São José dos Campos – Antiga Residência de Mário Alfredo Weiss


Imagem: Google Street View

A Antiga Residência de Mário Alfredo Weiss foi tombada pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.

COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Antiga Residência de Mário Alfredo Weiss
Localização: Av. Dr. Nelson S. D’ávila, n° 363 – Centro -São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: EP-2 – Lei nº 6718/04

Descrição: Bem de 1947.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: Esta antiga residência, que tem como endereço a Av. Nelson D’Ávila, 363, está intimamente ligada à história da primeira fase da industrialização joseense, diretamente relacionada à Família Bonadio, responsável pela primeira indústria de grande porte a se instalar na cidade: a Fábrica de Louças Santo Eugênio.

Construída em 1945, foi projetada pelo escritório Domingos Vitorini Jannini. Foram construídas duas casas na Av. Nelson D’Ávila, numa residindo Roberto e Ines Weiss e na outra Mário e Sérgia Weiss (assim como Ines, Sérgia também era filha de Eugênio Bonadio).

Durante todo a história da fábrica as duas famílias viveram nestas residências. Quando da decadência da indústria de Cerâmicas Weiss, na década de 1990, a casa de Ines Weiss, já viúva, foi demolida, sendo construída um edifício de escritórios em seu lugar.

A residência de Mário e Sérgia fora vendida antes, em fevereiro de 1967, para Agenor de Camargo Neves, registrada em nome de seus filhos, Paulo Roberto Pinto Neves, Maria Neves Araújo, Maria Tereza Neves Gregori, Francisco Eduardo Pinto Neves, Maria Stela Neves Dal Pozzo e Maria Lúcia Pinto Neves. Ali funcionou até 1997 o banco BCN e, posteriormente, a Companhia de Seguros Sul América. Quando esta encerrou suas atividades no prédio, ele ficou alguns anos sem uso, até que, em 2003, a casa foi alugada pelo Colégio Tableau, o qual fez novas edificações nos fundos da propriedade.

A residência Mário Weiss é uma edificação importante enquanto testemunho das residências construídas pelos empreendedores na área fabril, especialmente da primeira fase da industrialização da cidade.

A primeira fase da industrialização pode ser considerada tendo seu início com a lei de incentivos fiscais de 1920 e estendendo-se até 1950. Caracterizou-se pelos empreendimentos de base familiar. As indústrias de maior destaque desta fase foram a Fábrica de Louças Santo Eugênio, a Cerâmica Weiss, a Tecelagem Parahyba S/A e a Fábrica de Cerâmicas Becker. Todas estas famílias fizeram edificações de grande monta, visando muitas vezes o conforto de toda a unidade familiar numa mesma edificação e também uma demonstração do fausto e do sucesso da empresa. Destacam-se as residências de Olivo Gomes (a primeira da década de 1930 e a segunda de década de 1950), a residência da família Becker (edificada ao lado da fábrica), a residência de Anna Bonadio (situada na av. João Guilhermino, conhecida como a Cabana das Flores) e as residências Weiss.

Destas somente restam a residência Olivo Gomes e uma das residências Weiss.
Fonte: FCCR.

Fábrica de Louças Santo Eugênio: O primeiro grande empreendimento fabril a se estabelecer na cidade vem atraído pela concorrência fiscal que as cidades valeparaibanas empreenderam no início do século XX, em busca de crescimento econômico através da instalação de indústrias. Esta concorrência se deu mais fortemente no Vale do Paraíba do Sul, cujas terras já estavam esgotadas pela produção cafeeira.

Eugênio Bonadio, ex-funcionário de uma fábrica de louças de Jundiaí, tinha a intenção de abrir sua própria fábrica de louças na cidade de Pindamonhangaba, devido aos incentivos fiscais prometidos. No entanto, no percurso de Jundiaí a Pindamonhangaba, o trem em que viajava precisou parar por alguns horas em São José dos Campos, para manutenção. Ao visitar pessoas conhecidas na cidade, Bonadio travou contato com o prefeito, Cel. João Cursino, que lhe prometeu melhores incentivos se sediasse sua indústria em São José dos Campos.

