São José dos Campos – Cine Santana


Imagem: Prefeitura Municipal

O Cine Santana foi tombado pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.

COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Cine Santana
Localização: Av. Rui Barbosa, n° 2005 – Santana – São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: EP-2 – Lei nº 6135/02

Descrição: Bem inaugurado em 1952.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: O Cine Santana, sala de cinema com 800 lugares, foi inaugurado no Bairro de Santana no dia 12 de outubro de 1952. Seus proprietários eram José Quirino da Costa, José Francisco Natali e Fernando Navajas. Tal como o Cine Paratodos, possuía dois projetores de 35 mm, o que permitia fazer a projeção dos filmes sem a interrupção para troca dos rolos, interrupção essa que era comum nas salas de projeção das décadas anteriores.

Foi idealizado de forma a propiciar a exibição de filmes e apresentações de teatro, dança, entre outras manifestações artísticas.

Teve seu apogeu nas décadas de 1950 e 1960, exibindo películas de Mazaroppi, grandes produções cinematográficas brasileiras (filmes da Atlântida e da Vera Cruz) e filmes estrangeiros. Apresentou, também, grandes espetáculos para a época, como o de Roberto Carlos.

Como a maioria dos cinemas do país, iniciou seu processo de decadência no final da década de 1970, com a chegada das salas de projeção cinematográficas nos shoppings, os quais criaram verdadeiros complexos de consumo e lazer, e com uma maior disseminação da televisão enquanto veículo de comunicação de massa e entretenimento. Na década de 1980, tentaram mantê-lo aberto com a exibição de filmes pornográficos. Nesta mesma década, no entanto, foi fechado e alugado para uma Igreja Evangélica.

Sua função cultural, no entanto, acaba sendo restabelecida em 1994, quando a FCCR decidiu ali instalar o Centro Cultural de Santana. Voltou então a apresentar várias atividades culturais nas áreas de dança, teatro e música, através da ACD – Ação Cultural Descentralizada.

Através da ACD desenvolveu-se o trabalho de Memória do Bairro, que destacou a importância do cinema como esteio da comunidade, e a importância de se reativar a exibição de filmes no local. Isto acabou se concretizando em 1999, com a reforma das máquinas de projeção, além da construção de camarins atrás do palco e, embaixo deles, a sala de música. Internamente, sofreu alterações no palco e inserção de pequenos elementos construtivos como puxadores e porta níqueis. Por fim, a sala que antes servia de bar foi reformada e ligada ao foyer por uma porta.

O Cine Santana apresenta-se como um elemento importante para a história da região de Santana e da cidade. Ele e o Cine Paratodos foram durante muito tempo os únicos espaço de espetáculos e lazer da cidade – já que, na época de sua inauguração, o Teatro São José já havia sido desativado.

Ao mesmo tempo em que é um testemunho, na cidade, das mudanças ocorridas no entretenimento de massa no país e no mundo, é também um importante testemunho das mudanças na organização do Bairro Santana, na sua vida urbana e nos meios de lazer que sua população se utilizava.

É interessante observar que com ele se inaugurou no bairro o lazer de massas, o qual atendia também à população de outros locais. Os entretenimentos das décadas anteriores ocorriam a partir da sua produção na própria comunidade – leilões, quermesses, festas, bailes com bandas locais, onde o ser que produz o lazer, muitas vezes, não se diferencia do ser que o vivencia. Com a chegada da Rhodia e dos novos imigrantes, muitos deles estrangeiros, introduziram-se no bairro novos valores socioculturais, entre eles o cinema.

Este proporcionou uma forma de vivência cultural na qual a comunidade passa de participante a espectadora. Ao mesmo tempo, em suas películas brasileiras e internacionais, novos valores culturais e necessidades foram introduzidos. A cultura popular, por sua vez, acabou, em vários sentidos, distanciando-se dos integrantes da comunidade.

Por outro lado, na segunda metade do século XX, no cineteatro a vida social se manifestou de maneira particularmente intensa: amizades, flertes, namoros, casamentos e rompimentos tiveram como pano de fundo a tela de projeção, com seus filmes, ou o palco, com seus espetáculos de dança, teatro e música. Para tudo isso serviu como locus o Cine Santana, mas também para outras manifestações sociais, como as disputas políticas, pois o cinema de Santana, como um espaço misto, foi palco de vários comícios políticos. Neste processo, acabou complementando e, muitas vezes, substituindo o espaço antes ocupado pelas praças e largos das igrejas.

