São José dos Campos – Sanatório Vila Samaritana


Foto: Frederico Papali – Fonte: Papali, Cunha, Zanetti

O Sanatório Vila Samaritana foi tombado pela Prefeitura Municipal de São José dos Campos-SP por sua importância cultural para a cidade.

COMPHAC – Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da cidade de São José dos Campos-SP
Nome Atribuído: Sanatório Vila Samaritana
Localização: R. Paraibuna, n° 75 – Centro – São José dos Campos-SP
Resolução de Tombamento: EP-2 Lei Complementar nº 169/98

Descrição: Bem de 1929.
Fonte: Prefeitura Municipal.

Descrição: A Vila Samaritana se insere na história de São José dos Campos dentro da chamada Fase Sanatorial (1900 – 1950). Durante um longo tempo (séc. XIX e início do XX), a cidade passou por dificuldades, já que não produzia, de maneira organizada e com capacidade de expansão, mercadorias que se inserissem no mercado exportador.

Com a tese médica de que o ar da cidade era apropriado ao tratamento da tuberculose, proposta desde o século XIX, São José dos Campos, a partir da primeira década deste século, passa, conjuntamente com Campos do Jordão, a abrigar doentes de tuberculose. Muitas histórias negativas são relatadas desta época: o medo da doença por parte da população local, o uso de lenços no nariz por pessoas que passavam de trem pela região, temerosas do contágio, etc. No entanto, vários doentes de tuberculose que para aqui vieram permaneceram na cidade depois da cura, passando a fazer parte integral de sua vida:

“Muita gente que se encontra passeando, frequentando os bares, os bailes ou as reuniões, é ou já foi tuberculosa. Gente gorda, rosada às vezes, andando com desembaraço, é apontada como curada da doença. Outros iludem a si e a todos.” (Ilha da Esperança, 1947, pág. 25)

A Vila Samaritana foi o segundo sanatório a ser construído na cidade. Foi o único a ser gerenciado por uma instituição evangélica e o primeiro a receber pacientes gratuitamente. Sua construção iniciou-se em 1929, mas só foi inaugurado em 1934. Foi construído pela Associação Evangélica Beneficente (AEB), estando à sua frente o Reverendo Otoniel de Campos Mota, que tinha uma filha com tuberculose.

A AEB, sediada em São Paulo, foi a primeira instituição evangélica do país a prestar assistência a tuberculosos pobres. Recebia verbas das instituições religiosas (que deixavam a cargo da instituição as obras de caridade) e de pessoas físicas e subvenções do Estado. Com o tempo, passou a incorporar outras associações beneficentes, de mesmas características, mas com atuação local. O Sanatório Vila Samaritana, seu primeiro projeto, possibilitou o crescimento da instituição (que há alguns anos contava com 600 funcionários e vinte departamentos).

A ideia inicial da construção da Vila Samaritana era que o local fosse um terreno com casas, onde os doentes pudessem morar junto com seus familiares. Desta forma, o doente não se sentiria abandonado e a presença da família auxiliaria no tratamento. Num primeiro momento foram admitidos cinco doentes, o número máximo comportado pelas casas.

De 1929 até 1969, foi sofrendo várias ampliações, com novos prédios como o pavilhão cirúrgico, o pavilhão médico, o administrativo, a capela, etc.

Em 1929, decidiram reorganizar a Vila Samaritana, quando se deram conta de que o projeto inicial exigiria enormes gastos para manter poucos pacientes. Decidiu-se então construir um prédio amplo, um sanatório. Neste ano, tiveram início as obras e, em 1934, foi inaugurado o novo pavilhão. Este possuía capacidade para 17 doentes, possuindo 7 quartos, galeria de repouso, banheiros, refeitório, cozinha, três pequenas casas e suas instalações. Inicialmente com 5.400 m², foi adquirindo, ao longo de sua existência, novos terrenos, chegando em 1940 a possuir 33.000 m².

Como uma instituição evangélica, os seus pacientes eram vistos como partes de uma comunidade, e portanto, com um tratamento diferenciado das outras instituições. Eram realizadas cerimônias religiosas constantes e nos domingos haviam aulas dominicais realizadas no refeitório, que era o espaço das reuniões sociais. A conversão de pacientes de outras visões religiosas para a evangélica, era uma preocupação constante, embora não de maneira impositiva. No entanto, havia uma organização da vida social neste sentido.