Conseguindo da prefeitura a doação de uma área perto da estação ferroviária, o sr. Eugênio Bonadio deu início à edificação de uma fábrica de louça branca de pó de pedra. A construção foi confiada ao mestre de obras sr. Romeu Carnevalli.

As obras foram iniciadas em 1920, e já no ano seguinte surgia a Fábrica de Louças Santo Eugênio, pertencendo à firma Bonadio, Lorenzoni & Cia, de que faziam parte Eugênio Bonadio, Tito Lorenzoni, Conrado Bonadio e Antonio Cará.

Antes mesmo da inauguração, contudo, faleceu o Sr. Eugênio Bonadio, sendo substituído na firma por sua esposa, D. Anna Bonadio. Em 1923, alterou-se a razão social, passando a ser composta por Anna Bonadio, Conrado Bonadio, Antonio Cará e Lina, Illa e Ines Bonadio. Em 1928, faleceu D. Anna Bonadio, alterando-se novamente a razão social para Conrado Bonadio, Antonio Cará, Roberto Weiss, Mario Weiss, Archimedes Roubaud, Affonso Tota, Arminda Bonadio e Mário Bonadio.

Após seis meses de operação, já produzia cem mil peças por mês, produção bastante acentuada para a época.

Em 1934, a área ocupada era de 10.000 m2. A fábrica produzia azulejos e peças de cerâmica, com maquinário de origem paulista. A direção estava por conta de Conrado Bonadio, Roberto Weiss e Antonio Cará, e seus produtos eram vendidos a atacadistas do Rio e de São Paulo. Na década de 1950 era considerada a terceira indústria de louças do Brasil.

Foi desativada em 1967.
Fonte: FCCR.

Cerâmica Weiss: A Cerâmica Weiss nasceu da capacidade criativa de Dona Ines Weiss. Filha de Eugênio Bonadio, ela aprendeu técnicas de pintura com um pintor italiano que trabalhava para a Fábrica Santo Eugênio. Ines passou a fazer pequenas peças utilizando-se de produtos da fábrica do pai. Assim, por exemplo, dois pires, ou pratos ou tigelas grudadas, com uma alça, formavam vasos, ou açucareiros, que, pintados por Ines, ganhavam cores e formas diferenciadas dos produtos oferecidos pela Santo Eugênio.

A porcelana feita pela Santo Eugênio era baseada na porcelana inglesa, com desenhos azuis em fundo branco. Ines desenvolveu uma pintura colorida, marcadamente tropical, que expunha em sua casa, onde morava com seu marido Roberto Weiss, diretor da Fábrica Santo Eugênio.

Na década de 1940, recepcionaram alguns comerciantes de São Paulo, que propuseram a ela que vendesse estas peças na Capital, proposta essa que foi aceita. Inicialmente, as peças eram feitas somente por ela, com material da Bonadio e a assinatura Weiss.

Com o sucesso das vendas, e como consequência de desentendimentos que surgiram entre Roberto Weiss e os outros diretores, houve a saída de Roberto (1940) e Mário Weiss (1942) da diretoria. Ambos formaram, em 1941, a Cerâmica “Irmãos Weiss”.

Dez anos depois, em 1951, a Cerâmica Weiss possuía uma área construída de 3.300 m² na sede e 750m² na filial. Nesta mesma época trabalhavam nela 222 homens e 57 mulheres. Operava com dois fornos a lenha, dois fornos elétricos contínuos e sete muflas elétricas. Tinha transporte próprio de caminhões e enviava seus produtos a todo o Brasil, especialmente ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Sua produção, que em 1941 era de 25.000 peças mensais, em 1951 tinha subido para 800.000 peças. É considerada a primeira fábrica de adornos do Brasil.
Fonte: FCCR.

Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.

Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.

Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.

Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.

Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.

Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.

O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.

Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.

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