário e a cidade é o grande cenário percorrido por brancos, negros e mulatos; homens, mulheres e crianças; ricos e pobres; trabalhadores e proprietários, nos deixando, muitos deles, o legado agora visto e preservado por nós. Texto elaborado por Norma Marotti Fairbanks.
Fonte: Iphan.

FOTOS:

PANORAMA 360 GRAUS

VÍDEO:

Fonte: TV Brasil.

MAIS INFORMAÇÕES:

TV Escola
Plano museológico


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