Enquanto instituição beneficente e religiosa, também possuía um corpo técnico de características distintas. Muitos de seus funcionários eram ex-pacientes da VILA, que ao invés de voltar para suas respectivas cidades, ficavam para auxiliar nos trabalhos do sanatório. O próprio gerente, Humberto Bídoli, foi um dos cinco primeiros pacientes da VILA.

Sua arquitetura reflete a função a que lhe foi reservada. Como a própria A.E.B. definiu num artigo de um de seus diretores, prédios suntuosos implicariam em gastos que poderiam ser usados na manutenção do trabalho. Como vivia de doações, as verbas tinham que ser direcionadas para seus objetivos específicos. Ao mesmo tempo, possuíam uma estrutura administrativa, que visava a racionalização e organização do trabalho em moldes modernos para a época. Estes incluíam a separação das funções religiosas, médicas e administrativas propriamente ditas.

A partir do final da década de 50, diante das técnicas de cura utilizadas (penicilina – 1928 e estreptomicina utilizada a partir de 1947) e a revisão da questão do clima no tratamento de tuberculose, os sanatórios foram perdendo gradativamente a importância. A própria instituição passou a procurar novas funções para a VILA SAMARITANA. A proposta da instituição era de lá instalar um Hospital de Idosos. No entanto, em 1967, é aprovada a desapropriação do prédio para fins de utilização do Instituto Valeparaibano de Ensino, atual UNIVAP.

Esteve em funcionamento por quarenta anos. Em 7 de novembro de 1967, a prefeitura desapropriou o terreno, para ser utilizado pela Fundação Valeparaibana de Ensino (FVE).
Fonte: FCCR.

Histórico do Município: As origens de São José dos Campos remontam ao final do século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados.

Os jesuítas voltaram anos mais tarde, estabelecendo-se em uma planície a 15 quilômetros de distância, onde hoje está a Igreja Matriz de São José, no centro. Este núcleo, que deu origem à cidade, tinha clima agradável e ficavam numa posição estratégica em caso de invasões. Novamente a missão passava aos olhares externos como fazenda de gado. Nesse período, a aldeia apresentou sérias dificuldades econômicas por causa do grande fluxo de mão de obra para o trabalho nas minas.

Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, e todas as posses da ordem confiscadas por Portugal. Na mesma época, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, assumiu o governo de São Paulo, com a incumbência de reerguer a capitania, mera coadjuvante num cenário em que Minas Gerais se destacava pela atividade mineradora. Uma das primeiras providências foi elevar à categoria de vila diversas aldeias, entre elas São José, com o objetivo de aumentar a arrecadação provincial.

Mesmo antes de se tornar freguesia, a aldeia foi transformada em vila em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba. Foram erguidos o pelourinho e a Câmara Municipal, símbolos que caracterizavam a nova condição. Entretanto, a emancipação política não trouxe grandes benefícios até meados do século 19, quando o município passou a exibir sinais de crescimento econômico, graças à expressiva produção de algodão, exportado para a indústria têxtil inglesa.

Depois de ocupar posição periférica no período áureo do café no Vale do Paraíba, São José dos Campos ganhou destaque nacional na chamada fase sanatorial, quando inúmeros doentes procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Gradativamente já estava sendo criada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas.

Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país. Somente em 1935, com os investimentos do governo de Getúlio Vargas e a transformação do município em estância climatérica e hidromineral, o município pôde investir em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico, que no futuro viria a ser um trunfo a mais para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial.

Entre 1935 a 1958, a cidade foi administrada por prefeitos sanitaristas, nomeados pelo governo estadual. A autonomia para eleger o prefeito foi perdida em 1967, durante o regime militar, e reconquistada em 1978.

O processo de industrialização da de São José dos Campos tomou impulso a partir da instalação, em 1950, do então Centro Técnico Aeroespacial (CTA) – hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) – e inauguração da Via Dutra, em 1951. Nas décadas seguintes, com a consolidação da economia industrial, a cidade apresentou crescimento demográfico expressivo, que também acelerou o processo de urbanização.

Nos anos 90 e início do século 21, São José dos Campos passou por um importante incremento no setor terciário. A cidade é um centro regional de compras e serviços, com atendimento a aproximadamente 2 milhões de habitantes do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Fonte: IBGE.

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Papali, Cunha, Zanetti


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