Construído na mesma década da Residência Olivo Gomes, do Grupo Escolar da Tecelagem Parahyba, da Escola de Belas Artes e da vinda do CTA, quando a cidade se modificava, através da chegada das indústrias multinacionais e da arquitetura que trazia ares “modernos” ao espaço urbano, o Cine Santana foi também um símbolo da modernidade do bairro.

Típico da fase industrial, sua linguagem arquitetônica pautou-se no art-déco, estilo arquitetônico muito usado, até a década de 1940, em prédios comerciais, principalmente cinemas.

No Cine Santana, contudo, o motivo mais importante para a sua preservação está na sua história com a comunidade, não na arquitetura em si.

Que ele é um prédio com forte elemento afetivo para os moradores do bairro e adjacências, se pode ver em depoimentos como este, extraído de um jornal:

“O barbeiro Odilon de Moura, de 70 anos, diz que a reabertura do Cine Santana vai devolver-lhe as emoções da juventude. O cinema era o grande acontecimento de seus fins de semana. Com amigos, ele vinha de Monteiro Lobato até o bairro de Santana para assistir aos filmes de Mazzaropi, comer pipoca e namorar. ‘Vou voltar a frequentar esse cinema, sem sombra de dúvida’.” [5]

E ainda como comprovação da importância do prédio para integração da comunidade:

“O coordenador do Centro Cultural; Santana, Wangy Alves, afirma que a reabertura do Cine Santana teve uma repercussão muito positiva em São José dos Campos. Os moradores mais antigos da cidade já visitaram o prédio e sempre trazem novas histórias, fotos ou algum material ligado à memória da casa. ‘O grande momento desse processo foi a aproximação das pessoas que fizeram parte da história do cinema’, diz Alves.” [6]
Fonte: FCCR.

Bibliografia Utilizada:
ALBERNAZ, Maria Paula & Lima, Cecília Modesto. Dicionário Ilustrado de Arquitetura – Volume I – A a I. Pro Editores, São Paulo, 1997-1998, pág. 65.
OLIVEIRA, José Oswaldo Soares de (projeto editorial), FILHO, Urbano Reis Patto, DEMÉTRIO, Claúdia Maria Cruz e OLIVEIRA, João Batista de.Sant’Anna – São José dos Campos – evolução histórica e diretrizes urbanas Fundação Cultural Cassiano Ricardo, São José dos Campos, 1999, pp. 33-106.
Projeto institucional de História Oral – Fundação Cultural Cassiano Ricardo desenvolvido por Antonio Carlos Oliveira da Silva, Maria Luísa Moreira e Rosângela Paes Leme, São José dos Campos, Fundação Cultural Cassiano Ricardo, 28/05/1999, pág. 1.
Antigas salas de cinema renascem no interior. Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 17/01/99.
Reabertura reúne pioneiros em São José dos Campos. Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 17/01/99.

Notas:
[1] Capítulo realizado utilizando informações do livro Sant’Anna – São José dos Campos – evolução histórica e diretrizes urbanas, OLIVEIRA, José Oswaldo Soares de (projeto editorial), FILHO, Urbano Reis Patto, DEMÉTRIO, Claúdia Maria Cruz e OLIVEIRA, João Batista de. Fundação Cultural Cassiano Ricardo, São José dos Campos, 1999, pp. 33-106.

[2] Idem, Ibidem, pág.46.

[3] Albernaz, Maria Paula & Lima, Cecília Modesto. Dicionário Ilustrado de Arquitetura – Volume I – A a I. Pro Editores, São Paulo, 1997-1998, pág. 65.

[4] Projeto institucional de História Oral – Fundação Cultural Cassiano Ricardo desenvolvido por Antonio Carlos Oliveira da Silva, Maria Luísa Moreira e Rosângela Paes Leme, São José dos Campos, Fundação Cultural Cassiano Ricardo, 28/05/1999, pág. 1.

[5] Antigas salas de cinema renascem no interior. Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 17/01/99.

[6] Reabertura reúne pioneiros em São José dos Campos. Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 17/01/99.

Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.

Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.

Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.

Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.

Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.

Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.

O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.

Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.

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