São Paulo – Chácara dos Fontoura


Imagem: Jesus Matias de Melo

A Chácara dos Fontoura, em São Paulo-SP, também chamada Chácara Biacica, foi tombada por sua importância cultural.

CONPRESP  – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo
Nome atribuído: 
Chácara dos Fontoura
Outros Nomes: Chácara Biacica

Localização: Estrada da Biacica, nº 756 – Itaim Paulista – São Paulo-SP
Resolução de Tombamento: Resolução 16/94

Descrição: A “Chácara Biacica”, onde se encontra a Capela Biacica é uma das únicas áreas verdes que ainda existem no Itaim Paulista. Às margens do Rio Tietê, a Chácara permanece como um registro do passado, do que foram, um dia, as terras do Itaim Paulista.
Mas se a existência desta Chácara no Itaim Paulista é um marco de sua história, por outro lado é um exemplo do descaso com relação ao Patrimônio Histórico na periferia de São Paulo. O referido patrimônio trata-se de uma Capela, construída de taipa de pilão no século XVII. O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, atendendo à solicitação do então proprietário da chácara, encaminhou uma comissão de visita para registrar a existência da Capela. No relatório de visita, que data de 20 de julho de 1925, encontramos relatos de sua origem:
“A paragem de Biacica, até então devoluta e deshabitada, foi concedida por sesmaria em 1611, a Domingos de Góes, também sesmeiro, (…) terrenos estes que em 1621 já se achavam em poder dos frades carmelitanos de São Paulo, segundo declaração divulgada por essa ordem religiosa em 1869 (…).”
A partir do ano de 1925, a Capela passou pelas mãos de alguns proprietários de terras do Itaim Paulista. A Capela manteve-se intacta até o ano de 1935, quando Léven Vampré, seu então proprietário, tornou-a parte da casa sede de sua propriedade. É também deste período a escultura de uma índia em bronze, denominada “Bartira”, de autoria de João Batista Ferri. Nela está inscrita o ano de 1936. O escritor e poeta Mário de Andrade após visitar Capela a denominou de Edifício Coleção :
“Se é certo que se tem a impressão de estar em casa libertinosamente de campo e ao mesmo tempo numa capela, o riquíssimo material reunido é tão bonito que não chega a se verificar o desacerto da mistura. Quase agrada, e as revoltas são mais de raciocínio do que de sensação”.
Outros empresários tiveram a posse da Chácara Biacica até que a mesma foi tombada pelo Departamento de Patrimônio Histórico, da Prefeitura de São Paulo, em 10 de novembro de 1994, mantendo-se ainda hoje como propriedade particular.
A chácara nos traz a sensação de um passado distante, como se estivéssemos entrando no “túnel do tempo”, mas também a triste constatação do abandono e esquecimento. Algumas crianças atravessam a cerca da Chácara para brincar nos campos de várzea, ainda existentes…
No documento que tomba a Chácara Biacica e sua capela, ressaltou-se a importância ambiental da Chácara dos Fontouras, localizada às margens do Rio Tietê (…). É fácil observar a gravidade das ameaças que pairam sobre o cinturão meândrico do Rio Tietê, justamente onde se acha situado o bem (…). Constitui um dos raros locais daquela parte da cidade provida de massa arbórea de certa expressão (…) peculiaridade essa que levou a cogitar sua desapropriação desde ao menos 1988, com o objetivo de transformá-lo numa área de lazer para os moradores das imediações, tão carentes desse tipo de equipamento. Também do ponto de vista histórico-arquitetônico, e mais especificamente, artístico e documental (…), a sede da Chácara dos Fontouras constitui curiosa simbiose arquitetônica, onde se acham associados os restos de uma antiga capela de taipa, com características planimétricas típicas da mais pura tradição luso-brasileira, e uma residência semi-urbana, construída na década de 30, com típicas linhas arquitetônicas neocoloniais.(…)
Fonte: Rosalina Burgos.

Descrição: Com arquitetura de estilo luso-brasileira, a antiga sede da Biacica projeta cenas da chegada dos portugueses a São Paulo no ano de 1532 e a catequização dos índios pelos jesuítas, em 1554. Desenhados sobre azulejos portugueses, os dois painéis são assinados por Carlos Mancini, do Liceu de Artes de Oficio de São Paulo. No alto da porta principal, de madeira de lei e 3 metros de altura, está gravada a data de 1682 e há espaço para dois oratórios. Em outra porta, também de madeira de lei, há um azulejo português com dizeres de boas-vindas.
Pelos registros históricos, a Ordem de Nossa Senhora do Carmo manteve a capela construída no século 17. No século passado, quando o imóvel pertencia à família Fontoura, foram erguidos varanda e cômodos ao redor da edificação. Defronte da entrada principal da sede da fazenda havia uma estátua de bronze da índia Bartira olhando para o casarão e de costas para uma piscina (aterrada para evitar acidentes). A estátua, porém, foi levada durante ocupação irregular da fazenda.
Tombado pelo Iphan em 1994, o casarão está com projeto de restauro em elaboração e tem recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), informa Marta. Após finalização e aprovação do projeto, terá início o trabalho de restauração. Enquanto isso, o local fica sem acesso ao público. Quando a revitalização predial estiver concluída, será possível instalar as salas destinadas a atividades culturais para a comunidade. Há também projeto de restauro da churrasqueira de pedra e das luminárias antigas.
Fonte: Claudeci Martins.

CONJUNTO:
São Paulo – Chácara dos Fontoura
São Paulo – Escultura Bartira [DESAPARECIDA]

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Rosalina Burgos
Jesus Matias de Melo
Claudeci Martins


3 comments

  1. EVANEIDE |

    MEU DEUS QUE HISTORIA INTERESSANTE E NOSSA HISTORIA ESTA SE PERDENDO ESTA SENDO APAGADA, SOU MORADORA A 30 ANOS E NUCA SOUBE DESTA HISTORIA. QUE TRISTE NAO CONHECER OS QUE ANTEDECEDERAM A VOCE.

  2. Roberto Lao |

    Infelizmente, moramos num país sem memória, que não é novidade. Perder uma referência destas não é como algo que está em extinção, um pássaro que está sem futuro. Perder uma memória como a arquitetura demolida, desprezada não tem como pegar umas sementes e tentar reproduzir em laboratório. Uma grande pena.

  3. Que linda história, eu fiz uma visita a esse local… muito lindo. Espero que em breve a capela e os outros edifícios estejam abertos ao público.

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