São José dos Campos – Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada


Imagem: Rede social da instituição

O Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada foi tombado pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.

COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada
Outros Nomes: Instituto Maria Imaculada
Localização: R. Maj. Antônio Domingues, n° 190 – Centro – São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: Lei nº 6721/04

Descrição: Bem de 1933/1949.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: Desde as primeiras décadas do século XX, as pensões foram elementos fundamentais do projeto sanatorial em São José dos Campos. Isso porque cobriam as lacunas deixadas pelos grandes sanatórios (iniciados em 1924), cujos custos estavam acima das condições econômicas da maioria dos doentes e que muitas vezes não tinham vagas (principalmente nas alas gratuitas).

As pensões praticavam valores mais baixos, mas ofereciam pouca infraestrutura para o tratamento da doença. Em 1930, o Departamento de Saúde de Guaratinguetá, responsável pela fiscalização sanitária da região, emitiu um comunicado a várias pensões, informando que essas seriam fechadas se não fossem modificados vários de seus procedimentos. Devido à importância que tinham para o município, o presidente da Câmara Municipal enviou um pedido para o Departamento de Saúde para que relevasse as irregularidades desses estabelecimentos. [1]

Em 1927, foi fundada na praça Afonso Pena n°14-A a “Pensão das Moças”, a qual, dois anos depois, transferiu-se para o n°12 da mesma praça.

A pensão era de propriedade da Sra. Dulce Rodrigues dos Santos, filha do Dr. Brasílio Rodrigues dos Santos, advogado, professor e político, e da Sra. Helena Herold Rodrigues. Dulce formara-se professora, em 1919, pela Escola Normal Caetano de Campos e, após formar-se, ali lecionara até 1922. Naquele ano, fora diagnosticado que havia contraído a tuberculose. Em função da doença, viera para São José dos Campos, acompanhada de sua mãe. Tinha 21 anos.

A ideia inicial por trás da instalação de uma pensão era a de possibilitar a manutenção da jovem em São José dos Campos. No entanto, seu propósito logo passou a ser o de manter as moças doentes de tuberculose dentro do “caminho da fé”. Para tanto, iniciou-se a formação de moças que mais tarde seriam as primeiras freiras da Irmandade Maria Imaculada.

O projeto ampliou-se, sendo alugada outra casa, na Rua Humaitá, n° 19, para moças jovens e pobres que tivessem tuberculose, sob a denominação de “Asilo Santa Teresinha”.

Em 1932, essa instituição, que se configurava como um pequeno sanatório em regime de semi-internato, passou a receber subvenção dos governos estadual e municipal, os quais lhe enviavam doentes.

Em 1933, iniciou-se a construção do que viria a ser o Sanatório Maria Imaculada. No convite de inauguração enviado para a Prefeitura Municipal de São José dos Campos, a própria líder da Congregação expõe os motivos da construção desse novo sanatório:

“O referido Instituto creou e mantem nesta cidade um Pequeno Sanatório para moças tuberculosas (…). Apezar de funccionar em predios inconfortabilissimos e muito pequenos, tem abrigado um sem numero de doentes, desamparados que aqui vem em busca do clima, (…), e as mais das vezes para aqui encaminhados pelas autoridades do logar, que não conta com outro estabelecimento de assistência gratuita.

Afim de dar maior eficiencia e amplitude á Obra, (…), o Instituto conseguiu construir nesta cidade, á rua Antonio Domingues, 42, um prédio moldado nas mais modernas exigências da architectura hospitalar, planta e local approvados pela Hygiene estadoal e municipal, (…).”[2]

Em 1934, Dulce e o grupo de moças que com ela trabalhavam formaram uma congregação, recebendo o hábito religioso e a denominação de “Pequenas Missionárias de Maria Imaculada”.  Dulce passou a chamar-se, então, Madre Maria Tereza de Jesus Eucarístico. Essa congregação ainda hoje mantém Serviços sócio-hospitalares e atividades filantrópicas espalhados por vários estados do Brasil” [3], e também no exterior.

O Sanatório Maria Imaculada foi inaugurado em 1935, tendo recebido, para o término das obras, subvenção da Assistência Social de São Paulo. Em janeiro do mesmo ano, recebeu isenção de impostos do Governo Municipal[4]. Em 1935 foi construído o Pavilhão Santa Terezinha para enfermas, religiosas ou laicas, seguido, em 1936, da construção da Capela, em anexo ao pavilhão feminino. Um pavilhão médico-cirúrgico foi erguido em 1942, a chamada Casa das Irmãs em 1948, o Pavilhão Cura D’Ars entre 1944 e 1948 e, por fim, a clausura em 1949.

Uma característica peculiar deste sanatório foi o Pavilhão Cura D’Ars. Projetado em 1944, já identificado como existente em projeto de 1949, destinava-se ao abrigo de sacerdotes sãos (pavimento inferior) e doentes (pavimento superior) de qualquer moléstia, algo que o diferenciava dos demais sanatórios da cidade e demonstrava o compromisso da ordem com a Igreja Católica.

Além do Sanatório Maria Imaculada, as Pequenas Missionárias de Maria Imaculada criaram duas outras obras na cidade, a Casa Santa Inês (1933), para abrigar filhos sãos de pais tuberculosos, e a Escola de Enfermagem “Dom Epaminondas”, inicialmente gratuita, com professores voluntários. Além disso, a ordem gerencia outro antigo sanatório, o Sanatório Antoninho da Rocha Marmo (1952).

Na década de 1970, com a ligação da Avenida São José com a Rua Luiz Jacinto, parte da área do Sanatório Maria Imaculada foi reduzida (onde havia a horta). Na mesma época, um trecho da Avenida São José recebeu a denominação de “Av. Madre Tereza”.

O sanatório sofreu pequenas alterações em 1978, apresentando-se até 1998 (de quando são as últimas informações disponíveis) com as mesmas características arquitetônicas. Atualmente está sendo utilizado como abrigo residencial para senhoras idosas.
Fonte: FCCR.

[1] Fundo Gabinete do Prefeito, Série Correspondências Expedidas, 10/11/1924. O documento referido encontra-se em anexo, denominado Anexo I.

[2] Fundo Gabinete do Prefeito, Série Correspondências Recebidas, Ano 1935, Número 260.

[3] BITTENCOURT, Tânia. Arquitetura Sanatorial.

[4] Fundo Gabinete do Prefeito, Série Correspondências Expedidas, 12/1/1935.

Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.

Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.

Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.

Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.

Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.

Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.

O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.

Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.

MAIS INFORMAÇÕES:


Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *